[Em termos de ação da Justiça (também), o Brasil avacalha todos os ditados. Quem criou os dizeres "a Justiça tarda, mas não falha" e "a Justiça vem a cavalo" é um deslocado da realidade tupiniquim -- aqui a Justiça tarda e frequentemente falha, e não anda a cavalo e sim montada numa lesma preguiçosa pilotada por Rubens Barrichello. O caso do senador Demóstenes Torres é outro exemplo acachapante disso -- apenas 11 meses depois de ter seu mandato cassado e ter reassumido seu cargo de promotor público (vixe Maria!) em Goiás esse cidadão é denunciado por corrupção pela nossa Justiça vapt-putz, como informa o Estadão de hoje. O que estiver entre colchetes e em itálico é de minha responsabilidade.]
O Ministério Público de Goiás denunciou à Justiça o ex-senador
Demóstenes Torres por crimes de corrupção passiva e prática de advocacia
administrativa. A acusação formal foi ajuizada nesta segunda-feira.
Foram denunciados também por corrupção ativa o empresário Carlos Augusto
Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e o ex-diretor da Delta Construções,
Cláudio Abreu. Demóstenes foi acusado de corrupção em oito tipificações. "O fundamento das denúncias é que Demóstenes Torres recebeu, por
diversas vezes, e em razão da função de senador que ocupava, vantagens
indevidas", disse Lauro Machado Nogueira, procurador-geral do MP goiano.
Segundo ele, os crimes de corrupção passiva foram materializados em
provas colhidas durante investigação de documentos contidos nos autos do
processo do Supremo Tribunal Federal (STF). Os documentos que
resultaram na cassação do senador, no ano passado, foram vasculhados por
uma equipe de oito promotores de Goiás.
Luxo. A equipe apurou, por exemplo, que entre junho de
2009 e fevereiro de 2012, na função de senador, Demóstenes recebeu uma
lista de vantagens indevidas - incluindo viagens em aviões
particulares,vinhos importados de alto valor, eletrodomésticos de luxo,
uma cozinha completa importada dos Estados Unidos e dinheiro. Uma das
quantias apuradas somou R$ 5,1 milhões, além de repasses menores em
valores de R$ 20 mil, R$ 3 mil, e o celular importado para falar com
Cachoeira.
O ex-senador também é acusado de cobrar propina do prefeito petista de
Anápolis, Antônio Gomide. Em 2011, segundo a Promotoria, Demóstenes
ofereceu dinheiro ao prefeito em troca de um contrato com a Construtora
Queiroz Galvão.
Para os crimes de corrupção passiva, a pena prevista é de dois a 12 anos
de prisão além de multa. O procurador-geral disse que a acusação pede
que as penas sejam somadas. A pena prevista para o crime de advocacia
administrativa varia de um a três meses de reclusão.
O MP de Goiás também pediu a quebra de sigilo fiscal de Demóstenes e a
suspensão cautelar da sua função pública de procurador de Justiça.
No início do mês, uma decisão do Conselho Nacional do Ministério Público
(CNMP) manteve o afastamento de Demóstenes por mais 60 dias. Mesmo
afastado, o ex-senador mantém o direito a salário de cerca de R$ 26 mil [depois tem neguinho dizendo não saber por que essa gente vai p'ra rua protestar ...].
Não foram localizados ou não responderem as ligações, o advogado Nabor
Bulhões, defensor de Carlinhos Cachoeira, e Antonio Carlos de Almeida
Castro, o Kakay, advogado de Demóstenes Torres.
Já o procurador-geral afirmou que todos crimes ocorreram no período em
que Demóstenes Torres exerceu mandato de senador, pelo DEM de Goiás.
Cassado no ano passado, ele está inelegível até 2027.
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