quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Foi preciso a baderna da greve da PM da Bahia para o governo Dilma resolver se mexer

Já disse mais de uma vez, e repito: o governo de Dilma Rousseff não tem rumo, nem agenda; não é proativo, é reativo, só atua quando cutucado, e tem a firmeza e a constância de rumo de uma biruta de campo de aviação. O jornal O Estado de S. Paulo, edição de ontem, nos dá mais uma prova disso: preocupada com a "epidemia" de greves de PMs (e outras corporações) que ameaça se alastrar pelo país, Dª Dilma resolveu desengavetar projeto de lei de regulamentação de greves de servidores que ela mesma engavetou quando Chefe da Casa Civil.

O sinal amarelo acendeu no Palácio do Planalto quando o governo teve que mandar tropa do exército para Salvador, para proteger a cidade e a população contra a insegurança gerada pela greve baderneira (p'ra variar) dos PMs baianos. A PM baiana, seguindo exatamente o figurino da greve dos bombeiros no Rio, invadiu um bem público (no caso, a Assembeia Legistativa estadual), com alguns baderneiros portando arma (outra péssima inovação), e deixou a cidade e sua população inteiramente à mercê dos marginais. Os grevistas praticaram também atos de vandalismo. Resultado: aumento assustador no número de crimes e assaltos.

O que a greve da PM baiana tem em comum com a greve dos bombeiros do Rio, além da baderna, do desrespeito ao patrimônio público, à civilidade, à hierarquia, e à população? A frouxidão do governo estadual por trás dela. O governador baiano Jacques Wagner é um dos fundadores do PT da Bahia e demorou muito a enquadrar os "companheiros" grevistas da PM, e deixou a situação descambar para um quadro absurdo de anarquia e baderna.

No caso do Rio, o irresponsável governador do PMDB, Sérgio Cabral, especialista em viajar para Paris ou em jatinho de empresário com obra em seu governo. PMDB e PT são a espinha dorsal do governo que domina o país desde 2003. Gente como Lula (o Nosso Pinóquio Acrobata), José Dirceu et caterva ponteiam no PT, enquanto Renan Calheiros, José Sarney e outros dominam o PMDB. Precisa dizer mais alguma coisa?

O direito de greve ficou definitivamente avacalhado no país depois da greve dos bombeiros do Rio.  Nela acabou-se com a hierarquia e a disciplina militares, depredou-se patrimônio público (dependências do quartel-central da corporação), os grevistas deram um nó no trânsito da cidade, e ninguém foi exemplarmente punido (os baderneiros tiveram ainda a desfaçatez e a petulância de pedir anistia para os grevistas baderneiros!). O lamentável foi ver a população da cidade portar-se como idiota e masoquista, com fitinhas vermelhas em seus carros em apoio aos grevistas ...

O péssimo exemplo dos bombeiros do Rio começou logo a gerar seguidores: no final de 2011 e comecinho deste ano, a PM e os bombeiros do Ceará fizeram sua greve de bandalha e baderna, e foram premiados pela frouxidão do governador Cid Gomes, do PSB (presidido por Eduardo Campos, governador de Pernambuco), outro partido fisiológico da base política do governo Dilma. Os baderneiros da PM e do Corpo de Bombeiros cearenses conseguiram tudo o que queriam, inclusive a anistia plena e irrestrita.

Agora, foi a vez da PM baiana, e duvido muito que não saiam premiados como seus colegas do Ceará. A sorte da população baiana e do país é que foram inequivocamente revelados os verdadeiros motivos da greve era a baderna, e a coação mediante vandalismo (queima de viaturas, bloqueio de estrada federal, etc), com o intuito de espalhar a greve pelas PMs de outros Estados (vejam o vídeo do Jornal Nacional que divulgou as conversas telefônicas de montagem da anarquia e da violência:
http://www.correio24horas.com.br/noticias/detalhes/detalhes-1/artigo/apos-desocupacao-da-assembleia-pms-decidem-manter-greve/#.TzPgiNi3ezI.email).

Em sua coluna de hoje no Globo, Ancelmo Gois identifica a mulher que numa das conversas gravadas divulgadas no Jornal Nacional dá instruções ao cabo Daciolo, dos bombeiros do Rio, sobre como manter o clima de baderna na Bahia e aqui para pressionar o governo: é a deputada estadual Janira Rocha, do PSOL-RJ. E, segundo o mesmo Ancelmo em sua coluna impressa, teria sido Garotinho o político "importante" com quem o mesmo líder grevista conversou sobre a votação da PEC 300 (que eleva e unifica em todo o país o piso salarial de bombeiros e PMs, entre outras categorias de servidores). O estranho é que, no seu site, o Ancelmo na postagem "A coluna de hoje" omitiu a referência a Garotinho -- que coisa feia, Ancelmo!

Duro foi ver o general Gonçalves Dias, comandante da tropa do Exército encarregada da segurança em Salvador, confraternizando com policiais baderneiros grevistas da Bahia por ocasião de seu aniversário (ver foto abaixo). Felizmente, nosso Exército é rigoroso em questões de disciplina e hierarquia e destituiu rapidinho esse general das arábias e nomeou o general Odilson Sampaio Benzi, comandante do Nordeste, para substituí-lo.

Servidor público, por definição, não pode fazer greve como qualquer outro cidadão pelas próprias regalias de que desfruta -- muito menos servidor que presta serviços essenciais, ininterruptíveis, como no caso de policiais militares e bombeiros. E estas duas categorias têm que ter um estatuto de greve diferenciado, mais rigoroso, por causa das condições específicas de disciplina e hierarquia a que estão sujeitos.

Dª Dilma Rousseff precisou ter a porta arrombada, para desfazer a lambança que fez quando Chefe da Casa Civil arquivando o projeto de lei de regulamentação da greve em serviços públicos. Ela agora vai ter que correr atrás do prejuízo, e cumprir o papel que constitucionalmente lhe cabe de não deixar o país virar a casa da mãe Joana nas mãos de grevistas baderneiros, principalmente se fardados.

A mancada do general: gen. Gonçalves Dias confraterniza com policiais baderneiros grevistas em Salvador no dia do seu aniversário - (Foto:Marcello Casal Jr/ABr).

3 comentários:

  1. Amigo VASCO:
    Infelizmente estamos saindo do ESTADO DO DIREITO para o ESTADO PETISTA DE GOVERNAR. Quem se der ao trabalho de fazer uma pequena pesquisa, verá que TODAS as carreiras de ESTADO, vale dizer, EDUCAÇÃO, SAÚDE, SEGURANÇA, etc., perderam qualquer relevância nos últimos dez ou doze anos. Aquilo que era do ESTADO, foi leiloado entre os "CUMPANHEROS", que passaram a SAQUEAR os recursos com fins eleitoreiros e de fortalecimento do ParTido.
    Não tenho dúvidas de que a COISA vai ficar pior, pois nesses casos, o EXEMPLO VEM DE CIMA.

    Sergio LEVY

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  2. Gonçalves Dias, um Pacificador.

    Durval Carneiro Neto - Juiz Federal e Professor de Direito na UFBA.

    Rendeu muito o episódio envolvendo o General Gonçalves Dias, comandante da 6a Região Militar, que simplesmente cedeu a uma pequena homenagem que lhe foi feita por manifestantes ligados à causa dos policiais amotinados na Bahia. Sem descuidar do seu dever, o nobre militar teve um gesto humilde, digno da autoridade moral que ostenta.

    O fato de haver se emocionado, ante a inusitada surpresa, incomodou apenas os medíocres que ainda pensam em militares como pessoas brutas e insensíveis, confundindo rigor no cumprimento da missão com exercício arrogante e arbitrário de força.

    Curiosamente esperam dos militares de hoje a mesma brutalidade que tanto criticavam nos militares do passado. Mas, cadê aquele brado de que hay que endurecer pero sin perder la ternura jamás!, que tanto foi entoado por muitos desses políticos que hoje aí estão no Governo?! A mediocridade parece disputar espaço com a hipocrisia, e mais uma vez se confirma a velha máxima de que se quiser por à prova o caráter de um homem (ou mulher), dê-lhe poder...

    Quanto aos colegas de farda do General, que porventura não tenham gostado do tom amistoso com que tratou os rebelados, convém que, como militares, lembrem-se que o patrono do Exército Brasileiro, Luís Alves de Lima e Silva, agiu de maneira semelhante em diversas campanhas, aliando extraordinária capacidade técnico-militar com singular habilidade pacificadora. Foram tais qualidades que levaram o Duque de Caxias a negociar o término de diversas rebeliões no segundo império, como a Balaiada e a Farroupilha. Não à toa que veio a receber o epíteto de "O Pacificador".

    Ressaltando a honradez de Caxias no trato com os revoltosos, o jornalista Barbosa Lima Sobrinho, em artigo publicado no Jornal do Brasil, tratou-lhe como "Patrono da Anistia", pois "sempre que se pudesse invocar a presença da fraternidade, numa luta entre irmãos, ocasionalmente desavindos, Luiz Alves de Lima e Silva, o futuro Duque de Caxias, soube dar prioridade às promessas da anistia, com uma constância exemplar, com que se construíram algumas páginas de nossa história política. Logo depois do combate de Santa Luzia, em que foram vencidos e esmagados os revoltosos do Partido Liberal, quando Caxias foi informado de que os vencidos vinham caminhando dois a dois acorrentados e algemados, tomou medidas imediatas para que lhes tirassem as algemas e lhes dessem cavalos, no percurso que devia conduzir a Ouro Preto. E entre os acorrentados vinham altas figuras da Monarquia, à frente de todos, uma glória do liberalismo brasileiro, Teófilo Ottoni".

    Em outro episódio, no final da Guerra do Paraguai, de cara com o resto das tropas de Solano Lopez, Caxias recusou-se a perseguir os soldados inimigos em fuga, pois não reputava digno que um comandante militar agisse como um capitão-do-mato. Acostumado a buscar vitórias honradas e sem excessos, Caxias recusou-se a humilhar o inimigo vencido, retirando-se da guerra sob alegação de doença, irritando com isso D. Pedro II, que insistia num combate implacável até a completa aniquilação das forças paraguaias.

    Caxias foi então substituído pelo Conde D'Eu, enviado pelo Imperador com a indigna missão de endurecer impiedosamente o cerco contra os paraguaios acuados.

    Haveria aí alguma semelhança com o momento presente?

    Se o General Gonçalves Dias errou, errou também Caxias. Então, por medida de coerência, que se mude o Patrono do Exército! De minha parte, prefiro homenagear esses dois pacificadores, e que haja cada vez mais militares seguindo o seu exemplo.

    Parabéns ao General Gonçalves Dias! Parabéns ao Exército Brasileiro!

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  3. Divirjo respeitosa e integralmente da argumentação, que me parece inteiramente injusta com Caxias e inexplicável e excessivamente benevolente com o general Gonçalves Dias.

    Não vejo paralelo algum entre os gestos citados de Caxias e a atitude de Gonçalves Dias -- Caxias foi um militar perfeito, tratando condignamente aqueles que derrotou; Gonçalves Dias confraternizou com baderneiros moleques, que haviam invadido e vandalizado o recinto da Assembleia Legislativa estadual, alguns inclusive portando armas. Não me consta que Caxias haja confraternizado com os derrotados trocando mimosuras como um bolo de aniversário. Gonçalves Dias, com seu gesto absurdo, avalizou os gestos dos arruaceiros, que feriram dois pilares da carreira militar: a hierarquia e a disciplina. Tanto foi assim, que o Exército imediatamente o destituiu do comando. Acho que Caxias merece realmente nossas homenagens, mas Gonçalves Dias jamais. Não nivelemos tão por baixo o patrono do Exército brasileiro!

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