Como o Brasil é constitucionalmente um país laico e estamos a pouco mais de um ano das eleições, nossa supersimpátca ex-guerrilheira resolveu mergulhar de cabeça no sincretismo religioso tupiniquim e já acionou a área de planejamento e logística do governo -- esse fantástico setor dos governos petistas mal compreendido por todo mundo e há mais de mês pelas multidões que ocupam nossas ruas, praças e janelas -- para estocar o que for necessário para garantir o mais completo sucesso dessas audiências. Por conta disso, a Granja do Torto (o lugar já tinha esse nome antes do NPA se fartar de boas ideias) já começou a receber galinhas pretas, cabritos pretos, charutos, cachaças, garrafas de ayahuasca (a bebida do Santo Daime), galhos de arruda, incenso, água benta, amuletos, figas, cópias autenticadas do Santo Graal (feitas por uma subsidiária da Delta Engenharia), fitas do Senhor do Bomfim, e outros que tais.
Ainda atarantada com as vaias recentes, as passeatas em andamento, os sábios conselhos de Aloizio Mercadante e Franklin Martins (Constituinte, plebiscito, etc), o brilho ofuscante de Guido Mantega, um PIB com complexo de inferioridade e uma inflação mais rebelde que o povão que ruge há mais de mês, nossa cativante Dona Dilma resolveu começar sua fase simpatia, quase amor recebendo um grupo de representantes do movimento LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e travestis) no Planalto. Antes, teve a precaução de nomear uma comissão formada por Gleisi Hoffmann, Ideli Salvatti e Gilberto Carvalho para montar uma esquema de segurança para não deixar que a delegação visse o primeiro exemplar do kit "Cura Gay" que recebera como gentileza do pastor Marco Feliciano. Nessa comissão ficou proibida a participação da Abin - Agência Brasileira de Inteligência, para evitar que seus membros tivessem uma encefalite para bolar uma camuflagem para o kit.
Como essa reunião fez com que o discreto e educado pastor Silas Malafaia a esculhambasse pelo Twitter -- dizendo que "Dilma tem recebido até "vadias", mas esqueceu dos evangélicos" -- e nossa cativante ex-guerrilheira detesta e é contra grosserias, ela resolveu receber uma delegação de evangélicos ontem, liderada pelo pastor Marcelo Crivella (que nas horas vagas é ministro da Pesca e Aquicultura, de que não entende lhufas). Entre os presentes na delegação estava a bispa Sônia Hernandes, que em 2008 foi condenada a cinco meses de prisão em regime fechado e cinco em regime domiciliar, junto com o marido, bispo Estevam Hernandes. Eles foram acusados de tentar entrar ilegalmente nos EUA com dólares não declarados. Dona Dilma ainda está ressabiada, sem saber ao certo a intenção de Crivella ao botar essa bispa na comitiva. Mas, como ela leva em média duas semanas para chegar a uma conclusão -- ver, por exemplo, sua primeira reação à campanha das ruas -- ainda há tempo p'ra ver se o Crivella estava de molecagem ou de pieguice mesmo.
Nossa Dama de Ferrugem deu um show, esgotou seu parco estoque de sorrisos e chegou até a rezar com os evangélicos, numa cena comovente capaz de converter Carlinhos Cachoeira. Teremos ainda cenas memoráveis pela frente, quando a cria, tutelada, protegida e liderada do NPA fumar charuto, beber cachaça, receber santo e beber um traguinho da bebida do Santo Daime (no quesito bebidas ela matará de inveja o NPA).
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PS
- Nossa terna e supersimpática Dama de Ferrugem está chateadíssima com o fato de o Papa Francisco não ir a Brasília e ao Planalto -- seria o ápice de seu ecumenismo de palanque.
- Os romeiros que forem ao santuário de Dona Dilma no Planalto serão transportados pela JetFAB, com direito a pipoca e a um santinho de campanha da anfitriã.
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