sábado, 25 de fevereiro de 2012

O jeito petista de administrar a Petrobras

Acho que ninguém tem dúvidas do enorme valor e da extrema importância da Petrobras para o Brasil e sua economia, mas essa avaliação não pode nem deve ser feita à luz de manifestações histéricas e estéreis de "intocabilidade" da empresa, sob qualquer que seja o ângulo de enfoque dessa apreciação. O "X" da questão é que a esquerda inflamada, e principalmente os petistas, usam esse biombo da "intocabilidade" da Petrobras para esconder da opinião pública a desastrada e nociva administração que os governos petistas têm imposto à empresa, especialmente na manipulação criminosa e demagógica dos preços dos combustíveis. Quando se trata de usar demagogicamente a empresa para um controle fajuto de preços, para enganar o povão e avacalhar com a economia da empresa, a Petrobras não tem absolutamente nada de "intocável" para o PT.

O que os governos petistas vêm fazendo com os preços dos combustíveis há 9 anos (8 anos de Lula, o Nosso Pinóquio Acrobata, e 1 ano de Dilma), via Petrobras,  é utilizá-los de forma predatória e ultrapassada como um instrumento de controle artificial da inflação, a mesma burrice demagógica que vem afundando a Argentina há décadas. Contra fatos não há argumentos: numa política suicida a longo prazo, o governo impõe o represamento dos preços dos derivados de petróleo (especialmente para gasolina, óleo diesel e querosene de aviação) visivelmente para não irritar o consumidor e, assim, facilitar o uso político da Petrobras. O colunista Celso Ming, do jornal O Estado de S. Paulo, comenta no dia 14 deste mês de fevereiro que essa política demagógica provoca pelo menos três graves distorções.

A primeira distorção é o aumento artificial do consumo, graças ao pagamento de parte da conta do consumidor pela Petrobras. Como menciona o último Relatório da empresa, ao longo de 2011 o consumo (vendas) de gasolina no Brasil cresceu 20%, o do óleo diesel, 9%, e o de querosene de aviação, 12% -- enquanto isso, o PIB cresceu apenas 2,7% no mesmo período.

O próprio ex-presidente da empresa, José Sergio Gabrielli, aponta uma segunda distorção: o desvio desses produtos subsidiados para o exterior -- e não se trata aqui de cidades de fronteira, onde o consumidor estrangeiro prefere se abastecer nos postos brasileiros. "Se a Petrobras continuar com essa política e o preço internacional continuar nesse patamar" -- disse Gabrielli -- "vai haver um processo irracional e ilógico de alguns distribuidores comprando derivados da Petrobras e exportando".

Uma terceira distorção é a necessidade de importar derivados a preços cada vez mais altos para atender ao consumo doméstico e, ao mesmo tempo, revender esses mesmos derivados no mercado interno a preços mais baixos. Resultado óbvio dessa "estratégia" petista: queda de 52,3% no lucro líquido da Petrobras no último trimestre de 2011 em relação ao mesmo período de 2010. Com isso, a empresa se descapitaliza e passa a ter dificuldades crescentes seu pesado programa de investimentos, onerado pela próxima entrada em cena do pré-sal.

Como toda medida burra e demagógica, essa política acaba causando outros danos -- no caso, afetando diretamente o consumo e a produção de etanol combustível. Com o controle do preço da gasolina, o governo automaticamente inviabiliza o uso econômico do etanol toda vez que o preço deste é superior a 70% do preço da gasolina. Aí, os carros com motores bicombustível viram elefantes brancos, e o planejamento de produção do setor de açúcar e álcool vais p'ras cucuias. Quem paga essa conta? A Petrobras e o infeliz do consumidor tupiniquim.

Se mantida essa política camicase, a Petrobras poderá ter dificuldade de atrair investidores e gerar recursos já no curto prazo.  A questão, agora, é saber se a nova presidente da empresa, Maria das Graças Foster, pupila e cria dileta de Dilma Rousseff, tem o apoio irrestrito desta para fazer a indispensável alteração desse quadro em 2012, um ano eleitoral -- se tiver o respaldo e fizer a tarefa, será uma agradabilíssima surpresa.

Aproveito o espaço e o assunto para comentar algo mais no tocante ao relacionamento de Dilma Rousseff com a Petrobras e, por tabela, com a Eletrobrás. Durante minha atuação à frente da área internacional da Eletrobrás, testemunhei inúmeras vezes, em reuniões e viagens, a enorme admiração de Dilma (então ministra de Minas e Energia) pela Petrobras, o que me leva a alimentar a esperança de que ela dê um freio de arrumação na gestão da empresa -- a indicação de Maria das Graças Foster parece nitidamente apontar nessa direção.  Muitas vezes, ao elogiar a Petrobras, Dilma emendava com restrições à atuação da Eletrobrás, o que é uma enorme injustiça recorrentemente feita por críticos desavisados, ignorantes e mal intencionados do setor energético brasileiro. Não incluo Dilma nesse rol, mas não lhe perdôo a injustiça da comparação porque ela conhece profundamente as duas empresas e não cometeria de graça essa burrice -- ela não é de comparar alhos com bugalhos.

Não se pode comparar as duas empresas, a começar pelo core business de cada uma -- combustível se estoca, energia elétrica não. Quem tiver boa memória, ou consultar os arquivos da mídia, verá que no governo Fernando Henrique os petroleiros fizeram uma greve de 33 dias, o governo não cedeu, e o país não parou. No entanto, apagões de diferentes proporções (sem jamais chegar à duração de nem mesmo um dia) no setor elétrico em 2001 (ainda no governo FHC), em 2005 e 2007 (estes últimos no governo Lula, o Nosso Pinóquio Acrobata) provocaram danos e crises que até hoje aterrorizam o setor elétrico do país. O nível de regulação das áreas de atuação das duas empresas é completamente distinto, provocado não apenas, mas também, pelo índice aceitável de interrupção do suprimento de cada uma delas aos diversos setores da economia do país.

Outro fator a levar em conta é que a Eletrobrás e suas subsidiárias são muitíssimo mais utilizadas como cabides de empregos de afilhados políticos -- em sua esmagadora maioria petistas -- do que a Petrobras e suas empresas, embora o nível de ocupação desta pelos petistas esteja muito longe de ser desprezível. O número de paraquedistas incompetentes e apadrinhados por metro quadrado no Sistema Eletrobrás bate com folga o número de paraquedistas usados na invasão da Normandia ...




7 comentários:

  1. Grande Vascaíno,
    Gostei dos seus comentários.

    Apenas duas colocações. A primeira é que as distorções apontadas pelo Celso Ming levaram a uma queda enorme nas ações da Petrobras e consequente redução do seu valor de mercado.
    Outra questão diz respeito ao atual estágio de politização da Petrobras. Hoje, com os petistas na Direção da empresa, as interferências na compamhia são muito maiores do que no passado. Duas áreas são muito impactadas: COMUNICAÇÃO (patrocínios em todas as áreas) e RECURSOS HUMANOS. Hoje a companhia tem cerca de 180.000 pessoas na sua força de trabalho, sendo que apenas 60.000 são empregados próprios.

    Abraço,
    Aguiar

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  2. Caro Aguiar,

    A cifra que você menciona no tocante ao percentual de empregados próprios da Petrobras é assustadora e extremamente preocupante. Isso confirma o jogo duplo dos petistas, que usam o tema "privatização" como instrumento de terrorismo político contra a oposição, mas no fundo e de fato capturaram a Petrobras e outras estatais, transformando-as em feudos absolutos e privados do PT -- essa é a pior privatização que se possa imaginar. O que espanta e decepciona é que ainda haja tanta gente que se deixa enganar por esses pilantras!

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  3. Vasco
    Estou fora da Empresa há 7 anos.
    Mas posso afirmar que a política de preços dos combustíveis obedece a uma fórmula estabelecida há mais de 15 anos.
    Não foi feita para uma política de estabilizar a inflação e sim para evitar ajustes bruscos nos preços e estar em linha com os preços internacionais.
    Quanto à política de empregados X contratados quando o FHC deixou o ngoverno era de 25% de empregados para 75% de contratados buscando transformá-la em empresa fácil de ser vendida.
    Chegou a vender ações ordinárias trazendo o controle a valores pequenos para a facilitação.
    A Petrobras estava toda dividiada para ser vendida, quando houve forte reação da sociedaded e ele teve que recuar. Isto ocorreu em 2001 e vivi bem de perto todo o processo onde os Diretores que entraram em 1998 tinham o compromisso de "vender unidades de Refino, fde Logística e, inclusive de campos já descobertos na Bacia de Camnpos" Uma vergonha.
    Isto foi revertido logo nos primeiros anos de LULA e foi estabelecida uma política de reconstituição das Unidades que haviam sido divididas e recuperação de emprtegados próprios com a "primeirização" ou seja concursos públicos para ter mais empregados próprios dispensando contratados.
    Exatamente o contrário do publicado pelo Estadão.
    A 1ª empresa que seria vendida seria a de Logística, a Transpetro, criada nos fins do mandato FHC.
    Quanto a gestão petista também não concordo com mjita coisa.
    O MAIOR VILÃO DA PETROBRAS INFELIZMENTE É A TURMA LUGADA AO FHC PRINCIPALMEMNTE SEUS AMIGOS DA ÁREA ECONÔMICA OU OS GRANDES GRUPOS PRIVADOS A ELE LIGADOS (NACIONAIS E INTERNACIONAIS).

    Quer conhecer melhor a empresa? Procure a AEPET e o Fernando Siqueira, também de Niterói.

    Tem muitos interesses neste negócio de explorar as riquezas de nosso subsolo.
    A Argentina entrou, na dfécada de 90 no "canto da sereia da privatização" nesta área. Definhou e acabou com exploração predatória dos seus recursos e transformou em bilionários vários
    argentinos.
    Grande abraço
    Cupolillo

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  4. Cupolillo,

    A beleza da democracia está na convivência dos opostos. Me preocupo com a Petrobras como contribuinte e seu acionista. Certamente você conhece detalhes da empresa que desconheço, e continuarei desconhecendo -- mas, tenho amigos na empresa (e outros dela aposentados) com visões e testemunhos bem distintos dos seus.

    Toda vez que vejo uma reação exacerbada contra "FHC e sua turma", como a sua (grifada até em maiúsculas) e do pessoal do PT, me lembro sempre do filme "O Exorcista". Deve ser muito difícil e desagradável viver com a mente povoada de fantasmas, reais ou artificiais.

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  5. Vasco
    Não sei com quem vc conversa sobre a Petrobras.
    Mas, como em outras empresas estatais existem interesses diversos e, muitas vezes pessoais.
    Nuncaestive ligado a grupo algum e não gosto do PT.
    Mas posso afirmar que a entrada do LULA reverteu toda uma política de entrega que estava desenhada para ser executada, E o Brasil também reverteu uma tendência de eterno país de futuro para ser, agora a 5ª economia mundial, apesar de todos os roubos existentes.
    Com isto posso também afirmar que sem o Banco Do Brasil, a Caixa Econômica Federal e a Petrobras, con a crise de 2008, estaíamos todos no buraco, pois NÃO EXISTE EMPRESÁRIO PRIVADO QUE QUEIRA ATENDER AOS INTERESSES DO BRASIL, vc sabe disto. Lucro máximo e imediato é o lema de todos nem que seja necessário quebrar o país.
    Sou totalmente contra privatizar a exploração de nossas riquezas como fizeram os portugueses com nosso ouro.
    No mundo, não se fala mais em privatização, somente no Brasil pois o PSDB tem isto como lema para enricar seus amigos, como o Jereissati o Daniel Dantas. Daniel Dantas do Opportunity é defendido ferrenhamente pelo Ex-chefe da AGU do FHC (hoje Ministro do Supremo)numa clara demonstração de que se lixa para a Sociedade, valendo somente os interesses dde seu cliente e amigo.
    Não te iludas meu amigo. O Congresso Nacional está eivado de bandidos e ladrões e são os brasileiros que os colocam lá.
    Para mim se não detonarem com o Brasil como vinha sendo feito até 2002, entregando nossas riquezas para usufruirmos somente de mais uns impostos (pois já recebíamos impostos, mesmo estatal) vale continuarmos nacionalistas.
    Vender serviços ou empresas deficitárias não vejo nenhum problema. Mesmo assim o caso da Light é emblemático. Empresário privado não investe nada, nem em manutenção, se não for obrigado e cobrado à exaustão. As explosões de bueiros e os black-outs vão continuar até que ela seja reestatizada novamente. E muitos vão ganhar muito dinheiro com este troca-troca.
    Volto a afirmar que em 2001 tínhamos 25% de funcionários próprios e 75 contratados e esta política (do FHC) foi revertida A PARTIR DE 2002.
    Hoje as ações ordinárias voltaram a um nível de Controle administrável pelo Estado, com a subscrição feita pelaPetrobras (altamente criticada pela imprensa que a quer privatizada).
    Isto é história e vc pode checar com a AEPET (ASSOCIAÇÃO DOS ENGENHEIROS DA PETROBRAS)
    Somos um país rico e ainda existe salvação, bastando acabar (ou reduzir bastante) com as falcatruas de entrega de riquezas e os roubos rotineiros de todos os partidos políticos, o Legislativo e o Judiciário
    A dificuldade é fazer tudo isto dentro deste quadro de interesses que permeia toda a classe política nossa.
    Grande abraço
    Cupolillo

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  6. Cupolillo,

    Acho simplista e inteiramente equivocado isso de considerar o PSDB como culpado de todos os nossos males, ou colocá-lo como o bicho papão que quer nos destruir. Isso já vem sendo feito pelo PT, sem a ajuda de ninguém -- p'ra nos ferrar, o PT é autossuficiente.

    O endeusamento do Lula é constrangedor. A grande "reversão" que ele fez na área de petróleo tem outro nome: retrocesso. Controlar preço de combustível como arma contra a inflação é coisa da época das caravelas. A gestão petista fez o lucro da Petrobras cair mais de 50% em relação ano passado, baixou seu valor de mercado, e ninguém diz ou faz nada. Está todo mundo de ideia fixa no "monstro" do PSDB, enquanto a raposa se esbalda no galinheiro...

    O STF que você citou está coalhado de ministros indicados por Lula, o que acho suficientemente preocupante. Minha opinião sobre nosso Congresso e nossos políticos está retratada inúmeras vezes neste blogue, não quero gastar mais tempo com essa gente.

    Abs,

    Vasco

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  7. Concordo com quase tudo o que vc colocou.
    Volto a afirmar que não sou petista. Sou um "babaca nacionalista" que vibra com o nosso país, agora admirado mundialmente.
    Concordo que existe gestão inadequada em setores da Petrobras como citado por um de seus comentaristas.
    Mas no Geral, tratando-se do "core business" a gestão atual trouxe benefícios imensos à empresa, recolocando seu acionista majoritário como verdadeiro acionista majoritário pelo aumento de capital atraves de ações ordinárias (a capitalizaçãon de 2009 se não me engano)além dos trabalhos no pre-sal.
    Acho que quem gosta do Brasil deve lutar ferrenhamente contra a impun idade e a malversação do dinheiro público.Isto só pode ser feito através do voto, pois se pudesse ser feito de outra forma eu o faria amanhã mesmo.
    Grande abraço e quando vc tiver qualquer assunto sobre econiomia ou gestão financeira, favor enviar para dar meus pitacos.
    Cupolillo

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