[Nossa superdoce ex-guerrilheira, a mãe do PAC, a eternamente sorridente Dona Dilma está mais perdida que cego em tiroteio. Não bastassem a economia que não engrena, o PIB que não cresce, a inflação que não cede, a base aliada se engalfinhando, o povo nas ruas, os caminhoneiros nas estradas, o BNDES e a Caixa Econômica pendurados no derretimento do "X" do Eike Batista, o NPA hibernando mudo e quedo enquanto o circo pega fogo, a Fifa mandando e desmandando no patropi, etc, etc -- ela deu dois tiros no pé, tentando sossegar o povão que continua nas ruas. Autoritária e julgando-se autossuficiente, pariu e abortou dois ratos: a Constituinte e o plebiscito. Incompetente e pessimamente assessorada -- quem promove uma nulidade chamada Aloizio Mercadante a assessor especial onipresente e desenterra o pernicioso Franklin Martins para também dar-lhe conselhos tem que pagar um preço -- nossa Dama de Ferrugem deu com os burros n'agua nas duas opções que escolheu. O texto abaixo é de Igor Gielow, diretor da sucursal de Brasília da Folha de S.Paulo, e foi publicado hoje pelo jornal. O que estiver entre colchetes e em itálico é de minha responsabilidade.]
Humilhado, governo tenta evitar crise na base
Igor Gielow - Diretor da sucursal da Folha de S. Paulo em Brasília - 04/7/2013
O enterro do plebiscito para forçar uma reforma política, anunciado agora há pouco,
é uma tentativa do governo em evitar o pior: o descontrole total de sua
base parlamentar, que já insinuou abrir múltiplas caixas de Pandora
desde que o Planalto deu sua resposta aos protestos nas ruas
brasileiras.
Em menos de duas semanas, a articulação política de Dilma Rousseff
passou da ousadia à humilhação. Tudo começou na segunda-feira passada,
quando a presidente anunciou que proporia um plebiscito visando formar
uma constituinte exclusiva para a reforma política.
A ideia durou menos de 24 horas, basicamente porque esqueceram de
consultar os constitucionalistas sobre sua legalidade. E o
vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP) é um deles, e dos respeitados.
Ainda assim, o governo insistiu na ideia do plebiscito. Fazia sentido:
os protestos de junho passam por uma crise de representatividade.
Logo, parecia lógico dar ao povo algum instrumento de inserção no
processo político -- ainda que a consulta prévia pareça incompatível com
uma discussão complexa como a da reforma, e que ela era a preocupação de
apenas 1% dos manifestantes sondados pelo Datafolha em um dos atos em
São Paulo.
O problema então foi tentar passar o caso ao Congresso, que ficou com a
batata quente. Todos na base aliada sorriram em público e disseram que o
plebiscito era uma ótima ideia. A oposição disse que um referendo, ou
seja, uma consulta posterior, fazia mais sentido.
Nos bastidores, o que houve foi a reação ao atropelamento do Congresso.
Aos poucos, referendo virou discurso na base também. Os caciques do PMDB
que mandam no Congresso, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), Renan
Calheiros (PMDB-AL) e Eduardo Cunha (PMDB-RJ) trataram de preparar o
velório do plebiscito e a desengavetar projetos relativos à reforma
política.
Até no PT a resistência cresceu, ainda que a mensagem de Dilma com as
sugestões de perguntas do plebiscito emulasse o que Luiz Inácio Lula da
Silva [o NPA, Nosso Pinóquio Acrobata] sempre quis em termos de reforma política.
Enquanto isso, na sua versão de resposta às ruas, o Congresso passou a
aprovar com fúria legislativa quase tudo o que lhe dava na cabeça. Esse
descontrole é perigosíssimo para o governo, seja por populismos que
destruam ainda mais as portas dos cofres públicos, seja por ideias que
não lhe interessam que apareçam, como discutir o fim da reeleição.
Atuando agora como bombeiros do incêndio iniciado pelo Planalto, Temer e
o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) trataram de encenar hoje o
funeral do plebiscito com alguma dignidade.
Ao analisar o tombo que os protestos deram na popularidade de Dilma,
marqueteiro João Santana apontava a aprovação ao plebiscito (68%,
segundo o Datafolha) como uma "porta de saída" para a crise.
Agora, com o plebiscito adiado para o ano que vem ou para as calendas
gregas, uma vez que parece inevitável que alguma reforma política ocorra
nos ritos regulares do Congresso, cabe perguntar qual "porta" resta ao
Planalto. Especialmente se as ruas, que acalmaram após o fim da Copa das
Confederações, resolverem se mexer de novo.
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