quinta-feira, 19 de abril de 2012

O medo da CPI da "Tia do PAC"

A CPI do Carlinhos Cachoeira ainda nem foi formalizada, e já desnuda alguns novos reizinhos e acentua a nudez moral e ética de figuras abjetas como Lula (o Nosso Pinóquio Acrobata - NPA) e José Sarney, ambos orientando a camarilha política que os obedece para "blindar" Dª Dilma nessa CPI, como informa hoje o Globo em sua primeira página. No dia 17 deste mês, o jornal O Globo publicou carta minha com o seguinte teor: "Mesmo sem estar ainda instalada e sequer confirmada, a CPI de Carlinhos Cachoeira já nos presta bons serviços. Mostra, por exemplo, que a mesma presidente que defende e cria uma Comissão da Verdade para um período de nossa História de que participou pessoalmente, tem medo da verdade de uma CPI e manobra contra ela, demonstrando que seu governo tem telhado de vidro. Por outro lado, os fatos demonstram que Lula continua o mesmíssimo fisiologista de sempre, cuja sombra vaga errante no pano de fundo do mensalão".

Vejam postagem anterior sobre Dilma e o PAC.

Ontem, o mesmo O Globo publicou mais um excelente artigo de Elio Gaspari, que reproduzo a seguir -- o que estiver entre colchetes e em itálico é de minha responsabilidade)


O medo da CPI da "Tia do PAC"

Elio Gaspari (O Globo- 18/4/2012)


Materializou-se um pesadelo do comissariado petista. Foi ao ar o grampo em que o empresário Fernando Cavendish, dono da empreiteira, Delta diz que "se eu botar 30 milhões [de reais] na mão de um político, eu sou convidado para coisa para c….. Pode ter certeza disso, te garanto".

A versão impressa dessa conversa surgiu em maio passado, numa reportagem da revista ‘Veja’. Ela descrevia uma briga de empresários, na qual dois deles, sócios da Sygma Engenharia, desentenderam-se com Cavendish e acusavam-no de ter contratado os serviços da JD Consultoria, do ex-ministro José Dirceu, para aproximar-se do poder petista. A conta foi de R$ 20 mil. À época, o senador Demóstenes Torres, hoje documentadamente vinculado a Carlinhos Cachoeira, informou que proporia uma ação conjunta da oposição para ouvir os três empreiteiros. Deu em nada, como em nada deram inúmeras iniciativas semelhantes. Se houve o dedo de Cachoeira na denúncia dos empresários, não se sabe.

Diante do áudio, a Delta diz que tudo não passou de uma ‘bravata’ de Cavendish. O doutor, contudo, mostrou que sabe se relacionar com o poder. Tem 22 mil funcionários e negócios com obras e serviços públicos em 23 Estados e na capital. No Rio de Janeiro, participa do consórcio da reforma do Maracanã. Seu diretor regional de Goiás era interlocutor frequente de Carlinhos Cachoeira. Na última eleição, Cavendish botou R$ 1,1 milhão no cofre do Comitê Nacional do PT e R$ 1,1 milhão no PMDB. Em ambos os casos as doações foram legais. Em apenas 15 meses, durante o segundo mandato de Sérgio Cabral, de quem Cavendish é amigo pessoal, a Delta conseguiu contratos no valor de R$ 1,49 bilhão, R$ 148 milhões sem licitações. Suas contas com o PAC chegam a R$ 3,6 bilhões.

Talvez o comissariado petista pensasse que o grampo de 2009 seria sepultado. Seu erro foi, e continua sendo, acreditar que pode empurrar esse tipo de conta para mais tarde. Se o comissário Ruy Falcão acreditou que a CPI em torno das atividades de Carlinhos Cachoeira exporia a ‘farsa do mensalão’ (rótulo criado por Lula), enganou-se.

O PT tem um encontro marcado com as malfeitorias de seu comissariado. Desde 2004, quando apareceu o primeiro grampo de Cachoeira, no qual ele corrompia um servidor que se tornaria subchefe da Casa Civil, a questão é simples: corta na carne ou continua a contaminar o organismo.  O que o comissariado vem fazendo é mostrar-se poderoso o suficiente para dobrar as apostas. Tamanha é sua onipotência que há nele quem creia ser possível contaminar ministros do Supremo Tribunal Federal.

Luiz Marinho, prefeito de São Bernardo e ex-ministro de Lula, condena a possibilidade de o ministro José Dias Toffoli vir a se declarar impedido de julgar o mensalão, mesmo tendo sido assessor do PT, da Casa Civil de José Dirceu e advogado-geral da União de Lula. Nas suas palavras: ‘Ele não tem esse direito’. (O ministro Ricardo Lewandowski, em cuja mesa está o processo do mensalão, pertence a uma próspera família de São Bernardo, em cuja Faculdade de Direito diplomou-se.) - [Lewandowski é um dos juízes do STF indicados pelo NPA, de quem ele é praticamente vizinho em São Bernardo do Campo. Sua atuação no Supremo tem sido um tanto ou quanto pastosa -- a Folha de S. Paulo denunciou-o por ter recebimento pagamentos "estranhos" quando membro do Tribunal de Justiça de S. Paulo, pagamentos esses que estavam (ainda estão? ...) sob investigação do CNJ - Conselho Nacional de Justiça.]

Passaram-se sete anos do surgimento da palavra ‘mensalão’ e o PT continua adiando a hora da faxina. Na semana passada, os comissários flertaram com a ideia da criação de uma CPI que supunham letal para a oposição. Em poucos dias, descobriram que estavam enganados.

2 comentários:

  1. Prezado Vasco,

    Excelente postagem.

    O suborno, a corrupção e a compra de votos não foram inventados, no Brasil, nem pelo PT nem pelo senhor Lula. Mas foi na gestão deles (que se apresentavam como modelos de ética, enquanto estavam fora do poder) que essas práticas, enquanto cinicamente negadas, foram pragmaticamente disseminadas em nível federal. Esta é a herança maldita do PT e de Lula.

    Quanto à CPI de Cachoeira, é interessante que, enquanto Lula e Sarney orientam suas bases sobre como blindar a presidente (isso segundo a imprensa), justiça seja feita, não vejo qualquer ação da presidenta, ela mesma, no sentido de impedir a CPI.

    Será que esse já é um dos efeitos da blindagem?

    Um abraço,

    Stanislau Neto

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  2. Prezado Nicolau,

    Antes de mais nada,minhas desculpas por não ter publicado antes seu comentário -- é que estive viajando e interrompi o blogue por duas semanas.

    Concordo inteiramente com você, a corrupção no Brasil não é um fato novo e é uma das heranças malditas de nossa colonização. Mas o "trato" de princesa que o PT deu e tem dado nela é impressionante e sem nada parecido na República. Discordo no entanto quanto à questão do "distanciamento" de Dilma quanto à realização ou não da CPI do Cachoeira. Os líderes governistas não estariam montando esse esquema todo de dominar e controlar todos os cargos dessa CPI se não tivessem o sinal verde dela.

    Um abraço,

    Vasco

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