Parece infindável o drama da crise grega -- nesta semana viu-se que um aposentado grego se suicidou porque não tinha como manter-se vivo, não tinha o que comer. Parece cada vez mais patente que a dosagem e o conteúdo da medicação da União Europeia (UE) estão matando a Grécia. Está bem que o país esteja colhendo o que semeou, que viveu além de suas posses, mas tudo isso ocorreu nas barbas de uma UE relaxada e omissa com qualquer tipo de controle sobre a geleia de economias enormemente díspares que a compõem. A UE está dando uma de Pilatos, agindo como se não tivesse culpa no cartório, o que, além de uma enorme e cínica hipocrisia, é uma agressão desproporcionalmente exagerada a um país com as dimensões econômicas da Grécia, transformada em bode expiatório de uma política econômica, financeira e fiscal comprovadamente falha e, eu diria, até um grande tanto irresponsável da União Europeia.
A diretora-geral do FMI (Fundo Monetário Internacional), Christine
Lagarde, afirmou em entrevista à emissora de televisão americana CBS,
que será exibida no domingo (8), que a Grécia ainda tem riscos de ir à quebra, apesar das medidas de austeridade, e pode ser forçada a sair da
zona do euro e da União Europeia.
As declarações da chefe do fundo são um alerta sobre a conjuntura do
país, que passa por eleições em 6 de maio. Uma mudança política poderia
pôr em risco os cortes de Orçamento e outras resoluções aprovadas para
que Atenas conseguisse o segundo resgate financeiro, de € 130 bilhões.
Uma semana depois da aprovação do socorro ao país por autoridades da
União Europeia e do fundo e da troca de títulos da dívida pública do
país, autoridades econômicas europeias fizeram críticas aos avanços
gregos.
O comissário europeu de Assuntos Econômicos, Olli Rehn, deu a entender
que o país pode precisar de um terceiro resgate financeiro. A iniciativa
foi reafirmada por outros dirigentes da Europa e inclusive o premiê
grego, Lucas Papademos, não descartou a possibilidade.
O mais duro foi o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schauble,
dizendo que a Grécia está pressionando Berlim apesar da situação
financeira em que se encontra. "Quando nações inteiras vivem além de
suas possibilidades e depois são obrigadas a adotar medidas de
austeridade, é lógico que vão culpar os outros".
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