Nossa doce, terna e eternamente sorridente Dona Dilma, nossa mui cara (lato sensu) Dama de Ferrugem, está numa fase de transição ou de muda, se quiserem. Está saindo da fase dos voos de galinha em sua política (lato sensu) econômica, e entrando na fase da dança dos tangarás (como diz o jornalista Jorge Bastos Moreno, do Globo) -- um passo à frente, um passo atrás.
Do alto de sua nanomicrométrica competência, nossa polida Dama de Ferrugem chegou a afirmar categoricamente em maio do ano passado que "nós estamos 100% preparados para a crise, 200% preparados, 300% preparados". Na fase galinácea de seu governo, nossa afável ex-guerrilheira cansou a beleza e o fôlego dela e do país na cruzada perdida do estímulo ao consumismo, deu com os nossos burros n'água e deixou o país periclitante em todos os fundamentos econômicos e na marca do pênalti das agências de classificação de risco. Não contente com isso, desandou a maquiar as contas públicas para torná-las ficticiamente favoráveis, achando que os órgãos financeiros internacionais são idiotas e não perceberiam sua trampolinagem, e acabou levando um puxão de orelha do FMI por causa disso.
Um monstrengo, misto de cria política e conselheira estratégica do NPA (Nosso Pinóquio Acrobata, Lula), nossa supersimpática Dona Dilma elegeu-se com folga e em dois anos de governo, com meio mandato, escancarou toda sua imensa incompetência política e executiva, revelou-se uma gestora absolutamente inepta e intratável e acabou criando as condições finais para que o povo fosse às ruas e desabafasse seu protesto contra as lambanças que infernizam sua vida, particularmente na última década.
Jogada contra as cordas, vaiada em público, nossa serena ex-guerrilheira ficou perdidinha e mergulhou na dança dos tangarás. Mas, antes disso, fingindo que nada acontecia em nossas ruas, janelas e praças, ficou duas semanas tocando "normalmente" sua agenda como se estivéssemos com céu de brigadeiro, mar de almirante e as ruas vazias. De repente, acordou e danou-se. Propôs a convocação de uma Constituinte e cinco pactos sociais, como "resposta às ruas". A ideia da Constituinte não durou 24h, foi imediatamente morta e sepultada por juristas e políticos. Inconformada com essa ousadia de seus adversários, voltou ao centro do ringue e pariu outro rato: um plebiscito popular para pesquisar que reforma política o povo quer.
A proposta do plebiscito vem sendo mais bombardeada que Berlim pelos Aliados -- do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) aos políticos da base política trincada do governo, todos criticam a complexidade, o prazo exíguo, o custo, a oportunidade e a eficácia dessa consulta. Além da burrice de ignorar que a iniciativa para isso não pode ser do Executivo, mas sim do Legislativo. O tal do plebiscito foi derrubado e ressuscitado pelo vice-presidente Michel Temer num mesmo dia, em pouquíssimas horas, e continua no limbo.
Com a leveza de um elefante, nossa cortês Dona Dilma continua com sua dança dos tangarás no tocante à importação de médicos estrangeiros, apesar de ninguém querer saber dessa dança -- à exceção talvez do interesseiro ministro da Saúde, Alexandre Padilha, por razões políticas, já que pretende concorrer ao governo de S. Paulo. Inicialmente, a lista de importados incluía médicos portugueses, cubanos e espanhóis. Agora, sem mais nem menos, os cubanos foram excluídos da lista. Com essa firmeza de decisões e rumos, oscilando entre voos de galinha e a dança dos tangarás, nossa gentil ex-guerrilheira vai empurrando o país p'ro buraco e enchendo a nossa paciência.
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