Os acidentes de trânsito deixaram 40.610 mortos no país em 2010, média de 111 por dia e uma alta de 8% sobre o ano anterior, informa Alencar Izidoro. É o maior número em 15 anos, segundo o Ministério da Saúde. -- [O trânsito no Brasil mata mais que as guerras do Iraque, Afeganistão e Líbia juntas, o problema cresce a cada ano e o governo mostra-se absolutamente incapaz e incompetente para resolvê-lo ou reduzí-lo drasticamente. Não me lembro de um presidente, governador e prefeito sequer que tenha manifestado publicamente preocupação com isso!]
Pelas estatísticas recém-compiladas pelo governo federal, 111 pessoas morreram por dia em acidentes em 2010, 8% mais que no ano anterior. Em dois dias, é suficiente para superar a quantidade de vítimas da queda do Airbus da TAM em 2007, maior tragédia da aviação brasileira.
As internações hospitalares de vítimas do trânsito também subiram -- 15% -- , beirando 146 mil no ano.
A escalada de mortes havia sido interrompida em 2009, primeiro ano completo após a Lei Seca, quando houve queda inédita na década. No ano seguinte, a quantidade superou patamares anteriores. "Há uma verdadeira epidemia de lesões e mortes no trânsito", diz Alexandre Padilha, ministro da Saúde. A pasta atribui a elevação principalmente ao aumento (12%, em 2010) da frota de motos. Pelo segundo ano, as mortes de motociclistas superaram inclusive as de pedestres, sendo líder entre todos os tipos de vítimas cujos detalhes são conhecidos.
O ministério também diz que, ao longo dos anos, houve "melhoria estatística" -- de casos que antes eram subnotificados. Porém, diz Padilha, só isso não justificaria as 3.016 mortes a mais de 2010 em relação ao ano anterior.
O balanço do ministério foi apresentado no Rio, no 18° Congresso Brasileiro de Transporte e Trânsito, realizado pela Associação Nacional de Transportes Públicos. Técnicos incluem, entre as explicações para a alta do número de vítimas, um provável relaxamento da Lei Seca.
O ministro reconhece que '"há evidências de que é preciso intensificar" esse controle, porque a embriaguez é uma das principais causas de acidentes. Mas alega ser uma atribuição dos Estados. - [É impressionante e revoltante a frequência com que esse jogo de empurra é utilizado pelos governos, principalmente federal e estaduais, quando o assunto é chato de resolver e, como no caso, esbarra no mais das vezes no tipo relapso de Justiça que temos no país e na corrupção que livra a cara de assassinos do volante. Sob qualquer ângulo, porém, é impossível livrar o governo federal de culpa nesse cartório.].
Especialistas também elencam ações sob a responsabilidade do governo federal. Em 2009, por exemplo, uma lei sancionada pelo presidente Lula regulamentou a profissão de mototaxista. A medida foi criticada por boa parte dos técnicos, pela avaliação de que estimularia esse tipo de transporte. O governo também é criticado por incentivos à produção e venda de motos, e pelo congelamento da arrecadação com multas de trânsito (que deveria ser investida em prevenção de acidentes).
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