quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Mudança climática teria contribuido para a queda do Império Romano

O jornal Le Monde de ontem publica um resumo de um interessante estudo divulgado na revista Science sobre a influência que a mudança climática teria exercido em um período da história, em particular sobre a queda do Império Romano.

Antigamente, a grandeza e a decadência dos impérios eram atribuídas à vontade dos deuses, mas em realidade isso talvez devesse ser creditado à variabilidade do clima. É o que tende a provar um estudo de 9.000 amostras de madeira, dos anéis ou círculos que atestam a idade das árvores, que demonstra que os verões brandos foram sem dúvida a chave para o crescimento do poderio do império romano, ao passo que as secas prolongadas, as ondas de frio e outras alterações climáticas teriam tido influência em movimentos de subversão históricos, nas invasões bárbaras que aceleraram o desmoronamento de Roma e na peste negra que dizimou uma grande parte da Europa medieval. As amostras citadas foram recolhidas nos últimos trinta anos, por arqueólogos que analisam os chamados "anéis ou círculos de crescimento" das árvores para determinar a idade de sítios antigos (uma técnica denominada dendrocronologia).

Os pesquisadores conseguiram levantar dados sobre o clima europeu desde 2.500 anos atrás. Com isso, conseguiram evidenciar uma correlação entre os eventos históricos e as evoluções climáticas mostrando, por exemplo, que nos períodos de estabilidade social e de prosperidade -- como quando da ascensão do Império Romano entre 300 AC e 200 DC -- a Europa passou por verões quentes e, sobretudo, úmidos, ideais para a agricultura. Condições climáticas similares acompanharam o apogeu da Europa medieval, entre os séculos XI e XIII. Inversamente, os períodos de instabilidade climática correspondem a épocas mais atribuladas no lado político. As mudanças climáticas que afetam principalmente a produção agrícola constituem-se em fatores que "amplificam as crises políticas, sociais e econômicas", avalia o estudo. Leia mais no artigo do Le Monde referido no início desta postagem.

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