O presidente sírio preveniu as potências estrangeiras, especialmente as ocidentais, que um provável "sismo" sacudiria o Oriente Próximo no caso de uma intervenção na Síria. Em uma entrevista ao Sunday Telegraph, Assad, que enfrenta uma insurreição há sete meses, afirma que seu país "é completamente diferente do Egito, da Tunísia, ou do Iêmen". - "A história é diferente, e a política é diferente", acrescenta Assad, que aplica aos seus oponentes uma repressão sangrenta condenada pela ONU, pela Liga Árabe, e pelos governos ocidentais.
O chefe de Estado sírio observa que os países ocidentais "querem fazer aumentar a pressão", mas lembra que a Síria é "de agora em diante um elemento central na região. Existe uma linha de fratura, e se vocês jogarem com a Terra correm o risco de provocar um terremoto", afirma ele. "Querem ver um novo Afeganistão, ou mesmo uma dezena de Afeganistões? A Síria não hesitará em incendiar toda a região. Se a ideia é dividir a Síria, isso resultará em dividir toda a região".
Essa declaração surge na véspera de um encontro entre os ministros da Liga Árabe e dirigentes sírios em Doha, capital do Qatar, para tentar estabelecer um diálogo entre o governo de Damasco e os opositores. Quando da reunião prevista para hoje, domingo, os representantes sírios deverão levar a resposta de Damasco às demandas formuladas pelos ministros da Liga Árabe numa reunião realizada na quarta-feira em Damasco com Assad.
Segundo o influente diário kuaitiano Al-Qabas, a Liga advertiu que seria inevitável uma intervenção estrangeira se fracassasse a mediação para deter a violência. Citando fontes árabes bem informadas, o Al-Qabas afirma que "se uma solução árabe fracassar ... a Síria deverá contar com uma intervenção estrangeira e um embargo econômico". A delegação da Liga Árabe pediu ao presidente Assad que se engaje em um calendário preciso de reformas, que aceite uma reunião de representantes do regime com a oposição, no estrangeiro, e a cessação da violência, diz o jornal.
Várias manifestações ocorreram hoje, domingo, na Síria em resposta ao apelo lançado pelo militantes pró-democracia por uma mobilização para exigir o congelamento da adesão da Síria à Liga Árabe. "As milícias do presidente Assad nos matam há oito meses. Nos matam e nos esmagam sob os obuses. E vocês, os árabes, presos a discursos, o que fazem?", escreveram os militantes na página "Syrian Revolution 2011" do Facebook, apelando à mobilização sob o slogan "Congelar a adesão. Cessem seu apoio aos assassinos".
Segundo as estimativas da ONU, cerca de 3.000 pessoas -- das quais 200 são crianças -- morreram desde o início do levante popular no mês de março. As autoridades sírias afirmam que os distúrbios são obra de grupos armados, que mataram 1.100 soldados e policiais.
As violências aumentaram nos últimos dias. Segundo a oposição, as forças de segurança sírias mataram pelo menos 50 civis no curso das últimas 48 horas, enquanto que desertores mataram pelo menos 30 soldados nos enfrentamentos ocorridos ontem (sábado) em Homs e na província de Ilib no norte do país.
Bachar Al-Assad reconhece que seu governo cometeu inúmeros erros no início da insurreição, mas estima que a partir de agora a situação está em vias de melhorar: "Seis dias após o começo das manifestações dei início a reformas. Quando começamos a anunciar as reformas, os problemas começaram a decrescer. A onda começa a refluir. As pessoas começam a apoiar o governo".
Manifestação em favor de Bachar Al-Assad, no centro de Damasco, em 26 de outubro. Desde o início da insurreição em março, o governo sírio organiza contramanifestações em seu apoio (Foto: Reuters/Khaled Al-Hariri).
A posição extremamente estratégica da Síria dificulta enormemente uma intervenção armada estrangeira no país (Foto: Google).
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