[A notícia abaixo, publicada no Estadão do dia 12/7, mostra mais uma vez que a prevaricação rola solta no governo da nossa doce e terna ex-guerrilheira, uma moralista de fachada.]
Somente no primeiro semestre deste ano autoridades federais fizeram 1.664 solicitações de uso de aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB),
um aumento de quase 39% em relação aos pedidos feitos no primeiro
semestre do governo Dilma Rousseff, em 2011. Em média, nove autoridades
decolaram por dia em jatinhos oficiais de janeiro a junho.
Os políticos fazem solicitações individuais, mas pode haver
compartilhamento de voo. Os aviões levaram em seis meses chefes de 42
órgãos públicos federais e seu staff, além de possíveis caronas. A relação das viagens do primeiro semestre, fornecida pela FAB ao
Estado, revela o uso cada vez mais frequente da frota oficial por
autoridades no governo Dilma Rousseff. De janeiro a junho de 2013, a
média diária de solicitações foi maior que no mesmo período em 2011
(6,6) e em 2012 (8). Em 2011, foram 1.201 solicitações no período. No
ano passado, 1.471. Não raro, as autoridades decolam para cumprir agendas oficiais casadas a compromissos partidários ou privados.
Esses dados terão de ser enviados em 30 dias ao Senado, que aprovou
pedido de explicações sobre o uso da esquadrilha da FAB a partir de
2010 [ver postagem anterior]. Mas a Aeronáutica adianta que a relação de caronas em cada viagem
não será revelada. A justificativa é que a lista de passageiros é
descartada depois da chegada do avião ao destino.
Sem os nomes dos acompanhantes, a fiscalização de eventuais abusos no
embarque de pessoas não autorizadas, para fins privados, ficará
prejudicada. Por norma de segurança, as identidades dos ocupantes de um
jato têm de ser registradas antes da partida. Assim, se houver acidente,
é possível identificar vítimas. No caso da FAB, os dados ficam de posse
de um oficial, mas só temporariamente. “Após os pousos, não é feito o
arquivamento”, explicou ontem, em nota, a Aeronáutica.
O pedido de informações sobre voos da FAB foi feito pelo senador Aloysio
Nunes Ferreira (PSDB-SP) ao ministro da Defesa, Celso Amorim,
responsável pela FAB, e aprovado pela Mesa Diretora do Senado após três
autoridades federais devolverem recursos por uso supostamente indevido
dos aviões.
Copa. O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves
(PMDB-RN), pagou R$ 9,7 mil depois de o jornal Folha de S. Paulo revelar
que deu carona a parentes em viagem de Natal ao Rio de Janeiro, na qual
assistiram à final da Copa das Confederações e fizeram passeios. Primo
do deputado, o ministro da Previdência, Garibaldi Alves (PMDB-RN),
também voou à capital fluminense para ver o jogo e restituiu R$ 2.545
aos cofres públicos.
Já o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que foi de Maceió a
Trancoso (BA) para a festa de casamento do senador Eduardo Braga
(PMDB-AM), desembolsou R$ 32 mil, depois de revelada a viagem. [Esse pessoal que não vale o ar que respira só se coçou depois que a imprensa jogou sua malandragem no ventilador.]
Os três são alvos de investigações preliminares do Ministério Público
Federal, que apura se houve improbidade administrativa e se o cálculo
das devoluções foi correto.
Aloysio Nunes diz que, se houver omissão da Defesa sobre os voos, vai
insistir nos questionamentos via Lei de Acesso à Informação e acionar o
Tribunal de Contas da União, que fiscaliza o uso de recursos públicos no
Executivo federal. “Acho estranho uma força absolutamente profissional e
tão bem organizada quanto a FAB não guardar registro sobre a ocupação
das aeronaves que estão sob sua responsabilidade”, critica o tucano.
“Como é uma operação que envolve dinheiro público, deve haver o registro
dela. Não é uma coisa que se escreve num papel de padaria e joga fora". [Concordo com o senador do PSDB. Só idiotas jogam fora comprovações de que foram usados para objetivos nada ortodoxos. Ou então, esses caras são "inocentes" (in)úteis. Em qualquer das hipóteses, deveriam ser demitidos.]
Campeão. No primeiro semestre deste ano, ninguém
voou tanto quanto o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que decolou
110 vezes, na maioria dos casos a partir ou para São Paulo, onde tem
residência permanente. Padilha é cotado para disputar o governo do
Estado pelo PT. Ele explica, por meio de sua assessoria, que a agenda
para pactuar políticas do Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o País
exige o uso de aeronaves.
No ranking dos que mais voam pela FAB, figuram os titulares do
Desenvolvimento, Fernando Pimentel (101), da Justiça, José Eduardo
Cardozo (91), e do Esporte, Aldo Rebelo (81). Os ministros alegam
cumprir as regras do decreto presidencial 4.244, que regulamenta o
transporte pela FAB, e atribuem os voos recorrentes à extensa lista de
atribuições em todo o País.
Veja também:
Procuradoria investigará Renan e Garibaldi por uso de voo da FAB
Governo diz que Ministro da Previdência vai pagar pelo uso de avião da FAB
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