[O texto abaixo foi publicado hoje na seção Radar Tecnológico do jornal O Estado de S. Paulo. Fica-se com cara de idiota e com uma tremenda sensação de impotência, ao perceber que na realidade não há só um Big Brother a espioná-lo mas sim toda uma irmandade formada por praticamente cada e toda ferramenta da Internet que você usa.]
O Google admitiu, por meio de um documento
apresentado por seus advogados em uma ação judicial nos Estados Unidos,
que os usuários do Gmail não podem ter uma expectativa razoável de que a
confidencialidade de seus e-mails seja respeitada, segundo o jornal
britânico The Guardian.
“O Google finalmente admitiu que não respeita a privacidade”, disse John
Simpson, diretor do grupo de defesa dos direitos do consumidor Consumer
Watchdog. Ele qualificou o documento como “uma admissão assombrosa” e
afirmou que as pessoas deveriam tomar como verdade o que eles dizem. “Se
você respeita a privacidade de seus correspondentes, não use o Gmail”.
Um exemplo de como os e-mails são “lidos” pelo Google é a publicidade dentro do Gmail. Segundo
o Google, nenhum e-mail dos usuários é lido por humanos. O que
acontece, na prática, é que os “robôs” do Google (por meio de
algoritmos) scaneiam o conteúdo das mensagens para oferecer anúncios. De
acordo com a empresa, isso está bem claro nos termos de privacidade e
uso do Gmail.
Ação judicial
O Google apresentou o documento junto com uma petição para que seja
arquivado um processo movido contra a empresa por grupos de defesa do
consumidor. Segundo os reclamantes, o Google
“abre, lê e adquire ilegalmente o conteúdo das mensagens privadas de
e-mail das pessoas”. “Sem o conhecimento de milhões de pessoas,
diariamente e durante anos, o Google tem, sistemática e
intencionalmente, atravessado a ‘linha assustadora’ para ler mensagens
privadas que você não quer que ninguém conheça, e adquirir, coletar ou
garimpar informações valiosas daquele correio”.
Para os advogados do Google, os reclamantes estão “fazendo uma tentativa
de criminalizar práticas de negócio corriqueiras” e que “todos os
usuários do e-mail devem, necessariamente, esperar que seus e-mails
sejam submetidos a processamento automático”. Simpson, por sua vez,
disse que “enviar um e-mail equivale a entregar uma carta à agência do
Correio. Eu tenho a expectativa de que o Correio envie a carta ao
endereço do destinatário que está escrito no envelope, e não que o
Correio abra e leia a carta”.
Pois é! E ainda querem convencer a população internauta de que o quente é o "processamento em nuvem!" É mais vulnerável do que guardar dólares na cueca.
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