Parece que, definitivamente, nossa sina é sermos reiteradamente feitos de otários pelo Legislativo e pelo Executivo, mas os culpados somos exclusivamente nós mesmos que, com uma reincidência doentia, escolhemos pessimamente esses nossos representantes e nos revelamos absolutamente apáticos e incapazes de nos indignarmos quando nos agridem e nos passam a perna diuturnamente.
Mal começou o novo governo e a nova legislatura, e já fomos colocados contra as cordas pelo Legislativo e pelo Executivo. A pancadaria cívica começou na Câmara dos Deputados que, com seu proverbial, crônico e acintoso desdém com a opinião pública, colocou dois fichas-sujas em comissões importantes da casa: João Paulo Cunha, réu mensaleiro no STF, como presidente da Comissão de Constituição e Justica, e Paulo Maluf, procurado pela Interpol e também contraventor da Ficha Limpa, como membro da comissão de reforma política -- não bastasse isso, Tiririca, que teve que provar ao TSE que sabe ler e escrever, foi indicado para a Comissão de Educação e Cultura. O Senado, p'ra não ficar p'ra trás na sequência de agressões à nação, colocou Fernando Collor, o único presidente demitido por impeachment em nossa história, como presidente da comissão de reforma política.
Como na nossa política cachorro morto também merece continuar apanhando, o Executivo, antes mesmo de completar três meses de governo, resolveu também entrar de sola em cima do contribuinte brasileiro. Depois de fazer um simulacro de transparência e de rigor no controle das contas públicas, anunciando um bombástico corte de 50 bilhões de reais no orçamento de 2011, Dilma Rousseff mostrou infelizmente que também ela reza pela cartilha da demagogia e da mistificação, e que não deixará passar em branco nenhuma oportunidade de nos fazer de otários. No mesmo instante em que corta incríveis R$ 3 bilhões do ministério da Educação, evidenciando que era pura mentira o que pregou na campanha eleitoral e na primeira coletiva de imprensa já presidente (quando disse que educação e saúde seriam suas prioridades), ela anuncia um aumento no demagógico e assistencialista Bolsa Família que nos custará mais de R$ 2 bi/ano, e determina a contratação de mais de 600 novos funcionários públicos. Na mesma linha de prestidigitação, ela autoriza o camaleônico ministro Mantega a nos chantagear com a possibilidade de um aumento de impostos para "compensar" a "renúncia" fiscal provocada pela correção de 4,5% na tabela do imposto de renda (sabidamente insuficiente, agravando as perdas de mais de uma década do contribuinte na aplicação desse imposto há anos).
Definitivamente, cada povo tem o Congresso e o Governo que merece!
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