Tomei conhecimento do documentário Muito Além do Peso pelo ótimo blog do médico José Carlos Souto, urologista gaúcho que trabalha na Santa Casa, em Porto Alegre, e que vem se dedicando a estudar as relações entre nutrição e saúde. Na opinião de Souto, um dos documentários mais importantes já produzidos no Brasil. “É um documentário assustador. Trata da obesidade infantil no Brasil, de uma forma que você nunca viu. O filme produziu em mim uma mistura de sentimentos, que incluíram tristeza, raiva, incredulidade e surpresa”, comenta o doutor Souto em um post que publicou, recomendando vivamente que o documentário fosse assistido. E, de fato, Muito Além do Peso é tudo isso e muito mais. Deveria virar instrumento de política pública e ser exibido em todas as escolas do país, na presença de pais, professores e crianças.
Dirigido por Estela Renner, produzido pela Maria Farinha Filmes e com o patrocínio do Instituto Alana, Muito Além do Peso mostra e discute o fenômeno da obesidade infantil no Brasil e no mundo. “Pela primeira vez na história da raça humana, crianças apresentam sintomas de doenças de adultos. Problemas de coração, respiração, depressão e diabetes tipo 2” – é disso que se trata. Os fatores causadores dessa epidemia têm nome e sobrenome bem definidos: indústria alimentícia, cadeias de fast-food, governos omissos, pais desinformados e agências de publicidade e meios de comunicação que faturam milhões vendendo drogas diariamente para crianças.
A conexão entre a indústria alimentícia e a plataforma das indústrias
midiática-publicitária-entretenimento é particularmente mortífera e
poderosa. A maioria das iniciativas de alguns corajosos médicos e
promotores no sentido de regulamentar e proibir determinado tipo de
propaganda vem sendo sistemática e criminosamente boicotado pelos
proprietários dessas empresas que não hesitam em levantar a bandeira da
“liberdade de expressão” e da “liberdade de escolha” para defender a
propaganda de seus produtos que vem envenenando milhões de crianças em
todo o mundo. [Não sei porque o texto omitiu o governo na relação dos agentes da campanha criminosa que martela nossas crianças, e as induz a consumir mais e mais alimentos e bebidas absolutamente insalubres e altamente daninhos à sua saúde. O vídeo acima mostra em um trecho o atual ministro da Saúde posando ao lado de um alto dirigente do McDonalds, chamando esta cadeia de "parceiro da saúde" ou algo do gênero!]
Médicos já definem como uma epidemia
Acha que é um exagero? Veja o documentário, ouça a opinião de pais,
crianças, professores, médicos e promotores e tire suas próprias
conclusões. Uma mãe, que trabalhou como gerente em uma cadeia de fast-food,
diz lá pelas tantas que se sentia como uma traficante vendendo crack para
crianças. “O problema afeta crianças em todo o país e em todas as
classes sociais. As crianças não sabem mais identificar a comida de
verdade: confundem pimentão com abacate, cebola com batata, etc. Afinal,
só comem coisas que vem dentro de embalagem”, observa José Carlos
Souto, comentando o que viu no documentário.
“Uma das maiores tragédias de se permitir que publicitários tenham acesso irrestrito às crianças é que a publicidade, na verdade, enfraquece o brincar criativo. Os brinquedos mais vendidos são normalmente ligados à mídia ou são brinquedos com chip de computador em que basta apertar um botão. E os brinquedos gritam, pulam, cantam, fazem tudo sozinhos, enquanto as crianças ficam sentadas apertando um botão. Isso é interessante para os vendedores, pois os brinquedos não são muito interessantes e as crianças logo vão querer outro”, diz a psicóloga Susan Linn, diretora da Campaign for a Comercial-Free Childhood (Campanha por uma infância livre de propaganda), entrevistada no documentário que dá atenção especial às técnicas publicitárias e de marketing dos fabricantes de refrigerantes e fast-food e sua associação com a indústria de brinquedos.
No início deste ano, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB),
vetou o Projeto de Lei 193/2008, que propõe a restrição da publicidade
de alimentos não saudáveis dirigida às crianças entre às 6h e 21h nas
rádios e TVS e a qualquer horário nas escolas. Após assistir Muito Além do Peso,
fica difícil fugir da sensação de que o governador está, na verdade,
incorrendo em uma prática criminosa. Ou que nome devemos dar a decisões
que contribuem direta ou indiretamente com o que autoridades médicas já
definem como uma epidemia que está afetando milhões de crianças em todo o
mundo? Veja e decida você mesmo.
xxxxxxxxxx
(*) Marco Aurélio Weissheimeré editor-chefe da Carta Maior.
Eis um problema imenso e que, no caso do Brasil, é endógeno. Sua origem vem dos bancos escolares vazios e da falta de opções. Por exemplo: sem educação, todos nós sabemos, não podemos discutir ABSOLUTAMENTE NADA. Vejam os mais recentes episódios da tolerância dos petralhas, e que foram fartamente passados pela mídia (blogueira cubana, ano 2005 Petista em exibição no senado, etc). Ao primeiro sinal de contrariedade, os petralhas “sacam seus três-oitões” e partem para a pancadaria. Por quê? Porque jamais gostaram de freqüentar bancos escolares e preferem resolver tudo com MMA (Mixed Martial Arts). Os idiotas completos sempre preferem abdicar de qualquer amor-próprio e optar pelo culto de personalidades duvidosa. Voltando ao ponto: desconcerta-me verificar que a NUTRIÇÃO não faça parte de matéria obrigatória nas escolas. Algo que você fará, sua vida inteira, três vezes ao dia, não faz parte do que é importante aprender com método. Bem, isso diz respeito à educação e não vejo governos que entram e que saem preocupados com a EDUCAÇÃO. Quanto à segurança, não se pode mais imaginar qualquer atividade lúdica externa, pois a segurança é nula. A atividade interna infantil e adolescente fica então reduzida aos vídeos-games, Internet, redes sociais e aos brinquedinhos bem citados no texto acima, que se somam aos biscoitinhos, fritas, jujubas e sorvetes, tudo produzido pela MONSANTO (como exemplo) que nos oferta com generosidade, pesticidas e alimentos, ou os dois misturados, quase sempre. É possível que as crianças consigam resistir à tamanha tentação? A esperança reside nos bancos escolares, e somente lá. Quase me esqueço de falar no papel "estonteante" que a TV desempenha em meio a tanta calamidade: BBB, eis uma das pérolas em disponibilidade.
ResponderExcluir