sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Brasil tem uma Grécia de favelados

Reproduzo a seguir a reportagem publicada ontem pela Folha de S. Paulo, acessível apenas a leitores e assinantes do jornal.

Dados do Censo 2010 revelam que 11,4 milhões de brasileiros, o equivalente à população da Grécia, vivem em áreas ocupadas irregularmente e com carência de serviços públicos ou urbanização, como favelas, palafitas, grotas ou vilas. São 6% da população do país.

É o retrato mais preciso já feito dessas áreas, e mostra que o problema é concentrado nas regiões metropolitanas, mas espalhado por todos os Estados. Dez favelas têm população maior que 40 mil pessoas, superior a 86% dos municípios brasileiros. Em 2000, o IBGE identificou 6,5 milhões de pessoas, ou 4% do total, em "aglomerados subnormais", denominação usada pelo instituto.

Metodologia

Não é possível saber quanto do aumento na década se deve à expansão das áreas irregulares e quanto se deve ao aprimoramento da metodologia de pesquisa, como o uso de imagens de satélites.

Em 2010, foram localizadas 6.329 favelas em 323 municípios. Ficam de fora do levantamento áreas precárias, mas regularizadas, ou irregulares, mas sem precariedade.

Quadro grave

A pesquisa revelou também que o quadro mais grave de moradia está na região metropolitana de Belém (PA), onde 54% da população vivem em favelas ou similares. No caso de serviços básicos, o que mais diferencia as favelas das áreas de ocupação regular das cidades é a proporção de casas com coleta adequada de esgoto. "O fato de existir um alto percentual de pessoas vivendo nessas áreas decorre do Estado brasileiro ter se omitido por décadas em relação a políticas habitacionais, concomitante a um dos processos de urbanização mais intensos da história da humanidade", diz Sérgio Besserman, ex-presidente do IBGE.

Para a relatora especial da ONU para o direito à moradia adequada, Raquel Rolnik, novos assentamentos precários irão surgir no país nos próximos anos. Ela aponta como motivos a elevação dos preços dos terrenos e as remoções mal conduzidas paraa realização de obras, como as da Copa de 2014. "A máquina de produção de favelas está em operação", diz a urbanista.

As maiores

São Paulo, Rio e Belém têm o maior número de aglomerados. A Grande São Paulo tem 2,1 milhões de favelados [este grupo humano é, quantitativamente, a 7ª "cidade" brasileira em número de habitantes, logo abaixo de Belo Horizonte e acima de Manaus, Curitiba e Recife!]. O Rio tem 1,7 milhão de favelados [a 9ª "cidade" brasileira em habitação, não contando a "cidade-favela" paulista], e Belé tem 1,1 milhão de favelados [a 16a "cidade" brasileira, pelo mesmo critério relativo ao Rio].

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