Obras de arte doadas por autoridades e artistas (quadros, gravuras e tapetes) sumiram da Embaixada do Brasil em Paris -- até agora os funcionários deram falta de pelo menos 18 dessas peças. Ninguém sabe explicar como isso ocorreu, já que não há registro policial de roubo nas dependências da nossa representação. Tratado sigilosamente pelo Itamaraty, o caso rendeu uma sindicância, mas os funcionários encarregados da apuração não podem fazer nada, pois não contam com a ajuda de peritos e não têm o poder de polícia -- eles admitem que dificilmente chegarão aos responsáveis pelo saque e ao destino das peças.
O fato só foi descoberto porque nosso embaixador na França, José Maurício Bustani, logo após assumir o cargo em fevereiro de 2008, designou um funcionário brasileiro da embaixada para fazer um inventário de todas as obras de arte e de todos os móveis da embaixada e da residência oficial do Brasil na França. Essa iniciativa de Bustani é rara no meio diplomático brasileiro -- o novo embaixador tem que assinar o inventário deixado pelo antecessor e, por cortesia, não é comum conferir os dados constantes desse documento.
Alguns artistas, autores das obras doadas e desaparecidas, contatados por funcionários da embaixada ficaram indignados. Esse não é o primeiro caso de desaparecimento de acervo artístico nessa mesma embaixada -- em 2004 nosso então embaixador em Paris, Sérgio Amaral, mandou telegrama ao Itamaraty comunicando o sumiço de dois quadros da nossa embaixada na França. O Itamaraty mandou apurar, mas ninguém investigou a destinação delas.
O levantamento ordenado pelo embaixador Bustani serviu também para mostrar o completo descontrole em relação ao acervo do prédio -- é citado por esse diplomata, em um de seus telegramas ao Itamaraty, o caso de existir na antessala dele um quadro de Di Cavalcanti sem qualquer placa de identificação. Leia mais.
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