[Ver postagem anterior. Mais um retrato em preto e branco do blefe chamado Dilma Rousseff. O texto abaixo é da coluna de Ricardo Noblat, publicada ontem no Globo. Como o texto do blogue do Noblat é diferente do texto impresso ontem, inclusive no título, fixei-me no texto impresso. O que estiver entre colchetes e em itálico é de minha responsabilidade.]
Que gestora, hein?
Ricardo Noblat - O Globo, 18/3/2013
Era uma vez a presidente da República que contava com seis anos de
parceria para oferecer a seus aliados. Foi quando, com medo de perder a
vez para seu antecessor, decidiu antecipar a próxima campanha eleitoral. Um aliado mais esperto aproveitou a ocasião e trocou o status de aliado dela pelo de concorrente. Sabe o que aconteceu? O poder de barganha da presidente diminuiu. E aumentou o dos aliados.
Decodificando: a presidente da República, Dilma Rousseff. O antecessor que poderia atropelar a presidente: Lula. O aliado esperto que virou concorrente: Eduardo Campos, governador de Pernambuco. A maior parte do PT gostaria de ter Lula [o NPA] de volta à presidência. O próprio Lula gostaria de voltar. Para evitar o risco dele se animar com a ideia, Dilma procurou-o para uma conversa definitiva.
"O Senhor é candidato?" Lula [o NPA] negou. Ela insistiu. Ele negou. Dilma disse que o apoiaria com entusiasmo. Lula [o NPA] negou de novo. Dilma então pediu-lhe para que aproveitasse a festa de aniversário do PT e a lançasse à reeleição. Lula [o NPA] lançou -- sem muito entusiasmo. E se por um motivo qualquer fosse obrigado a sair candidato no lugar de Dilma? A hipótese existe. [Vixe Maria!]
Sob o lema "2013 é para governar, deixemos para fazer campanha em 2014", Eduardo Campos viaja de uma ponta à outra do país fazendo campanha, e agora governa quando lhe sobra tempo. É candidato para ganhar ou perder. Contra Lula [o NPA] ou Dilma. "Não gosto de perder. Mas serei candidato até mesmo para marcar posição
se esse for o desejo do meu partido", ouvi dele há poucos dias.
Ao bancar Dilma à sua sucessão, Lula [o NPA] sacou
uma frase que passou a repetir como se fosse um mantra: "Ela é melhor
gestora do que eu". Presidente bom gestor é uma mistura de presidente bom executivo e de presidente bom político. Lula [o NPA] cercou-se de executivos razoáveis. Na política deu um show. Dilma é
uma executiva à moda antiga, que pouco ouve. E uma política sem gosto
pela política.
Em 2011, travestiu-se de faxineira ética e demitiu ministros autores de malfeitos. Ninguém perguntou por que os nomeara. No início do ano seguinte, arquivou a fantasia de faxineira quando um
dos seus ministros foi acusado de ter recebido por
consultorias que não deu [este ministro é Fernando Pimentel, ver postagem anterior]. Obrigada pela Comissão de Ética a despachar o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, desmontou a Comissão. [Ver postagem anterior sobre a relação espúria entre Dilma e Carlos Lupi.]
No último sábado, Lupi desfilou feliz pelos amplos salões do Palácio do
Planalto. Fora trocado por um neto de Brizola. Com medo de perder o PDT para Eduardo Campos, Dilma substituiu Brizola
por um serviçal aliado de Lupi. Outro partido que perdeu ministro no
rastro da faxina ética deverá ganhar um ministério em breve. Lula [o NPA] loteou seu governo no segundo mandato. Dilma loteia para assegurar o segundo mandato.
O primeiro ano do governo Dilma foi pior do que o último ano do governo
Lula. O segundo ano do governo dela foi pior do que o primeiro. O
terceiro em curso, a se ver. A inflação alta disseminou-se. A Petrobrás nunca perdeu tanto valor
(quem foi mesmo a presidente do Conselho de Administração da empresa
durante o governo Lula [o NPA]? Advinha.) - [Ver postagem anterior sobre Dilma e Petrobras.] - O Brasil estagnou no ranking do Índice
de Desenvolvimento Humano.
São 39 ministros e nenhum se destaca por ter emplacado algum projeto
notável. Mas como brilhar em um
governo cuja presidente trata assessores aos gritos, centraliza o que deve e o que não, e pede para ler com antecedência discursos
que só mais tarde ouvirá? Que boa gestora, hein, seu Lula [o NPA]?
[Quem quiser conhecer um pouco mais do perfil da nossa gestora "fake" é só ler o artigo "O mito da presidente workaholic", de Marco Antonio Villa, publicado hoje no Globo.]
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