A Força Aérea dos Estados Unidos anunciou na sexta-feira a compra de 20 aviões modelo A-29 Super Tucano fabricados pela Embraer, informam Agnaldo Brito e Patrícia Campos Mello em reportagem publicada na Folha deste sábado. É o primeiro contrato da brasileira com a Defesa americana. O avião deverá ser usado no Afeganistão. A íntegra do texto da reportagem, reproduzido a seguir, está acessível apenas a leitores e assinantes do jornal.
O valor do negócio é de US$ 355 milhões, o que inclui o fornecimento das aeronaves e do pacote de serviços, como treinamento de mecânicos e pilotos responsáveis pela operação do avião. Segundo Luiz Carlos Aguiar, presidente da Embraer Defesa e Segurança, a empresa mantém expectativas de vender mais 35 aviões, o que pode elevar o contrato à cifra de US$ 950 milhões.
Como impõem as regras de compras governamentais nos Estados Unidos, a Embraer teve de se associar a uma empresa local, a Sierra Nevada Corporation. Além disso, a empresa terá uma unidade fabril em solo americano. Aguiar informa que os equipamentos serão montados em uma fábrica na cidade de Jacksonville, na Flórida.
Pelo contrato, a Embraer terá 60 meses para entregar esse primeiro lote, prazo que começa a contar já em janeiro de 2012. O primeiro avião terá de ser entregue em 2013. Segundo o executivo da Embraer, a unidade de S. José dos Campos, no Vale do Paraíba (SP), ainda será responsável por produzir grande parte do avião. A montagem final será feita nos EUA.
Na área de defesa da Embraer trabalham hoje 1.436 pessoas, e a previsão é que o número seja ampliado para atender ao novo contrato.
Com esse pedido, a Embraer alcança 200 encomendas do modelo Super Tucano (desenvolvido pela [acho que o certo é para a] FAB em 1995 e exportado para vários países do mundo). Apenas 40 precisam ainda ser entregues (o que inclui o pedido da Força Aérea americana).
A Embraer disse que o negócio "será uma grande vitrine". "Esse é o primeiro contrato com a Força Aérea dos EUA. Esse é um item sensível no maior mercado de defesa do mundo. Muitos países vão olhar isso", disse Aguiar. [Esse executivo sabe muito bem que essa euforia é relativa, pois os EUA têm e já exerceram o poder de veto na venda de Super Tucanos, como já fizeram há poucos anos quando a Venezuela nos quis comprar esse avião para sua Força Aérea, sob a alegação de que o avião tem grande parte de, ou toda, sua eletrônica de borda feita por empresas americanas -- o surpreendente, como mostra a postagem sobre isso, é que quem acabou vendendo aviões militares para os venezuelanos foi a China!]
A empresa brasileira disputou com uma concorrente americana, a Hawker Beechcraft, que se associou à fabricante do F-16, a Lockheed Martin -- a mesma que participa da disputa no Brasil para o fornecimento dos caças à FAB (Força Aérea Brasileira). [Haveria alguma jogada de bastidores nisso?...]
O contrato, em negociação há um ano, gerou resistências, principalmente entre congressistas do Kansas, Estado-sede da Hawker. Pedidos de investigação internacional para apurar eventual subsídio do Brasil à Embraer foram cogitados. A avaliação é que um contrato dessa magnitude (em momento de crise econômica) e um setor tão sensível não podem chegar às mãos de uma empresa estrangeira.
Além disso, uma investigação sobre violação da Lei Anticorrupção sobre a Embraer feita pela SEC (que fiscaliza o mercado de capitais americano) chegou a ser apontada como eventual impedimento. Aguiar, da Embraer, disse que em nenhum momento questões relacionadas ao mercado de aviação executiva foram usadas pelo governo dos EUA. "Eles conseguem separar as coisas", disse. Hoje, o mercado de defesa da Embraer representa 14% da receita da empresa, sem incluir o novo contrato.
Notícia publicada pelo jornal The Washington Post no dia 28/12 dá a entender que esse contrato com a Embraer ainda pode dar chabu, pois a Hawker está processando o governo americano por ter sido excluída da concorrência, o que deixou a empresa brasileira sozinha na disputa. Ao desqualificar a Hawker da competição no mês passado, a Força Aérea americana (FAA) considerou a oferta da empresa "tecnicamente inaceitável", porque resultaria em um "risco inaceitável quanto à capacidade de desempenho em missões". A FAA afirma ainda que a Hawker não cumpriu os prazos do edital para refazer a proposta e/ou entrar com protesto.
O Super Tucano A-29 comprado pela Força Aérea americana - (Foto: Embraer).
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