[Reproduzo a seguir a coluna de hoje da Eliane Cantanhêde na Folha de S. Paulo. Para poupar a mente dos leitores do blogue, tomei a liberdade de substituir no título e no texto a palavra "Lula" por NPA (Nosso Pinóquio Acrobata). A respeitada jornalista faz a pergunta que corre o país: cadê o pilantra do NPA, fonte e raiz de 110% dos problemas que há mais de duas semanas mantêm o povo nas ruas?!]
Acossados pela pressão popular, Executivo, Legislativo e Judiciário
sacodem e despertam num estalar de dedos, ou em votações simbólicas, uma
lista quilométrica de reivindicações adormecidas. Além do tomate, há um
outro grande ausente: o ex-presidente NPA.
O Brasil está de pernas para o ar e os Poderes estão atônitos diante da
maior manifestação em décadas, mas o personagem mais popular do país,
famoso no mundo inteiro, praticamente não disse nada até ontem.
Confirma assim uma sábia ironia do senador e ex-petista Cristovam
Buarque: "Tudo o que é bom foi o NPA quem fez; o que dá errado a culpa é
dos outros". Hoje, a "outra" é Dilma Rousseff, herdeira do que houve de
bom e de ruim na era do NPA.
Na estreia de Haddad, o NPA roubou a cena e a foto, refestelado no centro
da mesa, dando ordens e assumindo a vitória como sua. Nos melhores
momentos de Dilma, lá está o NPA exibindo a própria genialidade até na
escolha da sucessora. E agora?
Haddad foi obrigado a engolir o recuo das passagens, Dilma se atrapalha,
errática, sem rumo. Nessas horas, cadê o padrinho? O que ele tem a
dizer ao mais de 1 milhão de pessoas que estão nas ruas e,
especialmente, aos 80% que o veneram no país?
Goste-se ou não de FHC, concorde-se ou não com o que diz, ele se expõe,
analisa, dá sua cota de responsabilidade para o debate. Dá a cara a
tapa, digamos assim. Já o NPA, como no mensalão, não sabe, não viu.
Desde o estouro das primeiras pipocas, afundou-se no sofá e dali não
saiu mais, nem para ouvir a voz rouca das ruas. Recolheu-se,
preservou-se, deixou o pau quebrar sem se envolver. As festas pelo
aniversário do PT e pelos dez anos do partido no poder? Não se fala mais
nisso.
Como marido e mulher, companheiros e partidários prometem lealdade "na
alegria e na tristeza". Mas isso soa meio antiquado e o NPA é
pós-moderno. Deve estar se preparando para quando o Carnaval chegar.
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