Frederico Curado, diretor-presidente da Embraer, e Jim Albaugh, presidente e CEO da Boeing Commercial Airplanes, assinaram o acordo durante a visita da presidente do Brasil, Dilma Rousseff, aos Estados Unidos, na sequência do encontro anual do Fórum de CEOs Brasil-EUA, uma parceria público-privada entre os governos brasileiro e norte-americano que reúne executivos líderes de ambos os países. Curado e Albaugh lideram o subcomitê para aviação do Fórum de CEOs.
Ainda segundo o comunicado, a Boeing e a Embraer acordaram em buscar diversas áreas de cooperação, incluindo funcionalidades para aeronaves comerciais que aumentem a segurança e a eficiência, pesquisa e tecnologia, bem como biocombustíveis sustentáveis para aviação. "As duas empresas também buscarão outras áreas de cooperação visando benefícios mútuos e valor para seus clientes", diz a Embraer, no comunicado.
A Embraer informa também que o anúncio do acordo de cooperação foi feito no mesmo dia em que foi assinado um memorando de entendimento para parceria em aviação entre os governos brasileiro e norte-americano. O memorando visa expandir e aprofundar a cooperação entre os dois países na aviação civil, por meio do estreitamento da comunicação entre agências governamentais e aumento da cooperação e iniciativas do setor privado, criando parcerias econômicas e promovendo investimentos.
A Boeing e a Embraer já possuem outros acordos de cooperação. Em julho de 2011, as empresas anunciaram planos para financiarem uma análise de oportunidades para a produção de combustível sustentável para a aviação, a partir da cana-de-açúcar [ver postagem anterior sobre a atuação da Embraer nessa área]. Em março de 2012, a Boeing, a Embraer e a Airbus anunciaram um memorando de entendimento para o desenvolvimento conjunto de biocombustíveis para a aviação com custos econômicos acessíveis e desempenho equivalente aos de origem fóssil.
[Esse acordo de cooperação Embraer - Boeing é uma jogada de xadrez que pode esconder mil e uma estratégias mas, sob qualquer ângulo, é um inegável reconhecimento da capacidade empresarial e tecnológica da Embraer, e fortalece o portfólio desta em sua ferrenha disputa de mercado com a canadense Bombardier. Vejamos alguns detalhes no campo da aviação civil e militar de interesse comum para ambas as empresas e, em última análise, para ambos os países:
- a Embraer deve fechar este ano seu elenco de parceiros internacionais para o desenvolvimento de seu ambicioso projeto KC-390, de um avião de transporte militar para competir com o lendário Hércules C-130, ou mesmo substituí-lo -- o C-130 é fabricado pela Lockheed, uma forte rival da Boeing em projetos militares;
- os Estados Unidos têm forte interesse em vender seu caça F-18 à FAB, mas a transferência de tecnologia exigida pelo Brasil tem sido um dos complicadores do negócio (obs.: na postagem citada, me equivoquei e informei que a Boeing fabrica o Super-Hornet F-18, quando na realidade seu fabricante é a McDonnell Douglas) -- esse acordo Embraer-Boeing poderia ser visto como uma espécie de "aparador de arestas";
- a Embraer tem boas aeronaves na faixa de 100 a 200 passageiros, e na faixa mais alta dessa faixa as duas empresas competem pelos mesmos mercados -- poderia esse acordo desaguar numa conciliação de esforços e interesses?... Aguardemos os próximos capítulos.]
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