Um programa de vírus extremamente complexo, operando escondido há pelo menos dois anos, acaba de ser descoberto. Operado provavelmente por vários países, seu alvo principal é o Irã.
- O que é o Flame, e como foi descoberto?
As equipes do Kaspersky descobriram então um vírus cujas "complexidade e funcionalidade excediam as de todas as outras ameaças cibernéticas conhecidas até hoje". Seu código é cem vezes mais complexo que o de um vírus clássico e vinte vezes mais complexo que o do vírus Stuxnet. Descoberto em 2010, este último vírus havia sido utilizado para atacar o programa nuclear iraniano. Mas, se o Flame se assemelha ao Stuxnet e ao seu "primo" DuQu, nada até agora confirma que ele tenha sido desenvolvido pela mesma equipe.
- Qual o objetivo do Flame?
O Flame não parece visar alvos precisos/específicos. Os pesquisadores do Kaspersky consideram que foi concebido para coletar informações diversas em alvos tão diversos como empresas privadas, organismos estatais, escolas ou cidadãos.
Se um computador for contaminado por causa de uma simples porta USB ou de um acesso a uma rede local, o Flame, ao contrário do Stuxnet, não se reproduz automaticamente para infectar um grande número de máquinas. Segundo o site Wired, que publicou um longo artigo sobre esse vírus, quem concebeu o Flame "quis controlar sua propagação e, assim, reduzir o risco de detecção. Essa, certamente, foi sua resposta à propagação ilimitada do Stuxnet, propagação essa que acelerou a descoberta desse vírus".
- O que o Flame faz, exatamente?
O Flame é capaz de ligar o microfone do computador, a fim de gravar conversas sem que ninguém saiba. Se a máquina reconhece o Bluetooth, o Flame pode então atingir uma zona próxima e fazer uma varredura de todos os aparelhos (especialmente os celulares) para acessar seus arquivos de endereços. O vírus captura igualmente, minuto a minuto, as imagens do monitor. Se o usuário do computador acessar sua caixa de mensagens, ou utilizar um programa de mensagens instantâneas, o vírus acessa os arquivos a cada 15 segundos. E, finalmente, o Flame pode gravar senhas.
Esse vírus gigante, de 20 megabytes quando todos os seus módulos estão instalados, não revelou ainda todos os seus segredos. "Levamos seis meses analisando o Stuxnet. Ora, o Flame é vinte vezes mais complicado. Nos custará bem uns dez anos para entendê-lo completamente", disse à Wired Alexander Gostev, o principal especialista em segurança do Kaspersky Lab.
- Quem está por trás dessa "arma cibernética"?
De acordo com as primeiras análises, o Flame começou a infectar computadores há pelo menos dois anos. Mas, segundo o laboratório de criptografia e de sistemas de segurança húngaro que descobriu o DuQu, o Flame pode estar ativo desde 2007. "Se foram capazes de criar tal coisa há cinco anos, não ouso imaginar o que podem fazer hoje", comensou o responsável por uma empresa britânica de cibersegurança, segundo a agência de notícias Reuters.
Para Eugène Kaspersky, fundador da empresa que tem seu nome, o Flame é uma "nova etapa" na guerra cibernética. "É necessário compreender bem que tais armas podem ser facilmente utilizadas contra não importa qual país. E, contrariamente às guerras convencionais, os países mais desenvolvidos são aí os mais vulneráveis".
Mapa geográfico das regiões infectadas pelo vírus Flame detectadas pelo Kaspersky Lab (clique na imagem para ampliá-la) - (Fonte : Wired/Cortesia Kaspersky Lab).
O nome Flame vem de um dos principais módulos dentro do programa - (Fonte: Wired/Cortesia Kaspersky Lab).
Os pesquisadores não estão seguros sobre como o Flame invade seu alvo inicial, antes de se espalhar por outras máquinas, mas o gráfico acima indica possíveis vetores de infecção - (Fonte: Wired/Cortesia Kastersky Lab).
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