domingo, 2 de fevereiro de 2014

A involução de uma espécie -- ambientalistas passaram de ecochatos a ecoidiotas

Há um país no planeta premiado com uma Natureza exuberante, uma biodiversidade fantástica e uma abundância hídrica que faz a inveja do resto da humanidade. Por conta disto, possuía até anteontem a matriz energética mais limpa da face da Terra, com a complementação térmica mínima que o bom senso técnico fundamentado recomendava. Eis que Deus (Alá, Supremo Arquiteto do Universo, Zeus, Júpiter, Odin, etc), que enxerga éons à frente, maldosamente sábio colocou nesse país um povo assaz peculiar e instilou em seu leite materno umas gotas de uma substância chamada "ambientalismo".  Só que não o fez de maneira linear, uns receberam mais ambientalismo que outros -- o metabolismo e a estrutura mental de cada um cuidaram do resto. E Ele continuou a olhar esse povo do alto de sua majestade, usando de vez em quando (ou em sempre) o posto avançado de sua estátua no Corcovado, na cidade do Rio de Janeiro.

Já há alguns anos que essa mistura potencialmente explosiva em seu nascedouro (Natureza + povo exótico + ambientalismo) vem mostrando o lado negro de sua personalidade. O caldo de cultura provocado pela substância ambientalismo gerou uma subespécie ainda mais exótica que sua matriz paridora: os tais "ambientalistas". Trata-se de um grupo mais errático que uma biruta de aeroporto, absolutamente desprovido de bom senso e autocrítica, que se acomoda tranquilamente com a Baía da Guanabara (o esgoto mais caro do país, que já consumiu mais de US$ 1 bilhão numa despoluição fantasma) sendo entupida de todo tipo possível de poluente -- de sofá-cama a absorvente íntimo feminino, passando por privadas e bidês -- e vai à apoplexia para "defender" a floresta amazônica e os índios pingados que lá existem, ou xingam a mãe da operadora de celular que planta uma torre ao lado de sua casa. Mas, ficam ainda mais possessos se ficarem sem seu arzinho condicionado, sem poder usar seus iPhones e iPads da vida ou, vários deles, sem seu home theater. Querem também seus metrôs e trens com ar condicionado. Querem também que o país cresça e que tenham mais e melhores produtos modernos para seu consumo pessoal e coletivo. Mas, tudo isso dentro do seu conceito de proteção socioambiental -- não é problema deles, em hipótese alguma, se preocupar com o fechamento dessa conta "mundo de conforto beleza x maneira de criar e manter esse mundo". 

Rapidamente, esses ambientalistas transformaram-se em ecochatos, verdadeiros pentelhos que vetam hidrelétricas na Amazônia mas não fazem absolutamente nada quando a "sua" Petrobras aumenta investimentos em energia suja (em detrimento dos biocombustíveis) ou quando as areias das praias ficam impróprias para os banhistas (inclusive e principalmente para crianças) por causa do cocô de seus bichinhos de estimação (ecochatos & outros adoram levar seus pets à praia). Também não lhes interessa saber se os índios que "protegem" contra hidrelétricas continuam miseravelmente explorados e assassinados pelos caraíbas. Esses mesmíssimos pentelhos ficaram fascinados e tiveram orgasmos múltiplos quando as obras do PAC do Arco Metropolitano em Seropédica (RJ) foram paralizadas em 2011, para que se fizesse ao custo de R$ 18 milhões um viaduto para proteger o habitat de uma perereca de 2 cm, a Physalaemus soaresi ... Com pererecas a esse preço vamos longe.

Mas, foi no setor elétrico que os ecochatos concentraram suas baterias e conseguiram subverter estúpida e criminosamente nossa matriz energética, com a inacreditável decisão governamental de optar por usinas hidrelétricas sem reservatórios de acumulação e regulação e apenas a fio d'água, apesar das nossas vantagens hídricas e do nosso clima. O governo optou também pela energia eólica, mas deixa dezenas de parques eólicos prontos e ociosos por falta de linhas de transmissão -- e os ecochatos não fizeram nem fazem estardalhaço algum a esse respeito. Isso só acontece num país chamado Brasil, com uma presidente incompetente, autoritária e com zero de autocrítica chamada Dilma NPS (Nosso Pinóquio de Saias).  Com isso os ecochatos desceram a mais um patamar de sua involução e viraram ecoidiotas -- e com eles, por ação, omissão, por ignorância, por espírito suicida e por masoquismo estúpido o resto da patota de 200 milhões de brasileiros. 

Os resultados já são evidentes, e só tendem a piorar. Ficamos mais expostos e sensíveis às incertezas climáticas em termos de chuvas, reduzimos a capacidade de regulação de nossos rios -- que todo mundo sabe (até os ecoidiotas, mas eles fingem desconhecer isso) que não são usados apenas para gerar energia elétrica -- e sujamos e encarecemos nossa matriz energética, com a crescente necessidade de recorrer a mais e maior complementação térmica. Os ecoidiotas celebram isso como uma vitória e acham que nada perderam, porque seus confortos pessoais foram preservados e alguns km² de selva e alguns índios foram "preservados" -- sua idiotice e sua parvoíce os impedem de ver que também estão pagando essa conta, ambiental e financeiramente falando. Com sua ignorância nata e premiada (amparados financeiramente sabe-se lá por quem), eles desdenham a poluição gerada por nossas térmicas. Com seu radicalismo e por preferirem o intestino ao cérebro, os ecoidiotas tumultuaram o debate sério e equilibrado sobre nosso setor energético e sua matriz energética, e estão ferrando o país de A a Z. Apoiados, é claro, por uma ex-ministra de Minas e Energia que nunca entendeu nada do setor e sabe lhufas dele, mas que há mais de uma década manda e desmanda nele.

Em artigo no Globo de 31/1 ("Crise elétrica no horizonte?") Adilson de Oliveira anota: "Depois de um período favorável de chuvas e temperaturas amenas em dezembro passado, o Operador do Sistema Elétrico (ONS) foi surpreendido por um período de forte estiagem e temperaturas elevadas neste mês de janeiro. Para atender ao brutal aumento do consumo de energia (10%) provocado pelas temperaturas elevadas, o ONS está despachando praticamente todo o parque gerador térmico disponível. E, mesmo assim, tem sido obrigado a esgotar paulatinamente os reservatórios hidrelétricos para evitar o racionamento de energia".

E continua ele: "É importante notar que os reservatórios hidrelétricos cumprem funções mais nobres que a geração de eletricidade. Muitos deles são essenciais no abastecimento de água das populações que vivem em seu entorno. Mais ainda, eles disponibilizam a água necessária para irrigar a produção agrícola que faz chegar os alimentos à mesa dos brasileiros. Estancar o atual processo de esgotamento dos reservatórios hidrelétricos é indispensável para evitar uma potencial crise que não se limitaria ao abastecimento elétrico".

"A situação atual dos reservatórios hidrelétricos não é alarmante. É, porém, preocupante. Se a temperatura e a precipitação de chuvas permanecerem nos patamares atuais nos próximos meses, os reservatórios das regiões Sudeste e Nordeste chegarão a níveis críticos antes do verão de 2015, tornando inexorável um novo período de racionamento elétrico. Para evitar esse risco, é preciso tomar medidas imediatas", prossegue Adilson. Depois de tecer considerações sobre essas medidas, sua complexidade e seu inevitável período de maturação, ele conclui: "É preciso reconhecer, contudo, que essas medidas levam tempo para se tornarem efetivas. Um plano de contingência necessita ser estruturado, para o caso de essas medidas não produzirem os resultados almejados a tempo e à hora. (...) Para os contribuintes, a má notícia é que o fluxo de recursos fiscais direcionados pelo governo para subsidiar a geração termelétrica deverá permanecer no mesmo patamar de 2013. Para os consumidores, a má notícia é que será necessário aumentar as tarifas elétricas no próximo ano".

Enquanto houver possibilidade de construção de usinas com reservatório, por existirem locais propícios para isso -- não importa onde -- considero uma política suicida injustificada (além de burra) abrir mão delas a priori, pura e simplesmente, cedendo aos ecoidiotas e ao lobby do pessoal das térmicas.  Quanto a este último, é só acessar o site do Instituto Acende Brasil.

PS - Sobre o efetivo grau de "limpeza" da energia eólica em termos ambientais sugiro a leitura de um interessante relatório inglês de janeiro de 2012.

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