O número recorde de jovens e idosos no mundo traz grandes desafios para governos de países ricos e pobres, diz um relatório da ONU sobre crescimento mundial divulgado nesta quarta-feira. "Em alguns países pobres, as altas taxas de fertilidade minam o
desenvolvimento e acentuam a pobreza, enquanto nas nações mais ricas, a
preocupação é com a baixa fertilidade e o número reduzido de pessoas que
entram no mercado de trabalho", afirma o relatório Situação da População Mundial 2011, divulgado nesta quarta-feira pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA).
O estudo mostra que, tanto em nações ricas como pobres, o padrão de vida
dos idosos está totalmente ligado às tendências observadas entre a
população jovem. Em países pobres, por exemplo, jovens desempregados migram das zonas
rurais para as cidades ou para outros países onde as opções de emprego
são melhores. E acabem deixando para trás familiares idosos que muitas
vezes ficam sem o apoio que necessitam. Já em nações mais ricas, o número baixo de jovens implica em incertezas
sobre quem irá cuidar dos idosos no futuro e pagar benefícios como a
aposentadoria.
A população mundial, segundo a ONU, está crescendo a uma velocidade jamais vista e vai chegar a 7 bilhões no dia 31 de outubro.
Atualmente, as pessoas de 24 anos ou menos formam metade dos 7 bilhões
de habitantes (sendo que 1,2 bilhão tem entre 10 e 19 anos) do mundo.
Lidar com o alto índice de desemprego neste grupo é um dos grandes
desafios apontados pelo relatório. No auge da crise econômica, a taxa de desemprego global nessa faixa
etária chegou aos níveis mais altos já registrados: de 11,9% para 13%
entre 2007 e 2009. Em particular as mulheres jovens são as que encontram
maior dificuldade em encontrar emprego.
Em algumas regiões, o desemprego entre jovens é tão alto que acaba tendo
implicações sociais. Como exemplo, o relatório lembra que o alto índice
de desemprego entre jovens árabes – que chegou a 23,4% - teria agido
com uma espécie de fenômeno catalisador nas revoluções da chamada
Primavera Árabe.
Altas taxas de gravidez entre adolescentes também preocupam pelo seu
papel no crescimento desenfreado da população em determinadas regiões. O
problema é mais grave na África Subsaariana e na América Latina e
Caribe, de acordo com o relatório da ONU.
E ainda nos países pobres ou em desenvolvimento, deficiências no setor
da educação, mediante o atual ritmo do crescimento populacional, podem
criar sérias distorções sociais. O relatório cita como exemplo a Índia: "Geógrafos e cientistas sociais
estão céticos e questionam como tantos jovens vão estar prontos para
terem vidas produtivas em uma economia cada vez mais sofisticada e
complexa, quando mais de 48% das crianças indianas estão mal nutridas e
apenas 66% completam o ensino primário".
Em muitos países ricos, a grande preocupação vem no sentido oposto, no
encolhimento da população, que pode trazer sérias consequência para a
economia e para a sustentação da Previdência Social. A Finlândia, assim como outras nações europeias, o Japão e a Coreia do Sul, exemplificam bem esse problema. Lá, as mulheres ficam no mercado de trabalho por muito mais tempo,
adiando o casamento e a gravidez – ou mesmo decidindo por não ter
filhos. Para lidar com essa situação – que, segundo o relatório, talvez seja o
mais grave dos problemas sócio-econômico da Finlândia – o governo vem
investindo fortemente em programas para incentivar o aumento da
natalidade.
Envelhecimento
Segundo o documento da agência da ONU, atualmente há 893 milhões de
pessoas com mais de 60 anos no mundo. Até a metade deste século, este
número vai praticamente triplicar, chegando a 2,4 bilhões. A expectativa de vida média atual é de 68 anos, quando era de apenas 48
anos em 1950. O envelhecimento populacional está ocorrendo inclusive em
países onde a renda da população é considerada baixa ou média.
"Todos os países – ricos ou pobres, industrializados ou ainda em
desenvolvimento – estão vendo suas populações envelhecer em um grau ou
em outro", afirma o documento, acrescentando que o crescimento
populacional entre idosos será mais rápido que em outros setores da
população pelo menos até 2050.
Gráfico copiado da BBC Brasil.
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