Os novos planetas têm 86,7% e 75,9% do raio da Terra e massas estimadas em 44% e 65%. A dupla nova tem órbita muito próxima de sua estrela-mãe e possui superfície quente demais para abrigar água líquida e vida. O aspecto mais inusitado dos planetas é que no centro do sistema estelar que os abriga está a KOI 55, estrela de idade avançada e que já passou pela fase em que se torna uma "gigante vermelha".
É o mesmo destino previsto para o Sol, daqui a 5 bilhões de anos, quando o hidrogênio, combustível para a fusão nuclear em seu centro, começar a se esgotar.
No passado, os planetas em torno de KOI 55, batizados apenas como.01 e.02, eram provavelmente astros com tamanhos similares aos de Júpiter e Saturno, os gigantes gasosos do Sistema Solar. Quando a estrela começou a virar uma gigante vermelha, sua atmosfera estelar, ou"envelope", começou a se expandir tanto que encobriu os dois planetas.
Em estudo na edição de hoje (22/12) da revista "Nature", o grupo de Charpinet descreve o que acha que ocorreu após a estrela "engolir" os planetões. Esse astros, dizem, só acabaram engolfados na atmosfera estelar porque, apesar de ser grandes, tinham órbitas curtas, como a Terra. "Enquanto eles iam cavando seu caminho em meio ao envelope estelar, iam perdendo toda a camada exterior de gás e expelindo também o gás da atmosfera da gigante vermelha, fazendo-a perder massa", explicou à Folha Betsy Green, da Universidade do Arizona, astrônoma que participou do estudo. "Se os planetas já fossem pequenos naquela época, provavelmente não teriam sobrevivido. Só existem hoje porque começaram com uma quantidade de massa grande antes de sofrer atrito".
A vingança dos planetas é que eles próprios acabaram varrendo para fora a atmosfera da gigante vermelha, e KOI 55 pode ter perdido mais de 50% de sua massa. Agora ela é uma estrela da classe das sub-anãs quentes tipo B, que possuem um núcleo de hélio inerte e geram energia por fusão nuclear em camadas mais exteriores.
A descoberta dos planetas ocorreu meio por acaso. Charpinet e Green começaram a observar a KOI 55 para entender os modos de vibração da estrela, que exibe movimentos similares aos terremotos da Terra. A vibração causa oscilações no brilho que podem revelar propriedades interessantes da estrela, como sua massa e seu raio. Mas duas das oscilações periódicas que os cientistas detectaram tinham períodos de cinco a oito horas, longos demais para terremotos.
Após Charpinet fazer uma montanha de cálculos, concluiu que a probabilidade maior era a de que a oscilação de brilho estivesse sendo causada por planetas refletindo a luz de KOI 55, assim como os períodos da Lua refletem luz solar em quantidade diferente para a Terra. Os planetas refletem uma quantidade enorme de luz, pois estão a menos de um centésimo da distância que nós estamos do Sol.
Clique na imagem para ampliá-la - (Desenho: Arte/Folhapress).
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