As novas fábricas de automóveis que serão construídas até 2015 e a ampliação das já existentes vão adicionar ao mercado brasileiro uma capacidade produtiva similar a do Canadá, de 2 milhões de veículos ao ano. Apesar do significativo número de novas marcas que chegarão ao
País, como as chinesas Chery e JAC, metade desse volume virá dos
projetos de expansão das quatro maiores fabricantes atuais.
Fiat, Ford, General Motors e Volkswagen prometem adicionar quase 1
milhão de automóveis com ampliação de suas linhas ou construção de novas
fábricas. Diante da ameaça asiática, as montadoras veteranas vão se
esforçar para garantir suas posições no mercado brasileiro, um dos mais
cobiçados no setor automobilístico mundial pelo fato de continuar
crescendo em meio a uma crise global, ainda que mais lentamente. A indústria local tem capacidade para produzir 4,3 milhões de
automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus por ano, segundo a
Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
Com os projetos já anunciados, esse potencial vai a 6,3 milhões,
dependendo da quantidade de turnos de trabalho em cada fábrica. Um
crescimento de 46,5%.
A estimativa das fabricantes e das empresas de consultoria é de um
mercado doméstico de 4 milhões de veículos em 2014, chegando a 5 milhões
em 2018 e 6 milhões em 2020, incluindo importados. Grande parte dos
planos anunciados vislumbra o consumo interno e alguma exportação a
países da América do Sul. Somente as associadas à Anfavea têm planos de investir US$ 21 bilhões
nos próximos cinco anos (média de US$ 4,2 bilhões por ano), bem acima da
média de 2007 a 2010 (US$ 2,9 bilhões) e da fase anterior, de 2004 a
2006, quando foram investidos apenas US$ 1,2 bilhão por ano.
Para o especialista em indústria automobilística e presidente do Lean
Institute, José Roberto Ferro, apesar de toda a competição dos últimos
anos com a chegada de novas marcas, as quatro grandes montadoras
continuam dominando o mercado e a tendência é de que não ocorram
mudanças significativas nessa lista. "Nos próximos cinco anos não vai mudar nada, e as quatro grandes
continuarão na frente", avalia Ferro. Segundo ele, além de ampliar
capacidade produtiva, essas companhias têm rede de distribuição por todo
o País.
Ferro admite, entretanto, que a fatia do grupo no bolo de vendas possa
ser menor que a atual. Hoje, Fiat, Volkswagen, GM e Ford detêm 67% das
vendas totais de carros novos, participação que era de 85% em 2000.
Espaço. As novatas que chegam para dividir ainda mais o
bolo do mercado brasileiro, quarto maior do mundo, atrás de China, EUA e
Japão, são as chinesas Chery, JAC, Lifan e Great Wall, a coreana
Hyundai, a japonesa Suzuki e talvez a alemã BMW. "Um mercado como o nosso atrai todo o mundo, e certamente haverá uma
divisão maior na participação do mercado de cada marca, mas há espaço
para todos", diz André Beer, ex-dirigente da GM do Brasil e sócio da
André Beer Consult & Associados.
Com dinheiro em caixa e seguindo desafio da matriz alemã de fazer do
grupo o maior do mundo até 2018, a Volkswagen do Brasil vai decidir nos
próximos meses se amplia uma das três fábricas (São Bernardo, Taubaté ou
São José dos Pinhais) ou se constrói mais uma filial. O grupo tem capacidade para produzir 3,5 mil carros por dia e vai
ampliar para 4 mil a 4,5 mil, diz o presidente da VW do Brasil, Thomas
Schmall. O plano de investimento de R$ 8,7 bilhões para 2010-2016 será
reforçado.
As japonesas Toyota e Nissan também terão mais uma fábrica cada, respectivamente em Sorocaba (SP) e Resende (RJ).
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