sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Cartolagem do futebol + parlamentares = assalto ao nosso bolso (pela bilionésima vez)

[É bom o povão ficar de olho, porque está gastando tempo e energia à toa indo para as ruas. Senadores, deputados, ministros togados e etc continuam viajando por conta da viúva p'ra cima e p'ra baixo, como se nada estivesse acontecendo. Só no governo da nossa doce guerrilheira o uso da JetFAB cresceu 39%. Além de globetrotter pela FAB às nossas custas, o presidente do Senado e do Congresso, Renan Calheiros, usa o Senado como cabide de empregos da família.  Nos três poderes da República há indícios hiperbólicos de gestação e gestão de malfeitos com a coisa pública.

Como os iguais se atraem e se cumpliciam, surge agora no horizonte um conluio  mal cheiroso entre parlamentares e cartolas de clubes de futebol para uma anistia abusiva, escandalosa e inaceitável das dívidas dos clubes com o governo, como nos relata abaixo o site Congresso em Foco em reportagem de Afonso Morais. Quem vai pagar essa conta é o povão que está nas ruas -- e o que não está, também.]

Além da ação para barrar o projeto de lei que tramita no Senado Federal impondo sanções civis a dirigentes esportivos, como revelou ontem (8) o Congresso em Foco, a cartolagem brasileira ataca em outra frente no Legislativo. Com o apoio reforçado do Ministério do Esporte, a meta é tentar zerar o maior montante do débito fiscal dos clubes de futebol, perto dos R$ 3 bilhões. O total pode chegar a R$ 4 bilhões, se somadas as dívidas trabalhistas e bancárias. [Esse montante é um bocado de dinheiro aqui e em qualquer lugar do mundo -- se ficar em R$ 3 bi será igual e se for R$ 4 bi será 33% maior do que o que a terna Dona Dilma afanou da Educação no primeiro ato de seu governo.]

Para a tarefa de criar o dispositivo mais apropriado e articular a empreitada, a bancada da bola escalou um de seus membros mais atuantes. O anteprojeto foi elaborado pelo deputado federal Vicente Cândido (PT-SP) [tinha que ser do PT ...], também vice-presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF) e sócio de Marco Polo Del Nero, presidente da FPF e vice da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), em um escritório de advocacia.

 Dirigente da Federação Paulista, deputado Vicente Cândido (PT-SP) articula proposta que beneficia os clubes. É bom guardar bem esse nome e essa cara. - (Foto: Valter Campanato/ABr).

A proposta do parlamentar atende pelo vigoroso nome “Proforte – Programa de Fortalecimento dos Esportes Olímpicos”. Após ser discutida, poderá ser apresentada em forma de medida provisória ou de projeto de lei.

Na prática, os clubes seriam perdoados em 90% do principal de suas dívidas de INSS, FGTS e Imposto de Renda, pagando apenas o saldo de 10% mais os juros e correção em infindáveis 240 meses (20 anos). Alguns deputados que participaram de reuniões organizadas informalmente por políticos dirigentes (na maioria presidentes de importantes times brasileiros) na Câmara, no entanto, discordam. Os parlamentares sugerem percentuais maiores a serem pagos pelos clubes. Há, ainda, aqueles que desejam a quitação total da dívida.

"Contrapartida social"

Já os defensores da proposta argumentam que não se trata de um “perdão” do governo, mas uma anistia, pois os clubes beneficiados deverão oferecer contrapartida social, abrindo espaços em suas agremiações para o treinamento e formação de novos atletas.  Historicamente, Flamengo, Vasco, Botafogo e Fluminense, por exemplo, são também tradicionais clubes formadores de atletas de alto rendimento. É nesse sentido que os times abririam as portas para formar competidores, compensando o benefício que devem receber do governo. É nesse contexto que também estão mergulhadas confederações, federações e clubes de esportes em geral. Assim, ao contrário da proposta original, o “perdão” poderá ser estendido às demais agremiações.

A discussão do projeto, que ganhou força com o apoio do Ministério do Esporte, recuou a partir dos protestos de rua, em junho, mas deverá voltar à pauta neste segundo semestre, como tem declarado publicamente o secretário de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor do Ministério do Esporte, Antônio José do Nascimento Filho. O Toninho, como é conhecido, é o homem de frente na negociação entre o Executivo e os deputados e promete persistir na ideia de “anistiar” os principais times brasileiros. No primeiro semestre, o secretário participou de um seminário sobre o tema na Câmara dos Deputados e de uma reunião na Comissão de Turismo e Desporto. Nas duas ocasiões, ele justificou sua atuação alegando que é preciso “modernizar” a gestão do futebol no país.

Reincidência

Esta é mais uma tentativa do governo federal de tentar receber dinheiro que lhe pertence. Ao longo dos últimos 15 anos foram promovidos três refinanciamentos (Refis) das dívidas, negociadas individualmente com cada clube. Como os débitos continuaram sem ser honrados, o governo criou uma loteria federal (Timemania), que repassa 22% de sua arrecadação para abatimento na referida dívida fiscal. Mais um fracasso, pois com premiação pouco atrativa, a Timenania não ajudou e a conta cresce a cada mês.

A justificativa do governo federal, via Ministério do Esporte, é que o futebol é negócio gerador de renda, que emprega bom número de pessoas e tem projeção internacional, e, como tal, não pode ser abandonado. Devedores, os clubes perdem frequentes rendas dos jogos e, agora, correm o risco de ficar sem os seus principais patrimônios, as sedes sociais e esportivas, para que sejam honrados compromissos fiscais e trabalhistas, principalmente.

A discussão, que deverá ganhar força nos próximos dias, recebeu um novo ingrediente esta semana: as Santas Casas de Misericórdia, centenárias instituições de filantropia na saúde, também começaram a pressionar o governo para ter solucionado um de seus principais problemas: débito fiscal estimado em R$ 11 bilhões. Afinal, se o Congresso Nacional se sensibiliza com os cartolas, por que desprezar as instituições de caridade?

Em nota, a assessoria do Ministério do Esporte diz que “o projeto em discussão dentro do governo não trata de anistia ou perdão, e sim da possibilidade de os clubes quitarem essas dívidas com uma parte em dinheiro, enquanto outra será trocada por formação esportiva, como escolinhas de natação ou de atletismo, por exemplo”. E conclui: “Essa proposta ainda segue em discussão no governo, sem versão final. Assim que concluída, será encaminhada ao Congresso Nacional para amplo debate”.

[Mais um desserviço do incompetente Aldo Rebelo ao país. No fundo, no fundo, querem abençoar e sacramentar gestões desastrosas, resultantes de pilantragens e incompetência, sem punir os responsáveis e penalizando os torcedores e os contribuintes em geral. Os quadros abaixo resumem e escancaram as diferenças abissais de gestão dos clubes brasileiros e dos clubes europeus (ver postagem anterior):

Indicadores Financeiros dos Clubes Brasileiros - clique na imagem para ampliá-la. 


Indicadores Financeiros de Clubes Europeus - clique na imagem para ampliá-la.
 
 
 
 
 


Um comentário:

  1. É lamentável constatar que o esporte no Brasil encontra-se contaminado a esse ponto. Os resultados dessa obra da pilantragem/cartolagem serão muito bem notados com os resultados dos próximos jogos olímpicos. Fiquem de olho e chorem! Nem só de futebol vivem todos os brasileiros.

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