A sessão de hoje do STF teve todos os jeitos e aromas de uma autêntica cantina italiana. Mesmo pela televisão sentia-se no ar a presença marcante e inconfundível do orégano e da mozzarella, pelo menos. Destoante apenas o mau gosto dos chefs em trajarem-se de preto. Mas, nos raros momentos de silêncio concedidos pelos egos falantes, podia-se entreouvir trechos de uma tarantela.
Os chefs togados do programa de culinária de hoje do Supremo Tribunal Federal -- José Antonio Dias Dias Toffoli, Luiz Roberto Barroso, Teori Zavascki e Rosa Weber (disparado o pior chef do quarteto) -- deram mais quatro passos para finalizar aquela que será a pizza de mais longo cozimento, mais cara e de receita mais extensa da face da Terra. Falta pouco, muito pouco para que os mensaleiros e os chefs se fartem com essa peça clássica da culinária italiana. Mais dois votos e acaba a churumela. Há um chef, Ricardo Lewandowski, que está com a mão na massa desde o início da receita e que não vê a hora de poder se dedicar tranquilo à sua pantagruélica refeição. O outro chef provável do piquenique pinta ser Celso Mello, que pode transformar-se (por antiguidade) no líder dos pizzaiolos. A maior dificuldade dessa turma de chefs será impedir que o cheiro de cloaca dos bastidores da cozinha supere os odores de sua pizza de estimação.
A discussão sobre detalhes da receita tem tons surreais. O busílis, no fundo, é definir o que é que prevalece no embate entre o Regimento Interno vigente do STF -- que prevê (ia) (nem no tempo deste verbo os chefs coincidem) entre os artigos 230 e 246 a figura dos embargos infringentes -- e a lei nº 8.038/1990 que não os prevê em decisões de única instância dos tribunais superiores, em matéria penal [ver artigo de 24/7/2013, no Globo (reproduzido na Coluna do Augusto Nunes na Veja de mesma data) , da ex-ministra do Supremo Ellen Gracie]. Para um raciocínio cartesiano de engenheiro é simplesmente impossível entender que um Regimento Interno de um tribunal prevaleça sobre uma lei que o contradiz, mas enfim ...
Para completar todo o clima que cerca essa culinária complexa, seu inspirador-mor José Dirceu, sentindo no ar (ou por outras vias menos etéreas?...) que sua pizza predileta estava finalmente a caminho do forno, veio ontem com uma ameaça e uma chantagem contra o STF anunciando que "a decisão de amanhã [hoje] não será o “último capítulo” de seu julgamento sobre o mensalão" e que "deve pedir revisão criminal e apelar a cortes internacionais para
reverter a condenação por formação de quadrilha e corrupção ativa". Concretizando-se, como tudo faz crer (torço e rezo para estar errado) que o Supremo lhe dará novo julgamento, quero ver quem convencerá o povão petista de que essa decisão não resultou da "peitada" que seu guru deu no STF. Zé Dirceu será canonizado e entronizado no altar do PT, e o país entrará em luto fechado.
Inovador como sempre, o patropi distribuirá pizza no enterro do STF e da nossa democracia.
Confesso que, ontem, abandonei o assunto. Não são aqueles discursos gongóricos que vão me convencer de coisa alguma. A verdade dispensa urubus. Então, com um placar de 7 x 4 (meu vaticínio), o STF decretará que "no Brasil, o crime compensa, remunera e compra felicidade". Tudo ao meio de muito rococó, lantejoulas e firulas do vernáculo.
ResponderExcluir#!@%&¨?>|{#@!
Deixei de perguntar: Conhecem alguém que veja filme ruim duas vezes? Eu conheço 200 milhões de cândidas pessoas. Legal... hein?
ResponderExcluirSó não vale acusar os ministros de estarem levando dinheiro do esquema de Dirceu e Marcos Valério. Eles, estão se divertindo como atores, ora fazendo papel de Verdugos com suas vistosas capas pretas, ora viram pelo avesso e aparece o vermelho do toureador.
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