quarta-feira, 16 de março de 2011

Ecos do Carnaval

Ontem, depois de longo tempo sem vê-lo, assisti ao programa Observatório da Imprensa na TV Brasil -- o programa, o de ontem e outros que já vi, me soa inferior ao site ( www.observatoriodaimprensa.com.br ), que é muito interessante.

Alberto Dines, o criador e condutor do Observatório, fez ontem um comentário que  achei inteiramente pertinente -- abordando o Carnaval de 2011, ele classificou de apelação e puxa-saquismo os enredos da Beija-Flor no Rio e da Vai-Vai em S. Paulo, homenageando pessoas ainda vivas (Roberto Carlos e Maestro João Carlos Martins, respectivamente). Concordo totalmente com ele -- guardando as devidas proporções, isso é parecido a dar-se a um logradouro público o nome de uma pessoa ainda viva.

No caso da Beija-Flor, é óbvio ululante que Roberto Carlos ganhou o título para a escola, jurado algum teria, como não teve, "peito" de dar nota ruim para seu desfile, daí a profusão de 10 que a escola recebeu -- o exagero fica patente quando se observa que os mesmos jurados não foram tão bonzinhos com outras escolas que tiveram desempenho tão bom ou até melhor que o da Beija-Flor em vários quesitos.

A meu ver esse é mais um detalhe da sistemática deturpação ou distorção por que vem passando o desfile das grandes escolas na Sapucaí, começando pelo fato de terem transformado o samba-enredo em marcha-enredo. O desfile ficou excessiva e tristemente mercantilizado e estilizado, o passista de samba no pé é uma figura em acelerada extinção, as rainhas das baterias em sua esmagadora maioria são boazudas incompetentes no samba e desvinculadas da escola e da "comunidade", a figura do participante foi jogada p'ro beleléu -- hoje é comum se ver alas inteiras com fantasias ridículas que não nos deixam ver nem os olhos do participante, muito menos se é homem ou mulher ... E as tais marchas-enredo de hoje não chegam nem aos pés de sambas-enredo antológicos de outrora, como "100 Anos de Liberdade", "O Saber Poético da Literatura de Cordel", "Os Cinco Bailes da História do Rio" e tantos outros -- e a tendência é piorar.

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