O jornal inglês The Guardian de ontem revela detalhes impressionantes, vazados pelo WikiLeaks, da forte e nada ética pressão diplomática americana para forçar os países europeus a usarem alimentos geneticamente modificados ("GM") -- também chamados de transgênicos -- dos quais os EUA são os maiores produtores. A história teria começado com iniciativas da França, no final de 2007, de banir o uso de uma variedade de milho GM da Monsanto, o que teria feito com que o embaixador Craig Stapleton solicitasse a Washington que punisse a União Européia (UE) e, em particular, os países que se opusessem a plantações de alimentos transgênicos. A recomendação era de que se fizesse uma lista de países a serem retaliados, de modo a causar incômodo e problemas através de toda a UE mas com ênfase também nos países mais problemáticos.
Os telegramas vazados falam de forte pressão sobre o Vaticano para apoiar os alimentos GM, porque muitos bispos em países em desenvolvimento eram fortemente contrários aos transgênicos. Mas os EUA sofreram um revés nessa manobra quando, em 2008, o cardeal Renato Martino, o principal representante do Papa na ONU, retirou seu apoio aos EUA nessa questão. Leia mais.
A questão da produção e uso de transgênicos no Brasil sempre foi caracterizada por muita polêmica por parte de ONGs, por exemplo (veja a posição da Greenpeace Brasil), e, de longa data, de um sistemático e ensurdecedor silêncio da parte de seguidos governos brasileiros a esse respeito. Os ministérios da Agricultura, da Saúde e do Meio Ambiente têm a obrigação de expor detalhadamente o assunto à população em todos os seus prós e contras. E, evidentemente, o Congresso Nacional tem que participar dessa análise e desse debate.
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