Sob o título acima a prestigiosa revista The Economist publicou no dia 17 um interessante artigo, que faz um resumo bem didático sobre as dificuldades herdadas pela presidente, a natureza desses problemas e as medidas que ela teve e ainda poderá ter que tomar para eliminá-los ou minimizá-los.
O artigo comenta a decisão de Dilma de manter o novo salário mínimo em R$ 545,00, contra a pressão sindical para um valor maior. Diz também o artigo que ela poderia ter sido generosa e antecipado para 2011 parte dos enormes 13% que a fórmula de cálculo do aumento do salário mínimo poderá trazer para os trabalhadores em 2012, mas não o fez por causa do impacto que isso causaria nos salários dos funcionários públicos e na previdência, setores que têm sua gestão financeira afetada pelo salário mínimo.
É comentada a necessidade de Dilma conter os gastos públicos -- em 2008, empréstimos públicos e cortes de impostos ajudaram o Brasil a escapar do pior da grande recessão daquele ano, mas em vez de fechar as torneiras quando a economia voltou a crescer o governo deixou que os estímulos se transformassem em uma farra pré-eleitoral. Com isso, o governo não conseguiu cumprir o superávit fiscal (isto é, antes do pagamento das dívidas) de 3%.
O resultado é uma economia superaquecida -- a inflação está em 6%, bem acima da meta governamental de 4,5%; - a moeda é dolorosamente forte, e a taxa de desemprego é a menor desde que passou a ser registrada; - a taxa Selic está em 11,25% e já sofreu um aumento logo após a posse de Dilma.
O salário mínimo não foi o único a sentir o aperto do governo -- foi anunciado um corte de 50 bilhões de reais, cerca de 2,5% do orçamento aprovado pelo Congresso. A presidente excluiu cortar gastos com o Bolsa Família e com infraestrutura, mas pode ter que recorrer a novos impostos. Alguns analistas acham que ela terá que recorrer a investidores privados para conseguir melhorias na área de transportes, o que será uma meia-volta na sua posição durante a campanha eleitoral, quando acusou José Serra de ter tendências privatizantes. Mas Dilma tem poucas opções -- é essencial melhorar rodovias e aeroportos, para evitar embaraços na Copa de 2014 e nas Olimpíadas de 2016, e também para manter sustentável o crescimento do país a longo prazo.
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