A incapacidade financeira e gerencial de expandir os investimentos com dinheiro da arrecadação de impostos explica a decisão -- tardia -- de conceder a exploração de mais rodovias federais ao setor privado. Depois de crescerem ao longo do segundo governo Lula [o NPA, Nosso Pinóquio Acrobata], os gastos do governo com obras em transporte rodoviário empacaram no governo Dilma Rousseff. Se considerado o período de 12 meses encerrado em agosto passado, os desembolsos são inferiores aos de 2010.
De R$ 10,3 bilhões, no último ano do ex-presidente, o montante caiu para R$ 8,5 bilhões, e a queda é ainda mais aguda se incluída na conta a inflação do período. Trata-se de uma exceção no gasto federal, que, no período, bateu recordes sucessivos.
A qualidade das rodovias federais também piorou, segundo a pesquisa anual realizada pela CNT (Confederação Nacional dos Transportes). Há três anos, a entidade classificava 19,1% da extensão inspecionada em estado ruim ou péssimo; no ano passado, foram 21,7%. Já o percentual de ótimo e bom caiu de 44,8% para 40,3%.
Gráfico: Folha de S. Paulo (clique na imagem para ampliá-la).
O transporte rodoviário, de longe, é o setor que mais recebe
investimentos do Tesouro Nacional -- a educação básica, segunda colocada,
não chega aos R$ 5 bilhões anuais. Por isso, é um termômetro do
desempenho federal em infraestrutura.
As explicações oficiosas para o mau desempenho estão desgastadas:
primeiro, dizia-se ser natural uma queda dos gastos no início do
governo, porque um novo ciclo de obras estaria sendo inaugurado; depois,
que seria uma consequência da troca de comando no Ministério dos
Transportes devido a acusações de irregularidades. Mais recentemente,
houve a greve dos servidores do Dnit (Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes).
Os dados mostram que o governo Dilma tem dificuldade em expandir os
investimentos de maneira geral, a despeito da imagem pública de obsessão
gerencial cultivada pela presidente. Sua administração demonstra maior
vocação para elevar gastos sociais, em especial com educação e
benefícios sociais. [Acontece que nossa sempre sorridente ex-guerrilheira é incapaz de ter uma visão sistêmica da economia, e ataca setores ou atividades pontualmente, considerando-os como se estivessem pendurados numa brocha no espaço (na brocha há uma estrela vermelha com o número 13). Ela não entende, por exemplo, que saúde e educação dependem também -- e muito -- de transporte e saneamento. Não sei de onde a Folha de S. Paulo tirou a informação de que nossa Dama de Ferrugem beneficia a educação. Logo que assumiu o governo cortou R$ 3,1 bilhões da Educação; ela tem destinado muitíssimo mais dinheiro a determinados setores e empresários escolhidos não se sabe com que critérios (setor automobilístico, grupo Eike Batista, etc) do que à educação, e não há sinal ou notícia de melhoria e estímulo decentes e sistemáticos à carreira de professor em todos os níveis. Sem falar que em matéria de planejamento nossa supersimpática guerrilheira é um zero à esquerda.]
Nenhum comentário:
Postar um comentário