terça-feira, 23 de julho de 2013

Brasil tem deficit semestral que é recorde histórico nas transações com o exterior

[Nosso país está há meses economicamente doente -- à parte a corrupção endêmica -- e só nossa doce e cativante Dona Dilma e seus 39 lacaios não percebem. Quando se derem conta, talvez já estamos com terra e cal por cima. A reportagem abaixo é da Folha de S. Paulo de hoje, da jornalista Mariana Schreiber da sucursal de Brasília. O que estiver entre colchetes e em itálico é de minha responsabilidade.]

O saldo negativo nas transações correntes do Brasil com o exterior foi recorde no primeiro semestre deste ano, somando US$ 43,5 bilhões, valor muito superior ao rombo registrado de janeiro a junho de 2012 (US$ 25,2 bilhões), informou nesta terça-feira (23) o Banco Central. Essas transações incluem as trocas comerciais de bens e serviços, como viagens e aluguéis de equipamentos, além das transferências de renda, como remessa de lucros e pagamento de juros.

O rombo recorde reflete um desempenho fraco da balança comercial -- que é influenciado por uma queda nas exportações e por um aumento das importações. Mas também do impacto de uma mudança na forma de a Petrobras registrar suas compras de combustível no exterior. 

Também influencia esse resultado o valor recorde de gastos com viagens de brasileiros ao exterior, que atingiu R$ 12,3 bilhões no primeiro semestre. Em junho o deficit ficou em US$ 4 bilhões, valor pouco menor que o registrado um ano antes (US$ 4,4 bilhões).

Essa queda, porém, foi impactada por uma operação de exportação. A Petrobras "exportou" uma plataforma de petróleo para subsidiárias no exterior. A operação é apenas contábil, contudo, pois o equipamento não saiu do país. A operação significou US$ 1,6 bilhão a mais no saldo comercial de junho. 

O chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, observa que a desvalorização do real é a primeira barreira de proteção para conter a disparada do deficit, ao encarecer bens e serviços adquiridos no exterior e tornar nossas exportações mais competitivas.  No entanto, destaca, isso tem efeito defasado. Maciel acredita que o dólar mais alto terá impacto gradativo na melhora da balança comercial ao longo do segundo semestre do ano.

A projeção do BC é que o saldo entre exportações e importações, que hoje está negativo em US$ 3 bilhões no acumulado do semestre, feche o ano positivo em US$ 7 bilhões.  Além disso, ele também espera um arrefecimento nos gastos de turistas brasileiros no exterior. "Historicamente, vemos reação de despesas com viagem à variação de cambio. Contudo, nem sempre a resposta é imediata. Esses gastos não mostraram ainda moderação", afirmou.

 Retrato das contas externas -- resultado negativo é recorde (clique na imagem para ampliá-la). -- (Ilustração: Editoria de Arte/Folhapress).

Os gastos de brasileiros com viagens a outros países foi recorde para meses de junho, somando US$ 1,9 bilhão. Em julho esses gastos continuam fortes, disse Maciel, tendo somado US$ 1,471 bilhão até dia 19. 

Investimento produtivo

O destaque positivo de junho ficou com a entrada expressiva de investimento produtivo, que somou US$ 7,2 bilhões, maior valor para o mês desde 2007 e mais do que suficiente para cobrir o deficit na conta corrente no mês.  Segundo Maciel, o número ficou acima do que esperava o BC, mas não se trata de algo "extraordinário", pois a entrada de investimento produtivo tem se mostrado forte há vários meses. 

No acumulado do semestre, apesar do número também ser robusto (US$ 30 bilhões), ele não foi suficiente para cobrir o rombo recorde nas transações de bens, serviços e rendas.  O investimento produtivo é considerado pelo BC como a melhor forma de cobrir esse rombo porque ele costuma ser menos volátil que os investimentos financeiros.

Renda fixa e ações

Outro destaque da conta capital e financeira -- que registra a entrada e saída de investimentos do país -- foi a entrada de US$ 7,2 bilhões para aplicações de renda fixa.  Esse fluxo expressivo refletiu a retirada do impostos sobre investimentos estrangeiros nessas aplicações, em 5 de junho. 

Por outro lado, houve forte saída de recursos que estavam investidos em ações (US$ 3,7 bilhões), o que indica uma realocação desses investimentos para renda fixa, disse Maciel.  Além disso, vale destacar que junho foi um mês de grande instabilidade nas bolsas por causa da expectativa de retirada de estímulos econômicos pelo Fed, o banco central americano. 


[O jornal Valor Econômico de ontem nos deu uma notícia que só faz tornar esse cenário ainda mais preocupante: os setores industriais desonerados pelo governo ainda perdem para importados.  Até agora, a desoneração da folha de pagamentos e a alíquota adicional no Imposto de Importação não tiveram o efeito esperado sobre o comércio exterior brasileiro. Mesmo com os estímulos fiscais, que aumentam a competitividade da indústria instalada no país, a importação de mercadorias produzidas pelos setores beneficiados ganhou ainda mais peso na balança comercial do país.

Levantamento feito pelo Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor, mostra que, nos últimos 11 meses, os desembarques de itens beneficiados nos setores citados somaram US$ 60,4 bilhões, 28,4% do total importado pelo país no período (US$ 212,4 bilhões).

Os setores desonerados também não conseguiram avançar no mercado externo. No período analisado, suas exportações caíram 8,4%, mais do que a média das exportações totais do país, de 6%. "As desonerações não atuaram de forma a inverter a trajetória do comércio exterior", confirma Rodrigo Branco, economista da Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex).
 
Trocando em miúdos: a desoneração fiscal do governo virou uma mágica besta e inútil, não resolveu, continua não resolvendo e não resolverá nunca os problemas cruciais do país. Nossa supersimpática Dona Dilma, nossa Dama de Ferrugem, é uma mala sem alça.]

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