sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Por que Deus ama barbas?

Sempre despertou minha curiosidade o fato de os os talibãs e outros muçulmanos ditos "fundamentalistas" (acho mais apropriado chamá-los de "ortodoxos"), os judeus ortodoxos, os membros da igreja ortodoxa (gregos e russos), e outros, usarem vastas barbas. O artigo abaixo traz informações interessantes sobre isso.

Um pequeno grupo de renegados da seita Amish fez um gesto criminoso, cortando à força a barba de seus inimigos. Muitas religiões, incluindo o siquismo (ou sikhismo), o islamismo, e seitas do judaísmo, encorajam ou exigem que seus homens tenham barba. Jesus Cristo é geralmente, ou sempre, apresentado com barba. Por que Deus gosta tanto de barba?

Porque é viril. Embora barbas apareçam repetidamente em textos religiosos, Deus nunca nos diz explicitamente que elas são tão sagradas. Na ausência de qualquer explicação divina, muitos teólogos têm postulado que uma face barbada é um símbolo de masculinidade conferido aos homens por Deus. São Clemente de Alexandria, que estava entre os mais enfáticos proponentes desse conceito, argumentava: "Mas, para alguém que é um homem, pentear-se e barbear-se com uma navalha, visando um efeito refinado, arranjar seu cabelo ao espelho, que feminilidade! E, na realidade, a menos que os veja nus você suporia que eram mulheres". Santo Agostinho apoiou a caracterização de São Clemente, observando que "A barba significa o corajoso; a barba caracteriza os homens maduros, os zelosos, os operantes, os vigorosos. Assim, quando nos referimos a isso, dizemos, ele é um homem barbado".

No entanto, a barba cedo perdeu status entre os clérigos, e os homens santos cristãos foram proibidos de ter pelo no rosto durante vários séculos, antes que a proibição fosse relaxada na Renascença. No mundo de hoje, protestantes e católicos são mais propensos a seguir a tendência que prevaleça quanto à aparência do rosto, enquanto os cristãos ortodoxos permanecem fieis à visão bíblica pró-barba.

Os eruditos muçulmanos há muito argumentam sobre a importância da barba. Alguns vêem o barbear como haram, i.e proibido, porque o profeta e seus seguidores imediatos usavam barba. Outros argumentam que barbear-se é meramente makruh, i.e indesejável, porque não há proibição específica no Corão quanto a isso. Como no cristianismo, vários teólogos consideram que a barba é sagrada porque é parte da distinção feita por Deus entre o homem e a mulher. Um estudioso paquistanês observa que "os profetas de Alá mantinham barbas e expressavam seu apego a isso porque está entre as normas da natureza humana. É uma expressão de virilidade e, como tal, um sinal que distingue homens e mulheres".

Manter uma barba longa é um dos principais dogmas ou atos de fé do sikhismo, e aqui novamente há indicações de que o mandamento está relacionado com a masculinidade.  Sant Jarnail Bhindranwale, um polêmico militante sikh indiano, argumenta: "Se vocês não querem barbas devem então exigir ou insistir para que as mulheres se tornem homens, e vocês deveriam tornar-se mulheres".

Várias comunidades hindus fazem com que seus homens se barbeiem, como parte de rituais religiosos, e estudiosos interpretam esse ato como um retorno do participante a uma condição infantil, sem cabelo ou gênero. O indivíduo recém-barbeado é proibido de fazer sexo durante um período determinado. -- Esses grupos não barbeiam os homens como parte do rito de casamento. -- Ascetas que se mantêm permanentemente sem pelos desistem inteiramente de fazer sexo.

Como acontece com outras religiões de praticantes barbados, parece que os Amish usam barbas como sinal de virilidade, masculinidade, e os ataques recentes -- como os citados no início do artigo -- são consistentes com a antiga tradição judaico-cristã de barbear um inimigo à força para tirar-lhe a virilidade, para "castrá-lo". Os amonitas humilharam os emissários do rei David barbeando-os. No Livro dos Juízes, Sansão perde sua força quando seu cabelo é cortado -- ele perdeu todo o cabelo de sua cabeça, não apenas sua barba.

A masculinidade não é a única explicação proposta para o fato de grupos religiosos favorecerem ou exigirem o uso de barba. Algumas comunidades mantêm a barba para se diferenciarem de vizinhos que não são crentes. Exemplos de arte antiga do Oriente Próximo retratam os israelitas barbados, enquanto os odiados filisteus são apresentados imberbes. Há estudiosos muçulmanos que consideram que o profeta usou uma barba para diferenciar-se dos cristãos.


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