O texto abaixo é da autoria de Tatiana de Mello Dias e foi publicado ontem no blogue Link do jornal O Estado de S. Paulo.
Sim, eles também protagonizaram 2011. Em um ano marcado pelo surgimento de uma dura lei antipirataria nos EUA, que pode significar “o fim da internet como conhecemos”, os piratas (organizados) ganharam força e estenderam suas bandeiras. O cerco à pirataria nunca esteve tão apertado. Em março, o Secretário de
Comércio dos EUA, Gary Locke, se reuniu na sexta-feira passada, 18, com
a ministra da Cultura, Ana de Hollanda, para discutir propriedade intelectual. As entidades internacionais queriam que o Brasil endurecesse a lei.
O Brasil é uma das prioridades da Federação Internacional da Indústria
Fonográfica (IFPI, na sigal em inglês) no combate à pirataria. Javier
Asensio, diretor da entidade para a América Latina, defendeu em
entrevista ao Link ações mais rígidas por aqui. ‘Ser artista é algo que
requer uma proteção’, declarou.
Nós mostramos em um infográfico onde está a pirataria no mundo.
Ao mesmo tempo, estudos apareceram para mostrar que quem consume
pirataria, muitas vezes, só faz isso por não ter outra opção. Uma
pesquisa do Social Science Research Council em parceria com o Centro de
Tecnologia e Sociedade da Fundação Getúlio Vargas mostrou que a principal razão para a pirataria no mundo em desenvolvimento é econômica.
“Basicamente, grandes multinacionais formulam preços para proteger
mercados de alta renda. Eles preferem isso a expandir suas atividades em
mercados de baixa renda como o do Brasil ou da África do Sul. E faz que
eles virem piratas”, explicou o sociólogo norte-americano Joe
Karaganis, que chefiou o estudo.
É o que diz o pessoal que criou o manifesto “Don’t make me steal”, ou
“não me faça roubar”. Eles traçaram diretrizes básicas para a indústria
do cinema oferecer seus produtos de maneira a estimular os consumidores a
pagarem por conteúdo. “Pessoalmente quero pagar pelos filmes, já que essa é a única maneira de
mostrar apoio e sustentar as pessoas que criaram aqueles trabalhos. É
uma pena que ficou muito mais fácil piratear filmes do que obtê-los
legalmente”, disse Pierre Spring, um dos fundadores do movimento, em entrevista ao Link.
Houve os que optaram diretamente pela via política. O ano marcou uma reorganização do Partido Pirata no Brasil. E, no final do ano, o Partido Pirata na Alemanha conseguiu uma eleição histórica – e com a ajuda de um brasileiro.
A pirataria também foi o tema de dois artistas – cada um na sua arte. “Se fazer download na internet é um crime, temos uma geração de criminosos”,
disse Julio Secchin, 23 anos, cineasta que filmou o curta “Copyright
Cops”. E artista Bia Bittencourt, 26 anos, foi além: recriou o clássico
livro A História da Arte, de Ernst Gombrich, de forma pirata. Surgia “A história da arte pirateada”, obra digital e em papel financiada com crowdfunding com remix dos clássicos.
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