Em fevereiro passado, a revista The Economist publicou em sua seção de Ciência & Tecnologia um interessante artigo abordando uma pesquisa científica recente sobre a genética da doença, que analisou como e porquê a solidão pode afetar nossa saúde.
Ao que parece, as pessoas solitárias correm um risco maior do que as gregárias de desenvolver doenças associadas com inflamação crônica, tais como doenças do coração e certos tipos de câncer. De acordo com um trabalho publicado no ano passado na Public Library of Science, Medicine (S. Francisco, EUA), o efeito da solidão sobre a mortalidade é comparável ao do fumo e da bebida. Esse trabalho examinou, e combinou seus resultados, 148 estudos prévios que acompanharam cerca de 300 mil pessoas por um período médio de 7,5 anos cada, e controlou fatores tais como idade e doenças preexistentes. Ele concluiu que, nesse período, uma pessoa gregária teve 50% de melhor chance de sobreviver do que uma pessoa solitária.
Falando de maneira genérica, os genes menos ativos nas pessoas solitárias eram os envolvidos com o mecanismo de evitar infecções viróticas -- os mais ativos eram os envolvidos na proteção contra bactérias. Dr. Steven Cole, da Universidade da Califórnia, Los Angeles (UCLA), acha que isso pode explicar não apenas porque as pessoas solitárias são mais doentes ou suscetíveis a doenças, mas também como, em termos de evolução, esse estranho fato surgiu, pois inflamação é uma resposta antibacteriana. -- O que Dr. Cole parece ter revelado é como o ambiente (no caso, o ambiente social) alcança o interior do corpo de uma pessoa e provoca seu genoma, de modo que ele reaja adequadamente. Não é que os solitários e os gregários sejam geneticamente diferentes uns dos outros, o que na realidade acontece é que seus genes são regulados de maneira diferente dependendo de quão sociável é a pessoa. Leia mais.
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