De um dileto amigo, a quem agradeço, recebi um documento (arquivo doc) com uma nota da Eletronuclear (3 fls) com uma descrição detalhada do que teria ocorrido, passo a passo, na central japonesa de Fukushima Daiichi e uma sucinta comparação entre o tipo de reator utilizado naquela usina e o de nossas usinas de Angra 1 e 2. Como esse texto não consta ainda do site da Eletronuclear não pude utilizá-lo nesta postagem.
No entanto, essa referência permitiu-me achar dois textos muito interessantes no site da Eletronuclear -- o primeiro, emitido ontem, tem o título "Esclarecimentos sobre as diferenças entre as usinas do tipo PWR, existentes no Brasil, e as BWR, de Fukushima Daiichi, no Japão" e o outro, de 11/3/11 (data do terremoto e do tsunami no Japão), tem o título "A consideração dos terremotos nas usinas nucleares".
No primeiro artigo citado acima, o texto informa que há hoje no mundo cerca de 440 usinas nucleares em operação, das quais cerca de 65% utilizam reatores a água pressurizada (PWR), o mesmo modelo das usinas Angra 1 e Angra 2, e cerca de 25% usam reatores a água fervente, caso da central japonesa de Fukushima Daiichi -- outros 10% utilizam tecnologias que estão se tornando obsoletas e desaparecerão da matriz energética mundial na medida em que essas usinas cheguem ao final de sua vida útil. Esses dados demonstram a preferência da indústria nuclear pelo reator PWR, o que não quer dizer necessariamente que esta seja uma tecnologia mais segura que a BWR -- prova disso é o acidente em 1979 com a central de Three Mile Island, nos EUA, que é uma usina PWR.
Num acidente com perda total da alimentação elétrica, como o ocorrido em Fukushima, um reator PWR permitiria que os operadores tivessem mais tempo para o restabelecimento da energia do que um BWR. A usina PWR conta com circuitos independentes e geradores de vapor, equipamentos que contêm uma quantidade significativa de água e que permitem que o resfriamento do reator ocorra por circulação natural até o restabelecimento de energia. sem a necessidade de se utilizar bombas acionadas por eletricidade. Veja o artigo citado.
O segundo texto menciona que o terremoto do Japão suscita questionamentos sobre os efeitos de um sismo nas proximidades das usinas brasileiras, em Angra dos Reis (RJ). Uma comparação direta entre as situações brasileira e japonesa não é adequada, pois enquanto o Japão está situado em uma região de alta sismicidade - causada pela proximidade da borda de placa tectônica, onde ocorrem cerca de 99% dos grandes terremotos -, o Brasil está em uma região de baixa sismicidade, em centro de placa tectônica. O artigo apresenta em seguida uma série de perguntas e respostas relativas ao assunto, veja seu texto.
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