domingo, 13 de fevereiro de 2011

Onde estão os livros de autores nacionais?!

Toda semana dou uma olhada nas listas de livros mais vendidos do Globo e da Veja, e semanalmente fico desagradavelmente impressionado com a massacrante e preocupante predominância de autores estrangeiros nessas relações! O que está acontecendo com os autores nacionais?

As diferenças entre as duas listas citadas são mínimas, mas existem, o que é compreensível já que tais listas retratam essencialmente o que Rio e S. Paulo estão lendo, respectivamente, duas cidades de perfis culturais diferentes (apesar das fontes "nacionais" de informação que ambas as publicações citam). Na lista do Globo, por exemplo, na categoria "Ficção", fora a diferença de posicionamento de livros que também constam da Veja, há um autor nacional (carioca, por sinal), Eduardo Spohr, que não figura na lista da revista -- assim, o escore é de 3 a 2 do Globo para a Veja em termos de autores nacionais (num total de 10 livros listados).

Na categoria "Não Ficção" as duas listas diferem em um livro (e nas colocações dos demais) -- o "Vida", de Keith Richards, consta da Veja e não está listado no Globo, ao passo que o Justin Bieber, de Tori Kosaka, consta do Globo e não está na Veja.

Globo e Veja diferem também nas listas que apresentam: o Globo apresenta a lista "Livros Eletrônicos" (na qual, dos 5 livros citados nesta semana 2 são brasileiros) que inexiste na Veja, ao passo que esta apresenta a lista "Autoajuda e Esoterismo" que o Globo não aborda -- por sinal, é nessa lista da Veja que a presença brasileira é mais forte, 4 livros em 10.

As duas listas citadas refletem o baixíssimo prestígio e a fraquíssima repercussão de autores nacionais entre nossos leitores, especialmente na área de ficção, o que é profundamente lamentável e preocupante, e deveria merecer uma pesquisa sobre as razões desse descaso.

2 comentários:

  1. Amigo VASCO:

    O problema não está nos AUTORES BRASILEIROS.
    Está naquilo que produzem.
    Entrando em qualquer livraria, o que se vê são livros de AUTO-AJUDA que, parece, cairam no gosto do leitor brasileiro.
    Se quiser produzir um livro nesse gênero, é só pegar um tema, qualquer tema, e rechear seu texto com expressões do tipo: A MECÂNICA QUÂNTICA MOSTRA....., EINSTEIN DISSE QUE TUDO É RELATIVO...., O SER QUÂNTICO...., A NECESSIDADE DE SE TER UMA CONSCIÊNCIA CÓSMICA DO UNIVERSO...,e outras pérolas.
    Aí vende!!!!
    Não dá para lutar contra isso.
    Publicar um livro é difícil, e custa caro.
    Os direitos autorais beiram o preço de um cafezinho, por exemplar vendido.
    S´vale a SATISFAÇÃO de ver seu nome impresso em um livro.

    Abraços - LEVY

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  2. Caro Levy,

    Não concordo com você no que se refere ao conteúdo do que escrevem os autores brasileiros. Na área de ficção temos escritores muito bons -- citaria, por exemplo, Cristovão Tezza, Milton Hatoum, Bernardo Carvalho, João Gilberto Noll, entre outros -- cujas obras estranhamente não são frequentadoras de listas de livros mais vendidos. Sempre houve, infelizmente, um certo modismo entre nós de ler autores estrangeiros (quaisquer que sejam) e agora, com o dólar barato, a invasão dessas criaturas certamente é maior.

    O fenômeno da explosão de livros de autoajuda e esotéricos já ocorre há algum tempo e, a meu ver, não é exclusivo do Brasil. Acho que sempre existirá gente carente desse tipo de "apoio" e que não vive sem um livrinho desses. Acho, por exemplo, sintomático que a Veja -- que é uma revista de uma superficialidade imbatível e inevitável -- mantenha um acompanhamento sistemático desse tipo de "literatura".

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