quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

O vinil está de volta

[Os saudosistas e os colecionadores podem se alegrar: o velho e bom LP está de volta, e isso em plena era do MP3! Vejam a reportagem da revista inglesa The Economist que traduzo a seguir -- embora de agosto do ano passado, o artigo mostrava uma tendência que se confirmou no final de 2011. Só nos EUA as vendas aumentaram 71% !]

Uma tendência comum é clara em muitos países ocidentais, independente da saúde de seus mercados fonográficos: o vinil está de volta. As vendas de LPs subiram, tanto no Reino Unido quanto na Alemanha em 2010. Nos EUA, as vendas da "bolacha" estão 39% acima em relação a 2010 (vejam o gráfico). [Lembro, novamente, que o texto é de agosto de 2011, mas a tendência de alta se confirmou e atingiu a taxa de crescimento de 71% no ano passado.] Na Espanha, as vendas passaram de 16.000 em 2005 para 104.000 em 2010. É um crescimento a partir de uma base pequena, mas qualquer aumento de vendas de mídia no devastado mercado espanhol é digno de nota.

A reviravolta nas vendas de LPs nos EUA (feito em meados de 2011, o gráfico mostra ainda como "previsão" as vendas totais em 2011) - (Gráfico: The Economist). 

 [A previsão de venda de quase 4 milhões de LPs nos EUA em 2011 foi impressionantemente exata: os americanos compraram 3.900.000 LPs em 2011, o que correspondeu a quase 1% dos discos vendidos nos EUA no mesmo período.]

Este é um segundo renascimento do LP. O primeiro, nos anos 1990s, foi gerado em grande parte pela dance music. Os adolescentes compravam toca-discos Technics [tive um ...] e sonhavam tornar-se disc jockeys (DJs) em Ibiza. Mas, virar um DJ é difícil e envolve carregar caixas pesadas. Muitos desses adolescentes se voltaram para os laptops e os cartões de memória.

Nos dias de hoje, os mais ardorosos entusiastas da "bolacha" estão à cata de música de rock. Chris Muratore, da Nielsen, uma empresa de pesquisa de opinião, disse que um pouco mais da metade dos LPs mais vendidos nos EUA em 2011 foi de gravações de bandas independentes como Bon Iver e Fleet Foxes. Em 2010 o LP novo [= novidade] mais vendido foi o "The Suburbs", do Arcade Fire. A maioria dos outros LPs vendidos era de novas edições de álbuns clássicos. Aqueles representantes das gerações dos anos 50 e 60 que foram persuadidos a trocar seus Lps por CDs 20 anos atrás estão agora comprando LPs novamente.

O que está acontecendo? Oliver Goss, da Record Pressing, uma fábrica de LPas de São Francisco, disse que é uma mistura de conveniência e beleza. Muitos LPs vêm com códigos para que o disco seja baixado da internet, tornando-os mais convenientes do que os CDs. E os fãs gostam de ter algo pesado nas mãos para carregar. Há quem ache que metade dos discos vendidos na realidade não chega a ser tocada.

O vinil tem um diferencial, também. "É simplesmente mais legal que um download", explica Steve Red, um porta-voz do anuário britânico Record Store Day. As pessoas costumavam comprar CDs pirateados ou contrabandeados e importações japonesas que nenhum de seus amigos podia ter. Agora que praticamente cada faixa está acessível de graça em serviços que disponibilizam música em tempo real (music streaming) como o Spotify, ou em um site pirata, os aficionados da música precisam de algo mais para se gabar. Aquela edição limitada de 12 polegadas em vinil azul translúcido cai sob medida p'ra isso.

2 comentários:

  1. Amigo VASCO:
    Esse é um tema que me interessa, e muito.
    Essa polêmica entre o VINIL e o CD não é de agora. São duas técnicas de gravação, em mídias diferentes, as quais apresentam vantagens e desvantagens para cada lado.
    Primeiramente, é necessário se ter uma idéia do que é um SISTEMA de AUDIO, seja ele analógico (LP) ou digital (CD).
    Iniciamos com a PROPOSTA de qualquer sistema de áudio: REPRODUZIR, o mais FIELMENTE POSSÍVEL, aquilo que se poderia ouvir AO VIVO, sem nenhuma aparelagem envolvida.
    Alguns requisitos tecnológicos são necessários. Vamos alguns deles:
    - inicialmente, um sistema de som deve ser capaz de reproduzir fielmente o que vem da fonte, seja CD, VINIL, MP3, etc.; ou seja, ele tem que apresentar uma LINEARIDADE quase perfeita. A falta dessa LINEARIDADE implica em DISTORÇÕES na reprodução da fonte;
    - a qualidade do som ouvido depende dessa aparelhagem que forma uma CADEIA: algo que capte a informação sonora, o prório amplificador de som e, muito importante, as caixas acústicas que se encarregarão de reproduzir os sons da fonte e tratados, eletrônicamente, pelo amplificador;
    - uma carcterística importante do amplificador é a chamada RELAÇÂO SINAL/RUÍDO (RSR); como circuito eletrônico, ele deve ter a MAIS ALTA RSR possível. Isso vai significar um som o mais próximo possível daquele que foi gravado, ou que poderia ser ouvido em uma apresentação AO VIVO. Não é fácil conseguir essa performance. Só com amplificadores de boa qualidade;
    - alguns audiófilos perfeccionistas chegam a falar na interferência do próprio sistema de energia no desempenho do sistema de áudio. Embora possível, acho uma sofisticação desnecessária;
    - atendidas essas recomendações, voltemos ao VINIL.Os discos de vinil têm que gravar TODO um ambiente espacial de som em somente DUAS trilhas: os lados do sulco gravado na midia plástica. Parece simples, mas não é. Para complicar, os sons graves exigem MAIOR ESPAÇO na gravação do que os SONS AGUDOS. Surge, então, a necessidade de EQUALIZAÇÃO. O pricípio é simples: ATENUA-SE os sons graves e REFORÇA-SE os sons agudos. Surgiram então os PADRÕES:
    RIAA, NARTB e NAB. O que sobreviveu foi o RIAA.
    O que significa isso? Ora, reforçar os sons graves na reprodução e atenuar os agudos. Tudo isso é possível com a Eletrônica embutida na parte inicial dos bons amplificadores, no chamado PRÉ-AMPLIFICADOR. Tudo isso tinha a única finalidade de restaurar os sinais gravados para algo o mais próximo possível da apresentação ao VIVO;
    - parece complicado, e é: aí entra a chamada PSICO-ACÚSTICA;
    - o OUVIDO HUMANO não é LINEAR, no sentido de se ouve as diversas frequencias com a mesma sensibilidade. Frequencias baixas ou altas, são percebidas de maneira diferente pelos nossos ouvidos. Nosso ouvido está mais capacitado a ouvir as frequencias em torno do 1 kHz. Entretanto, o ouvido humano é sensível ao NÍVEL de PRESSÃO SONORA da fonte. Ouvir uma música em volume baixo, qualquer que seja a aparelhagem, é diferente de ouvir em um nível sonoro daqueles que incomodam os vizinhos. São as CURVAS DE FLETCHER-MUNSON ditando o comportamento do ouvido humano; nessas condições, o ouvido humano é mais LINEAR do que em baixos níveis sonoros, onde ouvimos poucos os sons mais baixos ou mais altos (em frequencia);
    - voltando ao sistema: a primeira peça do sistema é a CÁPSULA FONOGRÁFICA. As melhores as chamadas de RELUTÂNCIA MAGNÉTICA (tenho três), capazes de captar as menores variações nos sulcos dos discos de vinil. Ainda são vendidas, mas já estão custando quase uma centena de dólares lá fora (as boas);

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  2. Amigo VASCO:
    Continuando o comentário, não há dúvidas de que a armazenagem de CD's é muito mais prática do que a dos discos de VINIL. Estes, inclusive, têm uma aversão à poeira que, nos CD'S, pode ser resolvida simplesmente com uma limpeza superficial (tem que saber fazer).
    Ainda no tema, vale lembrar que as boas cápsulas exigem agulhas de diamante, algumas até de formato especial (não eliptica, mas piramidal, como as CHIBATA. EXCELENTES).
    Muitos podem acreditar que tudo isso é bobagem, frescura, etc.
    Nada contra, só que alguns confundem SOM com BARULHO.
    Tenho até hoje meu TECHNICS, que não vendo não troco e nem empresto, com três cápsulas, cada uma com suas próprias características.
    Hoje, infelizmente, já não dá para ouvir as músicas da maneira que eu gosto (um pouco ALTO, vamos dizer assim) para apreciar aquelas passagens das músicas, principalmente orquestrais. A pressão familiar é muito grande.
    Mais algumas informações: sinceramente, não conheço, hoje, uma boa aparelhagem de som fabricada aqui na terrinha. Até mesmo os da marca SONY sumiram do mercado. acho que ainda vale a pena investir, se for o caso, em um aparelho das marcas PIONNER, HARMAN KARDON, MARANTZ, and so on. Os da marca PHILIPS não são tão ruins, mas não atingem o nível de qualidade requerida pelos audiófilos mais exigentes.
    Boas audições!!!!

    Como último adendo:

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