Moche é uma das mais antigas e misteriosas civilizações da América do Sul, que antecedeu em 1.000 anos a dos Incas. Tendo como berço o norte do Peru, ela floresceu no período de 100 a 800 DC e construiu canais e estruturas piramidais monumentais, denominadas
huacas, e produziu cerâmicas e jóias de desenhos e detalhes complexos. A região peruana onde nasceu e floresceu transformou-se em uma "paisagem lunar", devido às valas e buracos de saqueadores em centenas de quilômetros. "Estima-se que mais de 100 mil túmulos -- mais da metade dos sítios conhecidos no país -- foram saqueados", diz um relatório recente denominado "Preservando nossa Herança em Desaparecimento" emitido pelo Fundo de Herança Global (Global Heritage Fund, de S. Francisco, EUA). Esse mesmo relatório identificou 200 locais "sob risco" em países em desenvolvimento, com destaque para as Américas do Sul e Central. Quadrilhas de saqueadores estão pilhando esse tesouro do Peru, para vendê-lo ilegalmente para turistas e colecionadores.
A maioria dos
huaqueros é formada de agricultores, que assim agem para complementar suas magras receitas, mas há também o caso de pessoas autorizadas pelos colonizadores espanhóis a fazer mineraçãp para a descoberta de tesouros, devastando a região e causando danos irremediáveis.
Todos esses problemas virão à tona e serão discutidos por ocasião das comemorações pelo centésimo aniversário da redescoberta de Machu Picchu, a cidadela inca no sul do Peru, pelo historiador norte-americano Hiram Bingham.
Jeff Morgan, diretor executivo do Global Heritage Fund, instou o governo peruano a desviar o fluxo turístico de Machu Picchu -- sobrecarregada com dois milhões de visitantes por ano -- para outros locais menos conhecidos, que poderiam assim angariar receita para a proteção de suas heranças culturais e arqueológicas.
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O 100° aniversário da redescoberta de Machu Picchu colocará em destaque à pilhagem que hoje se faz dos tesouros arqueológicos da região. (Foto: Alamy)
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