quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Saneamento básico no Brasil deixa chocada relatora especial da ONU

[A falta de saneamento básico no Brasil é um dos inúmeros crimes praticados diariamente contra os brasileiros, mas que permanecem absolutamente impunes. A situação atual do país nesse setor vital para a saúde pública é a imagem perfeita da década petista no governo -- é uma cloaca refletindo outra cloaca. Já em abril deste ano fiz uma postagem sobre isso. Repete-se a velhíssima história -- cada país tem o governo que merece. 

O que mais revolta é que o governo continua arrecadando uma barbaridade. Em novembro passado, a arrecadação federal bateu o recorde histórico para esse mês do ano  -- R$ 112,5 bilhões em impostos, contribuições federais e demais receitas, como os royalties, segundo informação da Receita Federal.  No acumulado dos 11 primeiros meses deste ano ultrapassou a barreira de US$ 1 trilhão! E o qué feito com esse dinheiro? Ninguém sabe e, pelo visto, não quer saber, porque ninguém exige prestação de contas de Dilma NPS (Nosso Pinóquio de Saias) -- nem o TCU, nem o Congresso, ninguém! Ganancioso e irresponsável, o governo petista não se satisfaz com essa dinheirama e ainda cogita de voltar a elevar o tributo sobre petróleo e combustíveis, segundo declaração de Guido Mantega, o idiota requintado travestido de ministro da Fazenda que é exemplo perfeito e escarrado do estrume que é o alto escalão dos governos petistas.

Hoje, surge a notícia do choque causado em relatora especial da ONU pelas péssimas condições de saneamento no país, que deixam o Brasil entre os 10 piores do mundo nesse setor. E quem nos informa disso é a Agência Brasil, da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), órgão do próprio governo, em reportagem de Ana Cristina Campos conforme texto abaixo. O que estiver entre colchetes e em itálico é de minha responsabilidade.]

Após dez dias de visita ao Brasil, a relatora especial das Nações Unidas sobre Água e Saneamento, Catarina de Albuquerque, apresentou hoje suas conclusões preliminares e as recomendações iniciais ao governo brasileiro sobre as condições sanitárias do país. A relatora disse que ficou chocada com as desigualdades regionais no acesso ao saneamento básico, sendo a Região Norte a mais afetada.



A jurista portuguesa Catarina de Albuquerque, relatora especial da ONU sobre Água e Saneamento, em visita oficial ao país - (Foto: EBC).

“Vi muitos contrastes. Há regiões com nível de primeiro mundo, como os estados de São Paulo e do Rio, com cidades com taxa de tratamento de esgoto superior a 93%, e vi outras regiões, como Belém, em que essa taxa é 7,7%, e Macapá, 5,5%. São diferenças assustadoras. Também vi diferenças entre ricos e pobres. O que uma pessoa rica paga pela água e pelo esgoto não é significativo, mas, para uma pessoa pobre, essa conta é muito alta”, disse a relatora.

Catarina se reuniu com representantes do governo e de organizações internacionais, da sociedade civil e com membros de comunidades em Brasília, no Rio de Janeiro, em São Paulo, Fortaleza e Belém. Em suas visitas, a relatora deu atenção especial aos moradores de favelas, de assentamentos informais e de áreas rurais, incluindo aquelas afetadas pela seca. 

Segundo a especialista, o Brasil está entre os dez países onde mais faltam banheiros – 7 milhões de brasileiros estão nessa situação. Cinquenta e dois por cento [52%] da população não têm coleta de esgoto e somente 38% do esgoto é tratado. “A situação de falta de acesso a esgoto é particularmente grave na Região Norte, onde menos de 10% da população têm coleta de esgoto”, disse Catarina.

Ao visitar comunidades carentes no Rio de Janeiro e em São Paulo, a perita da ONU observou que as populações pobres se sentem invisíveis e esquecidas pelo Poder Público. “Fiquei chocada com a miséria e com a falta de acesso ao saneamento de pessoas que vivem em favelas e em assentamentos informais. Isto é inaceitável de uma perspectiva de direitos humanos. Ninguém pode excluir determinados segmentos da população porque não têm a titularidade da terra”, destacou.

Catarina visitou o Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, e ouviu reclamações dos moradores sobre a falta de continuidade nos serviços de abastecimento e da qualidade da água. “O Complexo do Alemão é uma preocupação enquanto houver pessoas que não têm acesso a esgoto e água".

Segundo ela, os problemas criados pela falta de esgoto acentuam-se durante a temporada de chuvas, como a que ela presenciou na Baixada Fluminense, no Rio, na semana passada. “Pude observar a inundação de ruas e canais de dragagem e vi o esgoto inundando as casas das pessoas”, acrescentou.

Para a especialista, o baixo investimento em saneamento resulta em alto custo para a saúde pública, com 400 mil internados por diarreia, a um custo de R$ 140 milhões para o Sistema Único de Saúde (SUS), principalmente entre as crianças até 5 anos. “As pessoas não associam a diarreia à falta de esgoto e de água potável. Em termos econômicos, investir na água e no esgoto é um ótimo negócio. Para cada R$ 1 investido, os custos evitados [com gastos em saúde] são da ordem de R$ 4”, estimou.

Outro ponto apontado pela relatora da ONU é a questão do alto custo das tarifas de água e esgoto para a população de baixa renda. “É um sufoco para essas pessoas pagar as tarifas. Essa conta não deveria ultrapassar 5% do orçamento familiar. As companhias estaduais decidem ter tarifas muito altas e dividem os lucros entre os acionistas.  Deve haver mais pressão dos municípios e dos estados sobre as companhias para que elas reinvistam os lucros no setor".  [A alta funcionária da ONU tocou em mais uma das aberrações gritantes de governos do chamado "Partido dos Trabalhadores", que não deixam de contínua e diariamente ferrar esses mesmos trabalhadores com péssimos serviços e tarifas de saúde, saneamento, transportes e segurança públicos.]


Catarina reconhece os avanços no setor e comemora a recente aprovação do Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab). “O Plansab é um avanço enorme, mostra que o país tem visão para o setor nos próximos 20 anos, com recursos financeiros muito significativos.” O plano, com investimentos estimados de R$ 508 bilhões entre 2013 e 2033, prevê metas nacionais e regionalizadas de curto, médio e longo prazos, para a universalização dos serviços de saneamento básico.
O relatório final será apresentado em setembro na próxima sessão do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas. Procurado pela reportagem da Agência Brasil, até fechamento desta matéria, o Ministério das Cidades não se manifestou sobre o relatório preliminar da perita da ONU [imagine se esse Ministério vai, de público, passar recibo numa matéria indigesta como essa em período pré-eleitoral ...].


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