Essa queda do dólar de uns meses para cá foi acionada pela sensação de que o Federal Bank americano manterá baixa a taxa de juros por um tempo mais longo do que suas contrapartes no exterior, e por uma dissipação dos receios que levaram a moeda americana a ter valores fortemente elevados nas crises de 2008 e 2009. Mas o fato de que esse deslocamento de preferência tenha ocorrido mesmo em um mundo mais perigoso mostra que o dólar perdeu um pouco de seu brilho, sugerindo que pode chegar o dia em que o dólar deixará de ser o ancoradouro de investidores em tempos conturbados. Isto pode ter grandes consequências para a economia americana nos anos próximos.
No longo prazo, um dólar declinante acarreta riscos. A economia americana é turbinada por dinheiro barato vindo do exterior. O fato de que poupadores, de Pequim a Buenos Aires, olhem para os Estados Unidos -- e, portanto, para ativos em dólar -- como um lugar seguro para poupar é a principal razão para que as taxas de juros americanas estejam entre as mais baixas do mundo, apesar dos altos níveis da dívida pública. Na medida em que o euro e outras moedas surjam como alternativas mais fortes que o dólar -- e os EUA mantenham a política de dinheiro fácil e altos déficits no orçamento do governo -- aumentarão as chances de que ocorra aquele deslocamento de preferência. Leia mais.
O Índice do Dólar mede o valor do dólar contra uma cesta ponderada de outras moedas: euro, libra inglesa, o iene japonês, o franco suiço, o dólar canadense, e a coroa sueca. O gráfico mostra os fechamentos diários desse índice, de 2 de janeiro de 2007 a 24 de março de 2011.
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