De repente, não mais que de repente, vem à tona que o núcleo do poder em Brasília é uma comunidade de surdos e mudos que não se comunica internamente. Obviamente, essa lacuna de comunicação só ocorre nos assuntos de interesse do país, porque naquilo que for de interesse político-partidário, de fisiologismo político, de barganhas eleitoreiras para a reeleição de Dilma NPS (Nosso Pinóquio de Saias), a comunicação flui como água entre dedos e vento em campo aberto. Para a comunicação pilantra, a banda é larguíssima, escancarada.
Em entrevista coletiva em 3/2 em Brasília o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, disse "suspeitar" que o Google não pagou aqui os impostos sobre os mais de R$ 3,5 bilhões que faturou em publicidade no Brasil em 2013. A maior parte dessa publicidade teria sido paga no exterior com cartão internacional, burlando o fisco brasileiro.
Mais uma demonstração do padrão de qualidade chinfrim de ministros e ministérios do governo petista de Dilma NPS. O titular das Comunicações, responsável pela fiscalização da atuação do Google no país, sabe dizer o montante faturado em publicidade por essa empresa no país mas não sabe dizer se ela pagou o imposto que devia sobre isso. De duas, uma (ou ambas): i) os ministérios das Comunicações e da Fazenda não se falam e/ou - ii) o acesso à Receita Federal está vedado ao Sr. Paulo Bernardo e seu ministério.
Em nota, o Google refutou o ministro dizendo que paga no país todos os impostos devidos, o que teria alcançado em 2012 o montante de mais de R$ 540 milhões e termina o texto dizendo "Nós pagamos todos os impostos que são devidos no Brasil, assim como em todos os outros países onde operamos".
Para não perder o cacoete, nem a personalidade, o Google mente mais uma vez. Em novembro de 2012 publiquei uma postagem longa ("Gigantes tecnológicos, mas anões tributários"), relatando a luta do fisco espanhol para combater a engenharia fiscal que Apple, Google & Cia usam para evitar pagar impostos. A carga tributária paga na Espanha por sete gigantes tecnológicos (Yahoo, Apple, Google, Facebook, Microsoft, eBay e Amazon) no período 2010-2012 ficou muito abaixo do esperado, face aos bilhões de euros que faturaram na venda de seus produtos e serviços. Essas empresas transferiram a maior parte de sua receita para países com menor carga tributária. A Apple, por exemplo, fatura na Irlanda 99% de suas vendas na Espanha.
Não há justificativa nenhuma, a mínima possível, para se acreditar que o Google seja certinho só no Brasil, poupando-nos das rasteiras fiscais que usa em outros países, vários deles com estrutura fiscal mais coerente e legislação punitiva mais rígida que as nossas -- e com 99,999% de chance de terem ministros bem mais competentes que os nossos. O que não pode e não dá p'ra aceitar é um ministro que apenas "suspeita" de que algo com 110% de probabilidade de estar errado ocorre debaixo de seu nariz, na sua jurisdição.
Suspeita porque não pode ver direito. Está no escuro com o apagão que acabou de ocorrer, em RJ, SP, PR, MS e SC, a partir da 14:30 hr. Bem... "disturbio do sistema interligado", pois apagão só ocorre no governo dos outros. Legal!
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