Bastou um mês [no poder] a um dos ministros japoneses para insultar milhões de eleitores, ao sugerir que as pessoas idosas representam uma carga desnecessária para as finanças do país. O responsável pelas finanças no novo governo, o ministro Taro Aso, disse ontem que se deveria permitir aos anciãos que "se apressem e morram", para aliviar assim o gasto incorrido pelo Estado em seu tratamento.
"Deus não quer que alguém seja obrigado a continuar vivendo, se o que ele quer é morrer. Me despertaria cada vez pior sabendo que todo o tratamento está sendo pago pelo governo", disse Aso em uma reunião do Conselho Nacional sobre a reforma do sistema previdenciário. "Não resolveremos o problema até que deixemos que se apressem e morram", informa o jornal britânico The Guardian.
População envelhecida
Muito provavelmente, as palavras de Aso terão consequência no seio da população, na qual quase 25% dos 128 milhões de japoneses têm mais de 60 anos. E as previsões indicam que essa porcentagem pode chegar a 40% nos próximos 50 anos.
Aso, de 72 anos, que também ocupa o posto de vice-Primeiro Ministro, assegurou que recusaria os cuidados no caso de se encontrar em estado terminal. "Não necessito desse tipo de cuidados", disse à mídia local, acrescentando que havia deixado um comunicado à sua família pedindo-lhe que não seja submetido a tratamento médico algum destinado a mantê-lo com vida.
O atendimento aos idosos representa todo um desafio para o capenga serviço social japonês. Segundo um relatório recente, quatro de cada dez lares recebem algum tipo de ajuda social, por incluir um membro de mais de 65 anos. Outro desafio é o número crescente de pessoas que morrem sozinhas. No ano de 2010, 4,6 milhões de idosos viviam sozinhos, segundo dados oficiais.
O governo pretende reduzir o gasto com serviços sociais em seu próximo orçamento, que deverá ser aprovado em abril e deverá ser anunciado nos próximos dias ou semanas.
O ministro das Finanças japonês Taro Aso, em uma coletiva de imprensa no dia 15 deste mês - (Foto: AFP).
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