terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Redes sociais manipulam as pessoas, diz Igreja russa

O líder da Igreja Ortodoxa russa alertou os cidadãos do país nessa sexta-feira, 23, contra a confiança em sites de redes sociais, que vêm sendo usados na organização de protestos em oposição ao governo, dizendo que eles tornam as pessoas “vulneráveis a manipulações”.

Cerca de 40 mil pessoas se inscreveram via internet para participar de um protesto no centro de Moscou, no próximo sábado, contra uma contestada eleição legislativa que, no começo do mês, deu ao partido governante de Vladimir Putin uma pequena maioria.

“A ingênua confiança de uma pessoa moderna na informação disponível em redes sociais, acompanhada pela desorientação moral e pelas perda de valores (morais) básicos tornam nossos jovens vulneráveis à manipulação”, teria dito o patriarca Kirill, de acordo com a agência de notícias Interfax. Ele não fez referência ao comício, no qual o antigo líder soviético Mikhail Gorbatchov e o blogueiro oposicionista Alexei Navalny devem discursar. O comício deve aumentar a pressão sobre o primeiro-ministro Putin, que respondeu com concessões insignificantes e é visto como franco favorito para a eleição presidencial de 2012.

O patriarca Kirill também declarou que a mudança política, por si só, não bastava para mudar a sociedade, e que isso só poderia acontecer por “uma metamorfose da alma”. Endossada pelos líderes do Kremlin como principal fé da Rússia, a Igreja Ortodoxa vem conquistando crescente poder desde a queda do comunismo, duas décadas atrás. Seu papel atraiu críticas de defensores de direitos humanos, que alegam que viola a separação entre Igreja e Estado determinada pela constituição russa.

A internet vem exercendo papel vital na organização de protestos no país de mais de 140 milhões de habitantes, onde a televisão é estritamente controlada e vem dedicando pouca atenção aos maiores comícios oposicionistas realizados desde a chegada de Putin ao poder, em 1999. Líderes oposicionistas afirmaram esperar pelo menos 50 mil pessoas no comício de sábado em Moscou, o que faria dele a segunda grande demonstração desde a eleição de 4 de dezembro.

Monitores internacionais afirmaram que a votação foi distorcida em favor de Putin e maculada por sinais de manipulação eleitoral.

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