terça-feira, 5 de novembro de 2013

Com a política externa petista capenga, regida pela NPS e dois chanceleres, o Brasil está se isolando do comércio mundial

[O Mercosul é um fracasso sob qualquer ponto de vista, mas o Brasil da visão curta e da política externa mequetrefe se apega a ele como no abraço dos afogados. Todo mundo -- até membros desse mercado comum -- está fazendo acordos bilaterais de comércio com todo mundo, exceto o Brasil, que se apega à letra morta desse tratado que diz que quem deve assinar esse tipo de acordo é o bloco como um todo. Com isso, estamos ficando à margem do comércio internacional. Criado pelo Tratado de Assunção de 1991, tendo já 22 anos portanto, o Mercosul continua de fraldas. Vejam a lista dos países com os quais ele fez tratados de livre comércio: Trinidade e Tobago, Palestina, África do Sul, Egito, Marrocos, Paquistão, Índia, Israel e Cingapura ... Recentemente, comemorava-se a adesão do Suriname a esse bloco. Isso está mais p'ra patota que p'ra bloco. A reportagem abaixo, do jornal Valor Econômico de 27/9, nos deixa ainda mais desanimados. O que estiver entre colchetes e em itálico é de minha responsabilidade.]

Um racha no Mercosul tende a se aprofundar envolvendo um acordo liderado pelos Estados Unidos para liberalização mais acelerada no comércio internacional de serviços. Agora é o Uruguai que pretende aderir ao acordo, que já conta com a participação do Paraguai [ou seja, os países menores do bloco têm mais visão e senso de oportunidade que o Brasil; falar de "racha" no Mercosul é redundância -- o bloco tem mais trincas e gretas do que um solo que não vê água há um ano].

A movimentação da China para entrar na negociação começa a estimular outros países a fazer o mesmo e deve ampliar o isolamento do Brasil nesse segmento do comércio global, que representou US$ 4 trilhões no ano passado.  A expectativa era que a decisão chinesa impulsionasse a adesão de países do Sudeste Asiático. Mas o Valor apurou que quem entrou primeiro na fila para aderir ao Trade In Services Agreement (Tisa) foi o Uruguai. Essa negociação foi lançada pelos americanos em 2012 em resposta ao impasse nas negociações globais da Rodada Doha.

As discussões no Tisa visavam inicialmente atualizar as regras existentes do Acordo de Serviços. Mas EUA e Japão recentemente submeteram as primeiras ofertas de acesso ao mercado, implicando compromissos efetivos de mais liberalização por parte dos participantes. Até recentemente, Brasil e Índia contavam com a China na resistência a essa negociação, julgando que isso diminuiria as chances para um acordo na Rodada Doha e podia enfraquecer o sistema multilateral.

A balança de serviços do Brasil tem um déficit estrutural que aumentou desde 2007. Em 2012, o déficit chegou a US$ 41,1 bilhões, com as importações tendo alcançado US$ 80,9 bilhões. O setor de serviços inclui o financeiro, telecomunicações transportes, construção, turismo, distribuição, movimento de profissionais e outros, e os parceiros reconhecem que o Brasil é relativamente aberto.

A ideia no Tisa é que os participantes se comprometam desde o início com a melhor abertura que ofereceram até agora em qualquer outro acordo, e, a partir daí, consigam ampliar as ofertas de acesso ao mercado. Com os EUA, União Europeia e proximamente a China no Tisa, isso significa que novas regras do jogo no setor de serviço serão feitas sem o Brasil. Mais tarde, a tendência é que essas regras sejam estendidas a todos os países.

Segundo negociadores, o Uruguai procurou os EUA, União Europeia Austrália para participar da negociação. O tema vai ser discutido hoje, ou na semana que vem, pelos atuais participantes, que são UE (28 países), Austrália, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Hong Kong, Islândia, Israel, Japão, Liechtenstein, México, Nova Zelândia, Noruega, Paquistão, Panamá, Paraguai, Peru, Coreia do Sul, Suíça, Taiwan e Turquia. [Cadê o Brasil?!]

O setor de serviços é um dos mais dinâmicos da economia internacional. A China quer investir no exterior mais nesse segmento.

[O problema do Brasil no Mercosul e na América Latina tem nome e endereço -- chama-se Argentina. Como os hermanitos são grandes importadores de produtos brasileiros de alto valor agregado, a lógica reinante e predominante no Itamaraty é definitivamente não criar caso com esses vizinhos, para não dar "ruído" em nosso comércio com eles. Enquanto estive na área internacional da Eletrobras, toda vez que reclamava de descumprimentos de compromissos pelos argentinos e pedia que fossem enquadrados, recebia orientação expressa do Itamaraty para "maneirar" com os hermanitos -- é bom frisar que eles fazem o jogo para nos tirar o máximo possível sem contrapartida, nós é que somos otários por não fazermos o mesmo. É a velha política de "n" dobradiças na coluna vertebral  da nossa diplomacia. Além de sermos o único país do mundo a ter dois chanceleres em exercício -- quem se der o trabalho de examinar as lambanças da nossa política externa em Honduras, Bolívia e Venezuela, por exemplo, encontrará as 20 impressões digitais de Marco Aurélio Garcia. Só que elas aparecem em ordem inversa, primeiro vêm as dos membros inferiores.

Enquanto o Brasil banca o marido fiel rodeado de Ricardões pelas costas e dentro do quarto do casal -- e se delicia com essa posição masoquista de traído manso -- outros países da região vão se juntando para formar outros blocos e outros mercados comuns, como é o caso do MILA - Mercado Interado Latino-Americano, formado inicialmente por Chile, Colômbia e Peru e já com a adesão do México. O Mila já começa dando um banho de modernidade e estratégia no Mercosul: seus membros têm liberdade de negociar individualmente com quem quiserem.

Cheguei a participar de algumas negociações muito preliminares sobre a abertura do mercado internacional de serviços. São negociações muito complexas, em que o mercado brasileiro é extremamente cobiçado. Não vai ser com isolamento e apegado a um Mercosul já emborcado que nosso país vai conseguir defender seus interesses. Enquanto damos uma de ceguetas,  a turma -- incluindo vizinhos fronteiriços nossos e "parceiros" do Mercosul-- vai se mexendo e pode começar a comer o mingau pelas beiradas. Se bobearmos, ficaremos a ver o fundo do prato, limpinho, raspado com o miolo de pão do oportunismo correto, pragmático.]












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