Antes de entrar com mais detalhes no assunto, acho importante jogar alguma luz no currículo dessa senhora. Como é que uma política absolutamente leiga em assuntos elétricos e correlatos chega a ser diretora de Itaipu, uma empresa binacional de extrema complexidade política e administrativa, vital para o setor elétrico brasileiro? Uma pergunta aparentemente constrangedora como essa passou a ter resposta banalíssima depois dos dois mandatos de Lula, o Nosso Pinóquio Acrobata (NPA), que cedeu ao PT mais cargos e poder do que qualquer outro partido jamais teve em nosso país. Sob a ótica maquiavélica do NPA a Dª Gleisi reúne todos os atributos para qualquer cargo de nomeação neste Brasil: além de ser petista (fator principal), ela é também mulher de Paulo Bernardo, ex-ministro do Planejamento do NPA e hoje ministro das Comunicações de Dilma Rousseff. Deu p'ra entender? Essa senadora não é o primeiro caso, e infelizmente não será o último, de diretor de Itaipu a ser nomeado simplesmente por ter o DNA do PT -- o atual Diretor-Geral do lado brasileiro da usina, Jorge Miguel Samek, é outro petista de carteirinha.
João Vaccari Neto, conselheiro de Itaipu, é tesoureiro do PT indiciado por desvio de R$ 170 milhões de uma cooperativa. Paulo Bernardo da Silva, marido de Gleisi e atual ministro das Comunicações, é conselheiro de Itaipu e também é do PT. Alceu Collares, outro conselheiro de Itaipu, não é do PT mas é do PDT, da base do governo. Luiz Pinguelli Rosa e José Antonio Muniz Lopes, os dois outros conselheiros de Itaipu, são a meu ver as duas únicas indicações meritórias para os cargos -- mas Pinguelli também é petista ferrenho e José Antonio é da cota de Sarney (deve perder o cargo por não ser mais presidente da Eletrobrás).
Como já disse, a argumentação da senadora Gleisi para justificar o desmanche do Tratado de Itaipu para que passemos a pagar ao Paraguai o triplo do que hoje lhe pagamos pela energia de Itaipu é de uma profundidade insuficiente para afogar uma pulga. Como ex-diretora de Itaipu ela conhece melhor que ninguém a maneira absolutamente nada ortodoxa com que o Paraguai administra seu lado da empresa. A coisa é tão séria e complicada, que o Brasil chegou a propor há alguns anos a implantação de um sistema único de contabilidade para ambos os lados da Itaipu Binacional, para ver se dava para melhorar o controle econômico-financeiro da gestão "rédea solta" dos paraguaios -- na época o Paraguai não aceitou nossa proposta e não sei como tudo ficou.
A senadora tem também a obrigação de saber, não somente mas também com relação a Itaipu, que o problema do Paraguai nunca foi, não é, nem será exatamente o montante de dinheiro que arrecada, mas sim o jeito "especial" com que isso é administrado e o destino que é dado a esse dinheiro. No caso de Itaipu, por exemplo, basta comparar a situação sócio-econômica dos municípios brasileiros e paraguaios beneficiados com recursos (royalties) da usina. Ciudad del Este e sua impressionante e degradante estrutura muambeira -- com total conivência brasileira, diga-se a bem da verdade -- é outro exemplo típico do jeito paraguaio de tocar seu país.
Não há a menor dúvida de que não convém ao Brasil ter vizinhos fronteiriços em más ou péssimas condições sócio-econômicas, mas o leque de opções para se resolver ou melhorar isso é enorme e certamente não passa pelo desmanche de tratados técnica e juridicamente perfeitos. Há poucos anos tentou-se resolver o complexo conjunto de problemas sul-americanos com a IIRSA - Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana, envolvendo as questões da infraestrutura de transporte, energia e comunicações dos doze países sul-americanos, mas a coisa patinou e continua patinando.
Como senadora, a Dª Gleisi tem a obrigação de saber que Tratados entre países são documentos absolutamente sérios, complexos e importantes (especialmente aqueles com as características do Tratado de Itaipu) escritos e assinados para serem cumpridos, e que sua alteração deve ser sempre em princípio ser rejeitada salvo por motivo de força maior, o que definitivamente não é o caso da mudança que se quer fazer simplesmente para dar um "cala-boca" aos paraguaios em Itaipu. A alteração extemporânea e injustificada do Tratado de Itaipu cria uma insegurança jurídica perigosíssima e totalmente inconveniente para todos os documentos semelhantes já assinados ou por assinar pelo Brasil com qualquer outro país, sul-americano ou não -- esse precedente estapafúrdio certamente gerará um rosário de pedidos de alterações em outros documentos semelhantes de que sejamos signatários. Ver postagem anterior sobre esse assunto.
A senadora Gleisi Hoffmann.
Ué! Lula não foi presidente (ainda se acha)? A Gleisi não "foi a )))senadora((( mais votada no Paraná? Dai a césar o que é de césar e ao )))povo((( o que o )))povo((( merece!!! E que Deus nos proteja.
ResponderExcluirAinda tem quem acredita na "urna eletrônica" e nos 'porquês' do "voto obrigatório"...
Churchill já dizia que "democracia é a pior forma de governo, excetuadas todas as outras formas que têm sido tentadas de tempos em tempos", e o Marquês de Flers dizia que "democracia é o nome que damos ao povo sempre que precisamos dele". A eleição de Lula e Gleisi é de responsabilidade de seus eleitores, o que não tem cabimento é o fato de ser petista e mulher de ministro ser requisito necessário e suficiente para ser diretora financeira de uma empresa como a Itaipu Binacional, e agora Chefe da Casa Civil. Os "brancos" não se entendem e o país se ferra.
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