terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Mundo tem mais que um Brasil de desempregados

O desemprego global vai ultrapassar a marca de 200 milhões de pessoas neste ano, afirmou a Organização Internacional do Trabalho (OIT) em seu relatório anual nesta terça-feira, repetindo um alerta que tem feito no início de cada um dos últimos seis anos. A agência da Organização das Nações Unidas estima que o desemprego vai subir em 5,1 milhões neste ano, para mais de 202 milhões de pessoas, e mais 3 milhões em 2014, após um aumento de 4,2 milhões em 2012.

Se essas previsões estiverem certas, o desemprego global atingirá um recorde. Mas a OIT revisou para baixo seus números de desempregados a cada ano, já que cresceu o número de pessoas que desistiram de buscar um trabalho, o que significa que já não são classificadas como desempregadas.

Uma análise da Reuters de relatórios anteriores da OIT mostrou que as estimativas de desemprego feitas em cada um dos últimos seis anos foram posteriormente reduzidas. O índice original de desempregados em 2007 de 189,9 milhões está agora em 168 milhões, queda de 11%. Números de 2008 a 2010 também caíram em 10 a 15 milhões em relação às estimativas originais. A maior parte da queda é devido às pessoas que desistiram de procurar emprego, disse o diretor de análise do mercado de trabalho da OIT, José Manuel Salazar-Xirinachs. "São pessoas que, por causa da gravidade da crise, por causa do desemprego de longa duração, desistiram da esperança, decidiram não procurar mais emprego, e, portanto, não são contadas como desempregadas, mas como desanimadas", disse. [Essa diferenciação ridícula entre "desempregados" e "desanimados" soa como péssimo humor negro.]

Os números revisados da OIT significam que o desemprego global aumentou em 28 milhões desde 2007, antes do início da crise financeira, disse o diretor-geral Guy Ryder. Com mais 39 milhões de pessoas "desanimadas" retiradas do mercado de trabalho no mesmo período, a crise poderá ser apontada como responsável por criar uma lacuna global de empregos de 67 milhões, afirmou.

[Vale incluir algumas informações adicionais disponíveis no próprio site da OIT. É estranha a falta de menção específica aos EUA.

Economias desenvolvidas
  • As condições da crise voltaram em grande parte à região e a perda de interesse dos investidores por causa do risco na Europa está se difundindo mais extensamente.
  • O desemprego juvenil é particularmente grave na Europa, superando 50 por cento em alguns países. Um número cada vez maior de jovens abandonou a busca por trabalho.
  • Quase 34 por cento dos que buscam trabalho estavam desempregados por 12 meses ou mais, diante de 28,5 por cento antes da crise.
Europa Central (fora da UE) e Comunidade de Estados Independentes
  • O mercado de trabalho melhorou de forma moderada, mas perdeu ímpeto.
  • O desemprego, que atingiu seu ponto mais alto de mais de 10 por cento em 2009, diminuiu até 8,2 por cento em 2012, e se espera que caia um pouco em 2017.
  • A participação da força de trabalho aumentou apesar do envelhecimento da população.
  • O emprego informal continua sendo o principal desafio.
América Latina e Caribe
  • A região se recuperou mais rapidamente da crise do que outras e as condições do mercado laboral continuam melhorando.
  • Em 2012, o desemprego se situava em 6,6 por cento. Mudou pouco em comparação com o ano anterior e é baixo se comparado com 2009 (7,8 por cento).
  • O emprego informal continuou diminuindo ainda que permaneça significativo.
  • O número de trabalhadores pobres se reduziu em alguns casos de maneira considerável.
  • A produtividade laboral melhorou moderadamente e está previsto que diminua ainda mais, o que constitui uma limitação importante para as futuras melhorias nas condições de vida e de trabalho.
Ásia Oriental
  • Com a desaceleração da atividade econômica, os mercados laborais se mostraram lentos.
  • A taxa de desemprego permaneceu baixa, em 4,4 por cento em 2012, mas o desemprego juvenil se situou em 9,5 por cento.
  • O emprego cresceu somente 0,5 por cento, ou 4,5 milhões.
  • O crescimento da produtividade laboral foi de 6,1 por cento em 2012 e está
    previsto que aumente até 6,8 por cento em 2013.
Sudeste Asiático e Pacífico
  • A recuperação da crise econômica reflete-se nos mercados laborais.
  • Os mercados laborais permaneceram difíceis para os jovens, mas o desemprego juvenil mostrou uma tendência de queda.
  • O progresso na redução do emprego vulnerável continua desigual. Em 2012, 185 milhões de pessoas, ou mais de 61 por cento das pessoas empregadas na região, tinham empregos vulneráveis.
Sul da Ásia
  • O crescimento econômico debilitou-se e não apresentou números significativos de empregos e trabalho decente.
  • As taxas de desemprego se mantiveram baixas, estimadas em 3,8 por cento em 2012, mas o desemprego juvenil se estimava em 9,6 por cento.
  • Uma parcela maior de trabalhadores permaneceu na agricultura, no setor informal urbano ou em empregos sem proteção no setor formal.
  • O objetivo de criar mais trabalho decente será ainda mais difícil de alcançar em 2013.
  • Existem grandes diferenças em termos de qualificação e educação: muitas pessoas na região saem da escola ou universidade sem as qualificações que as empresas precisam. Muitos destes jovens “fazem fila” no setor público para conseguir um emprego.
Oriente Médio
  • À medida que o crescimento econômico se desacelera em grande parte da região, o desemprego está aumentando de novo depois de uma queda durante a maior parte dos anos 2000.
  • O desemprego superou 10 por cento em 2012, o desemprego juvenil se situava acima de 26 por cento. Prevê-se que as taxas de desemprego juvenil aumentem ainda mais.
  • Existem grandes diferenças dentro da região: os países exportadores de petróleo do Golfo geralmente têm taxas de desemprego baixa de somente um dígito.
  • Nos países do Golfo, o emprego público se expandiu com a intenção de enfrentar as consequências negativas do alto desemprego para seus cidadãos.
Norte da África
  • O desemprego subiu para 10,3 por cento em 2012, um dos níveis mais altos de todas as regiões.
  • Em 2012, a taxa de desemprego juvenil masculina foi mais de três vezes superior a dos adultos e a taxa para as mulheres jovens foi mais de seis vezes mais alta que a dos homens adultos.
  • Quase 20 por cento dos trabalhadores vivem com suas famílias com menos de 2 dólares por dia.
  • Uma alta proporção de trabalhadores está no setor informal sem proteção social adequada.
África subsaariana
  • O crescimento econômico continuou forte em 2012 e os níveis de desemprego se mantiveram estáveis em cerca de 7,5 por cento.
  • A participação da força de trabalho manteve-se alta, refletindo a vulnerabilidade dos trabalhadores que não podem abandonar o mercado laboral.
  • A proporção dos trabalhadores em empregos vulneráveis diminuiu, mas continua sendo extremamente alta, de 7,7 por cento em 2012.
  • A produtividade laboral continua muito baixa, particularmente na economia informal.]

 


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