[Quem se der ao simples trabalho de digitar "CSA" no link de busca do site do Globo, por exemplo, encontrará notícias tais como:
- Ministério Público investiga aval à operação de alto-forno da CSA
- Prefeitura do Rio ordena interdição da CSA por falta de licença
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Oferta de aquisição da CSA derruba ações da CSN
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Siderúrgica CSA é multada em R$10,5 mi por problemas ambientais
- Moradores denunciam nova chuva de prata nos arredores da CSA
-
CSA vira elefante branco, está à venda e pode fechar alto-forno
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Pressionada, ThyssenKrupp estaria disposta a vender CSA por menos de 5 bilhões de euros
Vou parar por aqui, porque todos nós temos mais o que fazer. Pois bem, é exatamente essa siderúrgica que o governo quer ajudar a CSN a comprar com dinheiro do BNDES, sob a alegação de criação de uma "forte usina nacional". Vamos à notícia do Globo de hoje.]
Com o objetivo de criar um grande grupo siderúrgico nacional, o BNDES
recebeu aval do governo federal e deu início às negociações para entrar
numa operação que vai permitir à CSN comprar a parte da alemã
ThyssenKrupp na Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), localizada em
Santa Cruz, Zona Oeste do Rio. A confirmação é de fontes do alto escalão
do Executivo, que destacam que as discussões estão apenas começando.
Reportagem do jornal “Valor Econômico” desta terça-feira informa que o
aporte do banco federal deverá chegar a R$ 4 bilhões. Técnicos das áreas
envolvidas afirmam que o valor será menor, sem adiantarem a cifra.
A ideia do governo ao apoiar o negócio é ficar com o controle da CSA,
hoje dos alemães, pois outras empresas brasileiras importantes do setor
já estão nas mãos de estrangeiros. A antiga CST e a Acesita estão em
poder da anglo-indiana ArcelorMittal, e a Usiminas, desde o ano passado,
é comandada por argentinos e japoneses. Nos dois casos, a CSN tentou
comprar os ativos, mas não conseguiu. Assim, ao apoiar a CSN na disputa pela CSA, o governo seguiria na
estratégia de ajudar na criação de grandes grupos nacionais. Operações
semelhantes já foram feitas pelo BNDES no setor de frigoríficos, por
exemplo. As negociações, no entanto, estão sendo feitas de forma reservada pelo
governo, porque as empresas têm ações na bolsa e a divulgação de que o
BNDES vai entrar no negócio pode inflar o valor dos papéis, o que
forçará o banco a elevar o valor dos aportes.
Em maio do ano passado, a Thyssen comunicou oficialmente a intenção de
vender sua fatia na CSA, projeto que acumulou problemas para a gigante
alemã. A siderúrgica de Santa Cruz recebeu multas por questões
ambientais e, ainda, foi alvo de investigação por trazer trabalhadores
chineses para trabalhos simples de construção civil.
CSA é opção ao Porto do Açu
A preferência do governo federal pela CSN na disputa pela siderúrgica,
controlada pela ThyssenKrupp, contudo, está incomodando o grupo Techint,
um dos interessados na compra da siderúrgica. Segundo fontes, o grupo
ítalo-argentino estaria negociando uma oferta que não inclui qualquer
aporte ou financiamento oficial. As propostas terão de ser oficialmente
apresentadas em 15 de fevereiro.
Para a CSN, a compra da CSA atenderia sua intenção de expandir a
produção de aço, uma vez que a usina de Volta Redonda está operando
perto da capacidade máxima (cerca de 5,5 milhões de toneladas anuais),
sem a necessidade de iniciar um projeto do zero. Além disso, como a
venda da CSA está sendo feita em paralelo à venda da unidade da Thyssen
no Alabama, nos EUA, a operação ampliaria a atuação da CSN no exterior,
uma ambição antiga de Benjamin Steinbruch. Hoje, a empresa está presente
nos EUA e em Portugal.
A pressão de Dilma para que o BNDES ajude a CSN incomoda os italianos
porque o grupo, que está no Brasil desde 1947, tem forte presença no
país, por meio da Techint Engenharia e Construção, da Tenaris Confab
(fabricante de tubos) e, desde novembro de 2011, da Ternium, o braço
siderúrgico da organização, que comprou parte das ações da Usiminas. A
Ternium também desenvolve um projeto siderúrgico no Porto do Açu, em São
João da Barra, no Norte Fluminense. A possível compra da CSA pelo grupo
Techint seria uma alternativa ao projeto no Açu, na avaliação de
analistas, uma vez que o projeto está enfrentando dificuldades no
processo de licenciamento.
"Tanto a CSA como o projeto no Açu é de produção de placas de aço, que
são importantes para a Ternium abastecer suas laminadoras no exterior.
Acredito que a CSA seria um caminho alternativo para a empresa, caso o
projeto do Açu não saia do papel", afirma Rafael Weber, analista de
siderurgia da Geração Futuro.
Na proposta que vem sendo negociada entre CSN e BNDES, a empresa criaria
uma holding, sob a qual estariam a própria CSN e a CSA. Segundo uma
fonte, isso acabaria beneficiando a CSN, pois o prejuízo apurado pela
CSA “anularia” parte do lucro da CSN, reduzindo os impostos devidos ao
governo. A notícia do possível negócio envolvendo BNDES na venda da CSA
impulsionou os papéis ordinários (ONs, com voto) da CSN, que avançaram
2,27%, cotados a R$ 11,28 na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Em
Frankfurt, as ações do grupo alemão ThyssenKrupp avançaram 2,68%, para
17,97 euros, no dia de ontem.
As ambições da CSN para comprar a CSA esbarram nos interesses da Vale,
que detém 26,8% da siderúrgica. A mineradora tem contrato de
exclusividade de fornecimento de minério para a CSA e não vê com bons
olhos a entrada da CSN. A empresa também produz o minério e poderia
pressionar por uma alteração no contrato para aproveitar a produção de
suas minas. Procurados, BNDES, CSN e Ternium não se manifestaram.
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