O líder da Igreja Ortodoxa russa alertou os cidadãos do país nessa sexta-feira, 23, contra a confiança em sites de redes sociais, que vêm
sendo usados na organização de protestos em oposição ao governo, dizendo
que eles tornam as pessoas “vulneráveis a manipulações”.
Cerca de 40 mil pessoas se inscreveram via internet para participar de
um protesto no centro de Moscou, no próximo sábado, contra uma
contestada eleição legislativa que, no começo do mês, deu ao partido
governante de Vladimir Putin uma pequena maioria.
“A ingênua confiança de uma pessoa moderna na informação disponível em
redes sociais, acompanhada pela desorientação moral e pelas perda de
valores (morais) básicos tornam nossos jovens vulneráveis à
manipulação”, teria dito o patriarca Kirill, de acordo com a agência de
notícias Interfax. Ele não fez referência ao comício, no qual o antigo líder soviético
Mikhail Gorbatchov e o blogueiro oposicionista Alexei Navalny devem
discursar. O comício deve aumentar a pressão sobre o primeiro-ministro
Putin, que respondeu com concessões insignificantes e é visto como
franco favorito para a eleição presidencial de 2012.
O patriarca Kirill também declarou que a mudança política, por si só,
não bastava para mudar a sociedade, e que isso só poderia acontecer por
“uma metamorfose da alma”. Endossada pelos líderes do Kremlin como principal fé da Rússia, a Igreja
Ortodoxa vem conquistando crescente poder desde a queda do comunismo,
duas décadas atrás. Seu papel atraiu críticas de defensores de direitos
humanos, que alegam que viola a separação entre Igreja e Estado
determinada pela constituição russa.
A internet vem exercendo papel vital na organização de protestos no país
de mais de 140 milhões de habitantes, onde a televisão é estritamente
controlada e vem dedicando pouca atenção aos maiores comícios
oposicionistas realizados desde a chegada de Putin ao poder, em 1999. Líderes oposicionistas afirmaram esperar pelo menos 50 mil pessoas no
comício de sábado em Moscou, o que faria dele a segunda grande
demonstração desde a eleição de 4 de dezembro.
Monitores internacionais afirmaram que a votação foi distorcida em favor
de Putin e maculada por sinais de manipulação eleitoral.
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