No entanto, depois de 1.200 mais ou menos o Oriente Médio fez uma longa pausa: estagnou economicamente e é marcado hoje por altas taxas de analfabetismo e de autocracia. Assim, quando a região explode em busca de democracia uma questão básica se apresenta: por que demorou tanto? E aí surge também uma pergunta politicamente incorreta: poderia ser o Islamismo a razão do atraso do Oriente Médio? -- O sociólogo Max Weber e outros eruditos têm argumentado que o Islamismo é um fundamento pobre para o capitalismo, e alguns têm apontado em particular para os escrúpulos do Islamismo quanto ao pagamento de juros sobre empréstimos.
Isso, porém, não parece correto. Outros especialistas observam que, de certo modo, o Islamismo é mais aberto ao mundo dos negócios do que outras grandes religiões. O profeta Maomé foi um comerciante bem sucedido, e era muito mais simpático e aberto aos ricos e opulentos do que Jesus. E o Oriente Médio era um centro global de cultura e comércio por volta do século 12 -- se o Islamismo sufoca ou reprime a prática de negócios hoje, por que não o fazia ou fez naquela época?
Quanto à hostilidade contra juros nos empréstimos, ensinamentos semelhantes são encontrados no judaísmo e no catolicismo, e o que o Corão proíbe não é o juro em si mas sim o(a) "riba", que é uma forma extrema de usura que pode levar à escravidão no caso de não pagamento de dívidas. Até o final do século 18 os muçulmanos eram tão passíveis de serem emprestadores de dinheiro no Oriente Médio quantos os judeus e os católicos -- e, atualmente, pagar juros é uma rotina mesmo nos países muçulmanos mais conservadores.
Muitos árabes têm uma teoria alternativa para o atraso do Oriente Médio: o colonialismo ocidental -- mas há os que discordam dessa tese. Para o autor do artigo do NYT o livro "The Long Divergence: How Islamic Law Held Back the Middle East" (A Longa Divergência: Como a Lei Islâmica Refreou o Oriente Médio), escrito por Timur Karan, um historiador de economia na Duke University (EUA), fornece a melhor resposta disponível para explicar o atraso do Oriente Médio. Leia mais.
Nicholas D. Kristof (foto Damon Winter/The New York Times).
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